domingo, 21 de maio de 2017

Alguém Para Perdoar - Capítulo 19


Os olhares e a troca de palavras entre Milena e Nathan não conseguiam amenizar o clima existente entre eles. Ao contrário, a energia que parecia explodir sempre que trocavam um olhar estava a cada momento mais presente. Enquanto Maria Fernanda já jogava no celular de sua mãe, bastante sonolenta, seus pais pareciam seguir os passos de uma dança muito bem coreografada. Eles acreditavam que a menina estava alheia a tudo em sua inocência. Engano. Ela podia não ouvir, mas sentia o clima de amor que pairava entre os adultos.
Mas ia muito além do sentimento percebido pela menina. Havia desejo. Havia o mesmo tesão que os levou a ficar juntos anos antes, sem vontade alguma de pensar no amanhã. Havia, também, muita dor. A mágoa pelo abandono de um lado. A vergonha pela própria covardia de outro. Eram sentimentos demais, transbordando sem que eles dessem conta.
Durante toda a tarde juntos, Nathan teve algumas ideias para a noite. A maior parte delas envolvia uma Maria adormecida e eles bastante despertos. Nesses devaneios, Milena lhe sorria menos carrancuda que nos últimos dias e bem mais parecida com a mulher a qual ele se apaixonou. No sonho, ela largava a taça de vinho e, sedutora, se despia para ele. Surpreso e encantado com a ousadia, poderia apreciar o desenho do corpo daquela mulher e ter mais uma chance de fazê-la reviver os sentimentos que os aproximaram.
Sem o sonho se concretizar, assistiu Milena apenas bebericar de sua taça e não chegar nem próximo de seduzi-lo. Ao menos a bebida ajudou a por fim na animosidade entre eles. Ambos eram conhecedores de vinhos. Ela dominava a produção como poucas mulheres. Ele entendia do casamento entre os diferentes estilos da bebida fermentada aos mais finos sabores. A combinação desses dois conhecimentos rendia deliciosas conversas.



            - Você já deve ter provado os mais maravilhosos sabores. – Ela o provocou. Se Nathan não a conhecesse, pensaria que estava falando de um tema bem mais íntimo que o vinho. – Eu sou mais da terra, sem esse glamour.
            - Já provei alguns sim. Rótulos especiais, envelhecidos com todo o cuidado. Daqueles vinhos que você mais parece cometer um pecado ao beber e que custam muito mais do que qualquer refeição. Há muita...perfumaria nesse assunto, se é que você me entende.
            - Sim, é claro. Mas essa “perfumaria” tem tudo a ver com o seu negócio. Se não me engano, Nathan Johnson assina um livro sobre harmonização de vinhos finos com pratos refinados.
            - Bravo! É verdade...mas nem sempre o vinho mais caro, antigo ou delicado é o melhor. Às vezes o melhor sabor vem justamente da terra, do mais honesto, sem tanta artificialidade.
            - Isso me sua muito simples para um homem de paladar tão apurado.
            - Eu sei o que é bom, Milena. Sei do que gosto, do que meu corpo precisa. E sei, principalmente, aonde encontro isso. Se tiver que mudar toda a minha vida para conseguir...não parece um sacrifício tão grande.
            - Por uma garrafa de vinho? Acho exagero.

            Ela estava mais uma vez fugindo de assunto. Mas Nathan estava disposto a lhe permitir isso, até porque levá-la para a cama parecia – apesar de muito tentador – o menos complicado de seus desafios. Precisava era encontrar uma forma de reaver sua confiança. Tinha de encontrar um meio de conseguir fazê-la desejar sua presença sem a necessidade de uma relaxante taça de vinho. Queria que ela não apenas fosse até sua cama pela própria vontade incontrolável como lá permanecesse. Sair correndo impulsionada pela vergonha ou pelas dúvidas logo ao raiar do sol não era uma alternativa aceitável. Ele deu-lhe um minuto de privacidade enquanto foi acomodar Maria Fernanda na cama do quarto de hóspedes e, quando retornou à sala, puxou outro assunto.

