quinta-feira, 13 de abril de 2017

Alguém Para Perdoar - capítulo 18


            Os escritórios da JRJ nunca pareceram a Márcia tão sufocantes. Ela olhava para os documentos que precisava assinar, mas não conseguia encontrar concentração. Tinha de preparar uma apresentação para reunião com Jonas e Rafael e a inspiração não chegava. Até mesmo o café delicioso que sempre recebia na sala, naquela tarde, pareceu frio e sem sabor. O mundo parecia estar fora do eixo.
            Talvez fosse tudo culpa dela. Provavelmente era culpa dela. Mal saíra de um divórcio espinhento e ali estava, permitindo-se um envolvimento com ninguém menos que seu advogado. E um homem acostumado a dormir com uma mulher a cada noite, incapaz de manter-se fiel. Ela não podia estar pensando bem. Fechando o relatório, desistiu de ler o documento e resolveu sair da sala para espairecer. Não esperava, porém, encontrar Raul e sua secretária numa argumentação árdua. A garota insistia que ela dera ordem para não ser incomodada. Mas Raul sabia insistir.



            - Tudo bem. – Falou à secretária, tentando evitar um clima ruim nos corredores da empresa. – Entre Raul. Eu ia fazer um intervalo mesmo.

            Quando fechou a porta, porém, seu sorriso educado deu espaço a uma expressão dura. Bem lá no íntimo, Márcia reconhecia que vê-lo lhe fazia muito bem. Mas esse reconhecimento ficaria bem guardado dentro dela, por mais que isso lhe doesse o peito. Ela acreditava ser melhor sofrer agora que chorar no futuro por infinitas traições. E a vida já havia lhe ensinado como aquelas coisas funcionavam.

            - O que você quer?
            - Você tem que melhor a sua receptividade aos visitantes, querida Márcia. – Apesar da acolhida pouco simpática, Raul não se ressentiu. Na verdade, aquele jeito um tanto xucro de Márcia só fazia atraí-lo um pouco mais. Ainda mais agora que a conhecia na intimidade, por baixo dessa couraça tão falsa quanto aparentemente impenetrável. – Vim te ver. É tão difícil assim de acreditar?
            - Eu acredito, sem grandes dificuldades. Afinal, não é a primeira visita imprópria que me faz.
            - Imprópria? – Com um sorriso provocador nos lábios, Raul aproximou-se de Márcia até ficar cara a cara, afastar os cachos de seus cabelos e poder falar ao seu ouvido. – Eu acho que a visita foi bastante gostosa. Você tem alguma reclamação?

            Quando Márcia percebeu já estava encostada à sua mesa de trabalho, com Raul encaixado às suas pernas e a boca provando de seu pescoço. A sensação era tão gostosa que apenas a ideia de afasta-lo já doía demais. A sensatez lhe lembrava que a porta do escritório estava aberta e poderiam ser pegos naquela situação indecorosa. Mas seu corpo, traidor, lembrava-se do prazer oferecido por Raul e já estava desejoso por mais. Quando ele pousou uma de suas mãos na curva farta de seu quadril e desceu beijos pela linha de seu decote, alcançando o vale entre os seios, ela esqueceu os temores.

            - Não estou ouvindo reclamações. – Ele ainda a provocou.
            - Você sabe que mexe comigo. Não precisa fazer isso para provar nada. – Márcia respondeu, com a voz tremida e o corpo aquecido pela paixão.
            - Não precisa se envergonhar disso. – Ele agora colava-se ao corpo dela e mostrava o quanto seu corpo também ansiava por repetir o encontro anterior. – Eu quero o mesmo que você.