            - Eu quero acompanhar mais de perto o tratamento médico de Maria. Andei pesquisando e hoje há alternativas muito eficazes. São raríssimos os casos em que a criança que nasce surda não recupera nenhum grau de audição.

            A mudança repentina de assunto assustou Milena. Agradou-a, por um lado. No rumo que estavam, terminaria aquela noite arrependida. Por outro lado, ver Nathan como um pai preocupado e zeloso ainda lhe era difícil. Além disso, era uma clara constatação de que agora já estava sozinha e isso apresentava uma face muito difícil de se adaptar. Era difícil ser mãe sozinha e arcar com todas as responsabilidades em solidão. Porém, ter um companheiro significava dividir decisões. E ter algumas do passado julgadas e questionadas.

            - Você acha que eu já não pesquisei tudo isso? Eu lido com isso desde que o teste da orelhinha apontou problemas, ainda na maternidade. E não é tão simples quanto parece!
            - Calma! Eu não quis dizer que é fácil nem nada do tipo, Milena. Só...quero me inteirar. Apenas isso.

            Sabendo que havia passado do ponto, Milena baixou o tom.

            - Eu sei. Desculpe.
            - Tudo bem. Eu apenas gostaria de ir às próximas consultas da minha filha. Eu faria de tudo para o bem estar de Maria. Você passou os últimos anos já fazendo isso e, agora, eu também desejo contribuir.
            - Está bem... – Milena percebeu que era hora de abrir a realidade para Nathan. - Os médicos falam que tem uma cirurgia capaz de devolver a audição de Maria, ao menos em parte. Já falar não é possível plenamente. Depende de um trabalho com fonoaudióloga.
            - Então vamos lhe oferecer a cirurgia e a fonoaudióloga! – Para Nathan, soava como algo simples.



            - Você não entende...o medo de fazê-la sofrer, de colocá-la em risco. O pavor de deixar Maria desprotegida. Nada do que diz respeito a Maria é fácil de decidir.

            Era nesses momentos que Nathan entendia as marcas que o seu abandono causou. Maria não sofreu com a falta de dinheiro. Teve alimento, roupas e todos os brinquedos que uma criança poderia sonhar. Também da falta de amor não padeceu. Afinal, os Vicentin a cercaram de todo o afeto. Mas nada conseguiu compensar a falta da segurança que ele, enquanto pai, deveria ter lhe fornecido. Era seu dever ter servido de esteio para Milena nos momentos difíceis. Sem onde amparar-se, ela permitiu-se deixar o medo crescer a ponto de endurecer o coração contra as alternativas para Maria. Tudo por amor. Tudo por pavor de também perder sua menina.

            - Acalme-se Milena...eu não disse que era fácil. Apenas...quero conhecer, saber de tudo.
            - Eu sei...eu...
            - Você está assustada com tantas mudanças e é natural. Mas não precisa. Nós vamos nos adaptar. – Com a calma que a passagem do tempo lhe ensinou a ter, Nathan espero-a se acalmar. – Quem sabe você apenas marca uma consulta com o médico de Maria nós vamos juntos. Só isso.
            - Está bem...eu marco. – Ela cedeu.
            - E enquanto isso você ficam em São Paulo. Aqui, comigo. Grande parte do seu trabalho na vinícola pode ser feito à distância.
            - É...não sei...eu... – De repente, num surto de coragem, pareceu ser o certo. – Tá...ok. Ela adora ficar aqui e...eu também.