            Agindo feito adolescentes afoitos, apesar da idade e das responsabilidade, eles se entregaram ao beijo. Não algo roubado, nem discreto. Nada de selinho rápido. Um encontro apaixonado, digno de lhes tirar o fôlego. Márcia queria abraçá-lo com braços, pernas e todos os tentáculos mais que seu corpo permitisse. Raul sentia que estava indo demais e que, quando o furor passasse, ela iria culpado pela explosão sexual dentro do ambiente de trabalho. Mas ele também sentia o corpo reclamar por mais e chegar a doer, aprisionado dentro das roupas.
            Afoitos como estavam, a porta tornou-se a última preocupação. Minutos se passaram. Márcia não percebeu. E o horário marcado para encontrar-se com Jonas e Rafael chegou e foi embora sem que ela se desse conta. Ela sequer viu o celular vibrar. A executiva compenetrada dava lugar à amante apaixonada. Sem saberem o que acontecia e sem compreender o atraso, os sócios foram à sala da colega. Ela jamais se atrasava. Algo devia estar ocorrendo. E quando ouviram da secretária que Márcia e seu advogado estavam há mais de meia hora na sala dela, estranharam.

            - Será que devemos ir socorrer o rapaz? Invocada como ela é, acho que seria melhor. – Jonas brincou, passando pela secretária e indo em direção à porta.
            - Ela deve estar discutindo alguma ação pessoal importante e não pode nos atender. Melhor não atrapalhar. – Rafael disse.



            Era tarde demais. Após uma rápida batida na porta, Jonas abriu-a e deparou-se com uma nova versão de Márcia. A executiva, fria e durona, era pega num quem amasso com seu representante legal. A camisa social que chegara ao escritório impecável, agora tinha botões abertos e estava bastante amassada. E o penteado já vira melhores momentos.
            Quando Márcia enfim viu os sócios olhando a cena pouco apropriada, empurrou Raul e tratou de descer da mesa e ajeitar a roupa. Envergonhada, com raiva e disposta a qualquer coisa para livrar-se daquele constrangimento, ela se desculpou.

            - Eu...eu... sei que isso é inaceitável e.... – Começou enquanto via Raul ajustar a calça após recolocar a camisa.
            - Relaxe, Márcia. – Rafael minimizou o ocorrido enquanto Jonas só fazia rir da situação. Ele e Melissa já tinham feito coisas assim. E ele duvidava que algumas das visitas de Emily à construtora não tivessem tido objetivos semelhantes. Não era um pecado imperdoável, pelo menos na visão deles.

            Mas era constrangedor. E surpreendente. Sobretudo pela cena ser protagonizada por alguém tão cheia de regras quanto Márcia. Aquele advogado tinha mexido com ela de uma forma como ninguém esperava. Os sócios saíram, sabendo que o estranho casal, que agora se encarava de forma estranha precisava de privacidade.

            - A gente faz a reunião mais tarde, Márcia. Estaremos em minha sala. – Rafael saiu, levando com ele Jonas e toda aquela péssima sensação de invadir a vida alheia. - Não queríamos atrapalhar vocês desculpa.

            Como Raul já esperava, Márcia não demorou a culpá-lo pelo que ocorrera. E dessa vez ele reconhecia estar errado ou, no mínimo, ter passado do ponto. O que ocorrera ali seria o mesmo que serem pegos transando em pleno tribunal, à frente de um juiz e com uma plateia. Foi invasivo e deselegante para aquela mulher, uma dama que merecia mais respeito. Por isso, dessa vez ele não revidou seus questionamentos.

            - Está vendo o que você fez? O que vão pensar de mim agora? Vá embora, antes que eu te mate! – Ela gritou, indo para o banheiro anexo à sala para molhar e ajeitar os cabelos.
            - Está bem...você está certa. Desculpe-me. – Disse e saiu, caminhando.

            Márcia foi pega de surpresa. Fechou a torneira e voltou ao escritório.

            - Você vai sair assim, sem revidar, sem dizer que eu tive culpa, que poderia tê-lo freado se realmente quisesse e...
            - Não. Você sabe tudo isso. E, dessa vez você está certa em ficar furiosa comigo. Você...merecia mais respeito que isso. Não tenho como me desculpar...apenas posso dizer que não consegui me segurar porque...porque te quero, simples assim. É melhor eu ir embora e parar de atrapalhar p seu dia. – Aquele fora o mais sincero Raul que Márcia já tinha encontrado.
             - Espera! Ok, vá embora...mas espero você hoje para jantar lá em casa. – E aquele convite era a confirmação do que já não adiantava negar. - Precisamos conversar sobre tudo que está acontecendo entre a gente. E retomar seu caso de guarda.
            - A guarda, claro. – Raul já exibia um largo sorriso. – Eu estarei lá às 21hs, hoje à noite. - Até mais tarde, meu bem. - E antes de sair ainda roubou  um beijo dela que, feito menina, empurrou-o porta afora enquanto, na verdade, o que desejava era um repeteco do amasso de minutos atrás.