            Não era apenas a vontade de ter Milena e a filha por perto que incomodavam Nathan e o faziam pressionar para que ela adiasse seu retorno ao Rio Grande do Sul. A situação de Milena com sua família também o levavam a crer que ela precisava de apoio naquele momento. É que por mais força que ela aparentasse, a reação dos irmãos à verdade a feriu demais. E tudo ainda estava muito mal cicatrizado. Seus pais e avós a receberiam no sul cheios de dúvidas e ele não gostaria que Milena lidasse com tudo sem a sua presença.
            As horas já haviam avançado e eles viviam a constrangedora dúvida entre querer dormirem juntos, mas temerem as consequências. Uma coisa era entregar-se à paixão num momento de furor, no qual nenhum deles estava raciocinando. Outra, bem mais comprometedora, era escolherem dormirem juntos após terem passado horas conversando. Caso acontecesse, não seria algo impensado. E eles não poderiam se esconder da responsabilidade.

            - Eu...vou...ver Maria e me ajeitar para dormir. Já está tarde. – Ela optou pela razão.
            - Claro...eu terminarei essa taça de vinho e depois me recolherei. Fique à vontade. – Ele preferiu não pressionar.

            Preocupado com o futuro e descontente, Nathan ali ficou. O restinho de vinho na taça recebeu a companhia de mais uma dose. E depois de outra mais. E quando ele ouviu o barulho do chuveiro sessar e Milena abrir a porta usando uma camisola curta e delicada, ele não resistiu.
            Ao caminhar pelo curto corredor, Milena sentia-se exposta. Mas também bastante sedutora. Mais do que correr em direção à cama que dividiria com a filha, ela desejava manter-se longe do pai dela. Conhecia bem seus desejos e o quanto a sua força de vontade podia ser fraca quando envolvia aquele homem. O corredor pareceu esticar-se ou seus passos encolheram. Quando enfim seu braço alcançou a maçaneta da porta, também sentiu uma mão quente e firme colocar-se sobre a sua e a impedi-la de abrir a porta.

            - Não incomode o sono da menina. Fique comigo nessa noite. – O convite ganhou ares de proposta. Daquelas irrecusáveis.
            - Eu...é melhor eu ficar com...
            - Não se esconda atrás de Maria, Milena. Você é mais mulher do que isso. – Nathan falou sem permitir que ela se afastasse. – Se você disser não eu vou compreender...mas eu sei qual a resposta está no seu coração.

            Com os rostos muito próximos, a resposta começou a ser oferecida sem que houvesse necessidade de palavras. Milena rendeu-se a um beijo que ali estava – pesando entre eles – há bastante tempo. Dessa vez, porém, não poderia agir para esconder-se depois atrás de mentiras. Agia sabendo o que fazia.
            O beijo passou a um amasso. Não aqueles típicos dos namorados adolescentes, rápidos e afoitos. Um amasso de quem já se conhecia, conhecia o ritmo um do outro, sabia o que agradava ou não só pela temperatura do corpo. A parede serviu de apoio e logo Milena estava desabotoando a camisa de Nathan tendo as pernas em volta de sua cintura. Uma tarefa que exigia habilidade.
            Nathan desistiu da noite de malabarismos e contorcionismos e ergueu no colo, dando alguns passos e largando-a na cama. Depois, com ela olhando-o um tanto atônita, ainda lembrou de trancar a porta. É que só assim poderiam ter uma noite íntima, sem correr o risco de Maria os surpreendê-lo no meio da transa.



            - Eu quero que a gente se assuma. – Entre beijos Nathan lhe confidenciou. – Quero te assumir como minha. Já passou da hora, Milena.
            - Não é justo me cobrar isso agora...
            - Nas outras horas você nem me deixa iniciar a frase. Eu mereço a desconfiança. Sei disso. Mas eu quero uma chance.
            - Chance para que? – No fundo, Milena já sabia o que vinha em resposta.
            - Para formar uma família com você. Uma noite, ou mais algumas, é pouco para o que eu estou sentindo, bella ragazza.
            - Não gosto quando me chama assim...lembro da noite em que me abandonou.
            - Estou te dizendo que a quero de volta, que te amo Milena, que preciso de você tanto quanto de ar ou de alimento. E que essa brincadeirinha de ser seu amigo e parceiro apenas por causa de Maria já não me basta. Amo minha filha. Mas preciso de mais. Preciso de você.

            Em choque, Milena achou que a noite de sexo havia se transformado numa “DR” daquelas complicadas. Mas mesmo com as palavras fortes,  desejo seguia entre eles. Porque estava amarrado justamente aqueles sentimentos que Nathan, enfim, externava.

            - Estou aqui, me tenha. – Ela respondeu.
            - Não é só na cama que eu quero. – Ele enfatizou enquanto começava a despi-la. A ideia era não permitir que o fogo se apagasse.
            - Eu continuarei aqui amanhã pela manhã, prometo. – Não fora a mais profunda das promessas, mas o melhor que Milena tinha a oferecer naquele instante.

            Feliz em tê-la e ainda mais satisfeito em ter lhe arrancado ao menos uma pretensão de lhe oferecer uma chance, Nathan dedicou-se a amar Milena. Em cada toque uma promessa. A cada beijo uma lembrança do passado e uma expectativa a elevar-se ao amanhã. Conforme a noite se transformava em madrugada, muitas promessas silenciosas foram feitas. Nenhum deles sabia quais seriam cumpridos. Nem estavam preocupados. Estavam interessados apenas em trocar calor humano, sem nada pensar. Dar e receber afeto, deixando as dúvidas e promessas para quando o sol nascesse.


            Quando os raios enfim entraram pela janela, despertando-os de um sono rápido e tumultuado, Milena negou-se a acordar. Nathan acordou-a aos beijos, certo de que dali em diante seria um homem comprometido. Confusa, Milena o encarava sem saber o que dizer ou fazer.

            Milena não era a única a ter conversas difíceis logo ao amanhecer. Na casa de Melissa, o dia havia nascido cheio de expectativa. E ela não entendia bem o porquê. Era um dia de semana normal. Tális deveria estar se preparando para a aula. E Rafael já deveria o estar apressando para terminar o café da manhã a fim de ambos poderem sair. No entanto, eles trocavam olhares cúmplices e sorrisos disfarçados enquanto ela fingia que não percebia.



            - Vocês irão me dizer o que se passa até o jantar ou eu terei de ver essas caras de “culpados” no dejejum de amanhã também? – Ela perguntou, desconfiada.

            Rafael gostou de saber que Melissa estava de bom humor. Não que desconfiasse da sua reação às novidades. Mas é que ela, apesar de feliz, não demoraria muito para questionar o por quê de tudo ter sido acertado sem a sua presença. Em todos esses anos de união, as poucas brigas que tiveram ocorreram quando Mel se sentiu excluída de seus problemas. Mesmo que fossem coisas de trabalho e as quais ela não tinha nenhuma interferência, ela exigia saber. Assim, costumava dizer, ao menos poderia oferecer apoio, mesmo à distância.

            - Somos culpados, assumimos. Não é Tális? – Ele começou.
            - Ei! Me tira fora dessa pai.
            - Falem...estou cansando disso.
            - Está bem...bom, serei direto. Estive com Isabely ontem. Nós tivemos uma longa conversa e, agora que ela já nos conhece melhor e eu lhe garanti que jamais tivemos o interesse de afasta-la de Marta ou de sua “família” no abrigo, ela nos aceitou.



            - Nos...aceitou? O que isso significa exatamente? – O coração começou a galopar do peito de Melissa. Ela só temia a decepção.
            - Aceitou ser nossa filha. Com algumas regras, é verdade. Mas aceitou.
            - Regras. Que regras?
            - Coisa pouca mãe...não liga.
            - Como não vou ligar, Tális. Vocês resolvem isso, sem nem me levar junto. E olha que estamos falando da vida de minha filha. E ainda querem que eu não ligue?
            - Acalme-se Mel. Eu só queria lhe poupar dessa parte. O que importa é que ela inda está tímida. E tem medo de se afastar de Marta e de seus irmãos de criação.
            - Eu jamais faria isso! – Melissa argumentou.
            - Eu sei, porque te conheço. Mas ela ainda precisa conhecer para confiar. Dê-lhe tempo. Além disso...ela afirma que não se transformará numa boneca mimada e cheia de frescuras.