            Enquanto isso, Jonas e Rafael tentavam adiantar os assuntos que podiam ser resolvidos sem Márcia. O assunto, porém, não podia ser outro. Ao voltarem para sala de Rafael, eles riam da situação e lembravam de coisas parecidas, vividas décadas atrás, quando estavam na faculdade. A diferença estava na idade dos envolvidos.

            - Quem diria, aquela mulher durona, toda certinha, dando uns pegas, aqui no local de trabalho. As coisas mudam! – Jonas não cansava de achar graça no que presenciara.
            - Melhor essa Márcia que a certinha. Não acha? – Rafael argumentou.
            - Sem dúvidas, meu amigo. – Jonas voltou ao estilo normal e retomou a postura de executivo. - Agora vamos esperar ela para falar da nova obra, discutir os planos de custos e...

            Com uma batida bem menos discreta à porta, Márcia anunciou sua chegada. Estava recomposta, novamente bem vestida e até seu tom de pele havia voltado ao normal. Ninguém diria ser a mesma mulher. Mas ela não tentou ignorar o que aconteceu.

            - Se um de vocês falar alguma coisa sobre o que viram, nem queiram saber o que faço. Fui clara? – Era a velha Márcia de volta. Rafael e Jonas só conseguiram rir feito meninos.
            - Opa! Não queremos saber. – Rafael não resistiu à piada. - Nossas esposas não iriam gostar.
            - Dá para parar de graça? E vamos começar logo a trabalhar.

            Porém, foram interrompidos pelo celular de Rafael, que atentou a ligação. A fala foi breve, mas ele pareceu estar preocupado e assim que desligou parecia outro homem, pouco aberto a brincadeiras.

            - Peço desculpas, mas terei de sair para um compromisso pessoal.



            O compromisso de Rafael era mais do que simplesmente pessoal. Era algo familiar, ou assim ele esperava. Quem lhe telefonou foi Marta. E quando ela ligava era por algo bastante importante. Aquela senhora tinha a imensa responsabilidade de zelar pela criança que ele, Mel e Tális queriam em sua família. Por isso, a ligação dela seria sempre uma prioridade.
            Dessa vez, o que ela precisava não podia ser resolvido numa ligação rápida. Marta pediu que ele fosse ao abrigo para conversarem sobre as inseguranças de Isabely. Além disso, ela pediu que ele fosse sozinho. Afinal, por mais bem intencionada que Melissa fosse, ansiosa como estava, ela poderia atrapalhar a menina.
            Ao chegar ao local e discretamente se encaminhar ao escritório de Marta, Rafael soube que seu filho ali estava também, no pátio, conversando com Isa. Pediu que eles não fossem avisados de sua visita. Melhor resolver os assuntos de adultos enquanto eles se divertiam. Cada vez mais ele se sentia feliz em saber que o filho acolhia tão bem aquela menina.
            Marta começou a conversa lhe relatando o que ocorria com Isabely, suas angustias e medos, tão típicos daquela fase da vida. No caso dela, porém, eles eram exacerbados pelas tristezas vividas. E superar não era uma tarefa simples. Isa precisava de uma família. Mas também precisava de uma rotina estável. E tê-los como pais significava abrir mão daquela rotina.