            Aquela parte deixou Melissa um pouco triste. Era assim que Isa a via. Não como uma mãe dedicada, ou esposa preocupada. Ela era a boneca de luxo, bela e perfumada, porém sem muita utilidade. Era assim que o mundo a via.

            - Bom...o que me resta dizer? Vocês já acertaram tudo, não é? Quando ela chega? Posso estar presente, pelo menos?
            - Não fique assim, meu amor. Nossa filha vai começar a conhece-la aos poucos...e vai te amar exatamente como eu amo.
            - É mãe! Claro que vai!
            - Eu espero que sim... – como era de costume em Melissa, ela preferiu deixar a tristeza de lado e falar de coisas boas. – Bom...vou preparar um quarto e um guarda roupa novo pra ela. Tudo que Isabely precisar eu farei!

            Aquilo arrepiou Rafael...

            - Apenas...calma, por favor. Ela virá passar alguns dias por enquanto. A papelada definitiva demorará a sair.
            - Não se preocupem...eu me controlarei.

            Se na casa de Melissa e Rafael tudo se resolveu rapidamente, no apartamento de Nathan, Milena não facilitou tanto as coisas. Eles já concluíam o café da manhã junto de uma serelepe Maria quando ele voltou a pressioná-la. De uma forma bastante doce, porém. Lhe preparou algo que, ele jamais esqueceu, ela adorava ter no café da manhã: torrada aquecida com mel.



            - Ajudará se eu prometer nunca deixar faltar mel puro na nossa dispensa? E garantir que aqueço seu pão todo dia logo cedo? – O doce e autêntico “eu te amo” açucarou os sentimentos dela.
            - Assim é covardia. – Ela riu, mas aceitou a torrada com o doce derretido.
            - Você não viu nada. Meu próximo golpe é mandar trazer uma daquelas cucas maravilhosas que sempre têm nos cafés da manhã típicos do Rio Grande do Sul.

            Milena sorriu. Poderia ter explicado a Nathan que as cucas eram típicas dos imigrantes alemãs e não os italianos, como a sua família. Ainda assim, se calou. Afinal, o que valia era a boa intenção. E disso o coração dele parecia estar cheio. Ela resolveu que não queria mais fugir daquele amor que já crescia novamente em seu peito.

            - Eu quero...quero a torrada, o meu...e também quero você. – Milena, enfim, disse o que Nathan queria ouvir.

            Uma Maria Fernanda sorridente assistiu seus pais trocarem um beijo bem mais modesto que os da noite anterior. Feliz, a menina aproveitou a distração dos adultos para pegar uma das torradas para si. Milena não era a única a gostar daquele café da manhã.
O amor seguiu manhã adentro. O mais familiar dos cafés da manhã que Milena poderia oferecer à Maria e o mais feliz que ela poderia ter. Tudo desmoronou, porém, quando o telefone celular começou a tocar. No visor o número de Jonas. Elas se preparou para mais uma briga com o irmão a respeito de sua vida particular e se preparou para, armada, revidar qualquer acusação. Mas era, na realidade, muito pior.

            - Milena...eu...estou ligando porque...é o vovô.
            - O que aconteceu? – Tudo desmoronou. E qualquer outra desavença pareceu mesquinha e sem importância. – O que há com o nono?
            - Mamãe me ligou agora...ele piorou. Estão pedindo que nós três embarcarmos o quanto antes. Eu e Lorenzo vamos no voo do meio dia. Milena...você está bem? Está me ouvindo?
            - Sim. Eu...vou, claro que nós vamos também. Nós vemos...

            Não havia mais nada a dizer. E quando Milena desligou o telefone, viu Nathan com o notebook aberto. Na tela, o site de uma companhia aérea. Não estar só tinha suas vantagens.