            - Ela tem medo de deixar as outras crianças do abrigo. Por isso, sempre que uma possível família adotiva se aproxima, ela foge. Isabely tem medo de perder o único lar de verdade que já conheceu e, depois, descobrir que a família é como a sua biológica ou as quais passou depois. – Marta relatou. – E tudo isso está fazendo muito mal para a cabecinha dela.
            - Eu entendo o que me diz, Marta. Mas não sei como resolver isso de imediato. Essa confiança só virá com tempo. – Rafael argumentou.
            - Eu sei, querido. Mas como mãe de tantos, que sempre serei, tenho meus temores. Preciso me certificar de que realmente cuidarão dela.
            - O que preciso fazer para que confie em minha palavra? Não estou brincando aqui, Marta. – Rafael estava quase ofendido com a desconfiança. Jamais brincaria com os sentimentos da criança.
            - Apenas peço que pense bem. – Marta temia a reação de Rafael, mas precisava ser direta. – Veja, eu conheço Isa. Sei que ela pode ser muito difícil, sobretudo quando quer afastar uma família...ela exige firmeza e amor na medida certa. E a tendência das famílias é não aguentar essa pressão. O resultado é mais sofrimento pra ela. Isa não suportaria outro abandono.
            - Ela não será abandonada. Agora sou em quem pede, Marta. Confie na minha palavra. Eu quero ser um pai de verdade para Isabely. Quero amá-la e educá-la. Melissa a quer. Tális a quer. Não vamos desistir, independente da dificuldade.

            O coração de Marta acreditou naquela afirmação tão segura. Estava segura de aquele era sim o melhor caminho para sua menina e que, quando as dificuldades chegassem – elas viriam, sem dúvida – aquela família saberia enfrenta-las.

            - Ótimo. Era tudo o que eu desejava ouvir. – Marta festejou. – E então, se é assim, penso que não temos porque esperar mais. Vamos entrar com o pedido de família acolhedora. O senhor concorda?
            - É claro! E tenho certeza que minha esposa também concorda. – Já que era assim, ele teve uma ideia. – Então, será que esse final de semana a Isa pode ir lá pra casa?
            - Vou falar com ela e providenciar a papelada.
            - Ótimo. Enquanto isso, acho que vou ao pátio ver as crianças.

            Crianças talvez não fosse o melhor termo. Tális conversava com Isa sobre os novos jogos de vídeo game que comprou. Depois falaram da escola. E continuaram trocando ideias sobre suas bandas favoritas. Eles estavam naquela fase de transição em que não se tinha maturidade o bastante para ser adulto, nem se desejava permanecer criança.
            Rafael passou alguns minutos observando-os e, só se aproximou quando viu o filho atender ao pedido de algumas crianças mais jovens e se afastar de Isabely para jogar futebol com as crianças. Passo a passo, com quem se aproxima de um velho amigo. A diferença é que, em geral, as reações de velhos amigos podiam ser esperadas. Já as de Isa eram sempre surpreendentes.

            - Posso me sentar aqui com você? – Começou perguntando.



            - Claro. Seu filho tá ali.
            - Eu vi. Quero conversar com você mesmo. – Rafael disse e ficou observando a menina. Ela não fugiu do seu olhar. Tinha fibra, queria enfrenta-lo. E nisso se parecia muito com Melissa. – Isa, quero lhe fazer uma pergunta e desejo que você seja sincera.
            - Tá legal. Pergunta o que quer saber.
            - Você gostaria de ir lá pra casa? – Tomando fôlego, como um adolescente afoito, ele falou num sopro só. – Não me refiro a visitas, nem a finais de semana esporádicos, mas em morar, de verdade, todos os dias. Nós seremos seus pais e você pode vir aqui quando quiser, para visitar.
            - Meus pais?
            - Seremos a sua segunda família... você pode vir aqui quando quiser. Basta pedir, nos avisar apenas. Não precisa fugir. Você é livre para fazer o que quiser. Aceita?

            Um silêncio pairou no ar. Pareceu bem mais longo a ambos do que realmente foi. Nessa hora, Tális vê seu pai e mesmo de longe percebe o clima pesado entre eles. Por um momento achou que estivessem brigando, mas, quando se aproximou e ouviu o que falavam, não resistiu a intervir.

            - Fala! Vai Isa! Aceita. – Ele gritou para a amiga, soando como quem brigava com uma irmã. – Aceita logo Isa!
            - Não a pressione Tális. – Rafael corrigiu o filho. - Essa é uma decisão difícil, que deve ser tomada por Isabely, sem pressões. Só cabe a ela.
            - Tá bem. – O menino aceitou, um tanto amuado.
            - O que me diz? – Rafael voltou a perguntar. - Você não irá agora comigo, porque precisamos da autorização do juiz, mas no final de semana você já poderá ficar conosco. Aceita?

            Isabely ainda não estava segura para responder. Por um lado queria ir. Mas uma parte sua também desejava ficar. E essa insegurança a angustiava. Se fosse poderia perder Marta e todos os que ali estavam. Se ficasse iria magoar Tális e deixar de viver algo que, caso fosse sincera, reconheceria o quanto lhe faria falta.

            - Aceito sim...eu vou pra casa de vocês. – Ela enfim respondeu. - Mas as condições são as mesmas que já conversamos hem...não vou ser a filhinha boboca de vocês. Marta vai sempre ser a minha mãe...eu só vou passar mais tempo com vocês. Tenho casa!
            - Ok...a gente pode aceitar as suas condições. – Rafael respondeu, abraçando a nova filha e sorrindo para Tális.

            Uma família estava nascendo. E tudo o que ele queria era correr para casa para contar a Melissa tudo o que acontecera. Afinal, cada passo dado por ele era realizado pela felicidade de Mel. E fora ela quem primeiro enxergou aquela família com mais uma integrante.


...
            Em outro ponto de São Paulo, num apartamento bem mais fino e bem mobiliado, outra família era formada. Com muito jornal espalhado pelo chão. Tintas alcançando bem mais que paredes. Roupas remangadas. Muita sujeira. E sorrisos sem fim. Assim estavam Milena, Nathan e Maria Fernanda. A pequena estava realizada junto de seus pais.
            Quando o quarto de Maria no apartamento de seu pai enfim ficou pronto, Nathan percebeu o quão feliz foi aquela tarde junto da família. E, também, como aquela noite avizinhava-se triste após elas irem embora. Talvez essa sensação de vazio dentro do peito fosse o que seus amigos da juventude comentavam após encontrar a mulher de suas vidas. Quando ele, solteiro, queria sair e eles não, os comprometidos afirmavam sentir a falta delas em cada minuto longe das amadas. Naquela época ele não entendia. Hoje sim.



            - Vocês podem tomar banho aqui enquanto eu preparo o jantar. – Ele já tinha lhes dito para dormirem ali, mas Milena negou sem lhe dar nenhuma possibilidade de argumentação.
            - Não temos roupas. – Foi a melhor desculpa que Milena conseguiu dar.
            - Emprestar uma camisa para você não é problema. E tenho certeza que podemos encontrar um jeito de agasalhar Maria. Ou prefere ir para o hotel suja desse jeito?
            - Está bem. Mas é só um banho e depois jantar nós iremos embora.

            Não nos planos de Nathan. Mas por enquanto ele se sentiu satisfeito com a batalha ganha e preferiu não responder.

            - Podem usar o meu banheiro. Lá tem o que vocês precisam. Vou pegar algumas roupas. – Nathan então resolveu provocar. – Também vai querer uma cueca?
            - Pode ser. – Um tanto vermelha, Milena entrou na brincadeira.



            Quando voltaram, Milena e Maria encontraram uma mesa posta. No ar o aroma do jantar aumentava a fome de todos. Ao olhar pai e filha juntos, Milena reconheceu que dificilmente iriam embora naquela noite. Primeiro porque Maria dava sinais de que logo adormeceria. E também porque eles queriam a companhia um do outro. E ela nisso tudo? Era essa a preocupação de Milena. Porque a relação de Maria Fernando e Nathan parecia a cada dia mais forte e clara do que nunca. Difícil era entender a relação dos adultos.

            - Está muito gostoso o jantar. Obrigada. – A educação nesse caso era quase como um muro, correto, porém frio.
            - Não precisa agradecer. Só estou alimentando minha família.
            - Nathan...
            - Não adianta reclamar porque falei a verdade, Milena.


Seria uma noite longa...                                                                         

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