sábado, 28 de maio de 2016

Ariella - Capítulo 12


Quando finalmente ficaram cara a cara, Dulce ignorou Diego completamente. Entrou na residência após ter a porta aberta por uma senhora muito sorridente.  O único sorriso que viu entre os funcionários. Os homens armados da portaria não pareciam nada simpáticos. Ela sentiu-se entrando numa prisão e aquilo não lhe agradou. Por isso, assim que Diego postou-se à sua frente, deu-lhe um aviso.

            - Ao contrário da minha amiga, eu avisei a todos na Argentina que vinha a Madri conhecer o conde Diego Bueno. Se eu desaparecer, conde de araque, você é o primeiro suspeito. – A chegada de Dulce não foi nada amigável.
            - Você tem um grande senso de humor, Dulce. Mas de que poderia me acusar além de desejar casar e viver ao lado de meu grande amor o mais rápido que possível?
            - Você se surpreenderia no quanto eu consigo ser criativa para elencar seus crimes, Diego. Mas por agora quero falar com minha amiga. – Ela abraçou Ariella por longo tempo. – O que esse doido fez com você? Pode me contar, não tenha medo.

            Ariella encontrava-se numa grande dúvida. Queria falar com Dulce, relatar à amiga o que vinha passando e através dela conseguir sua liberdade. Mas muitas coisas a faziam ficar de boca calada. A segurança de Dulce, a situação de seu pai, a melhora no relacionamento com Diego e, caso fosse sincera, a ideia de ver Diego preso por sequestro não a agradava. Ele não é um bandido, apenas um homem a quem faltou carinho durante toda a vida.

            - Acalme-se Dulce. Não...não é nada do que você está pensando. – Ariella começou a tentar enganar a amiga.
            - Nem tente! Eu não sei qual a ameaça que esse imbecil te fez, mas acredite em mim! É tudo mentira. Ele não pode te manter aqui. Nem ele nem aqueles brutamontes que estão no portão. São todos criminosos que te sequestraram! E vão presos se nós sairmos daqui direto para a polícia.
            - Não! Ninguém vai à polícia...eu me casei e...e escolhi viver aqui. Ninguém me prende aqui. Eu amo a Espanha, é linda. Conheci lugares fantásticos e Diego me trata muito bem.






            Nada daquilo convenceu Dulce. Mas lhe mostrou que seria necessário ser ainda mais astuta para entender o que acontecia naquela casa. Diego a olhou com desafio nos olhos. Definitivamente, não parecia um homem constrangido pelo comportamento da amiga paranóica de sua apaixonada esposa. Ele estava terrivelmente aliviado porque Ariella fez o que ele obrigou. Ela via Ariella tremer como só fazia ao mentir.

            - É mesmo Ariella? Você está feliz?
            - Como jamais fui em toda a vida. – Ariella respondeu e voltou a tremer o lábio.
            - Pois bem. Agora que o drama está esclarecido, vamos ao jantar. – Diego disse.

            O dono da casa pediu que Olívia avisasse Murilo que o jantar já seria servido e que, logo após o amigo chegar, poderia servir. Aos de fora podia soar estranho, mas na casa todos estavam habituados a Murilo utilizar as dependências como se não fosse o filho dos empregados. Havia uma relação muito antiga entre eles e por isso Olívia não se importava do filho estar sempre junto de Diego. Era comum eles jantarem juntos para discutirem negócios. Hoje o assunto era outro e não a agradou. A visitante não parecia estar com disposição para festas.

            - O bonitinho veio fazer parte do show de horrores. – Dulce provocou. – Que animado. Você mora aqui também? Nessa casa feliz onde o casal de eternos enamorados vive de forma tão perfeita?
            - Dulce...por favor! – Ariella repreendeu-a quando já tinham refratários fumegantes à mesa.
            - Por favor digo eu, Ariella! Estamos no século 21! Em pleno 2005 uma mulher não some após casar! Existe telefone celular, existem redes socias! O seu Orkut não foi atualizado desde que você saiu da Argentina. Não tente me convencer de que está tudo bem por aqui. Mas vamos jantar e fingir que estamos no paraíso, se isso te agrada.

            O jantar seguiu tranquilamente, mas Diego já sabia que Dulce não seria enganada. Ela estava como uma fera contida, pronta para abocanhar a mão de quem fosse lhe alimentar. Murilo tentou puxar conversa, agradá-la, mas na hora do licor ela já estava soltando as garras novamente.

            - Traga seu computador, Ariella. Quero olhar as fotos de seus passeios por Madri. Achei muito estranho que um conde tenha se casado e a mídia não publique fotos suas. Porque o segredo? Ou não tem saído de casa muito? – Rápida de pensamento, Dulce estava unindo os pontos certos e preocupando Diego.
            - Sou um homem muito discreto, Dulce. Isso não é crime.
            - Claro. Mas cárcere privado é. E Ariella jamais foi uma mulher discreta. Lembro quando ela ganhou uma câmera digital, lançamento do momento, saiu fazendo fotos por todos os lados. Se ela está passeando, tem fotos. E quero saber por que ela não as envia aos amigos.

            Ariella não fazia fotos durante os poucos passeios que fez. E mesmo que tivesse feito alguns registros, não serviriam para enganar Dulce porque seriam fotos onde Diego não apareceria. Além disso, ela não tinha um computador para poder mostrar qualquer foto.

            - Eu não tenho...
            - Já basta disso, Dulce. – Diego cortou a conversa antes que Ariella inventasse uma desculpa. - Você já viu que Ariella não está amarrada a um calabouço. Ela é minha esposa e está feliz aqui. Agora basta desse interrogatório. E, caso não se importe, eu e minha esposa gostaríamos que você fosse embora.



            Dulce foi embora avisando que voltaria, que nada naquela noite fora eficiente para convencê-la de que estava diante de um casal feliz e normal.

            - Eu não sei o que ele te fez, mas saiba que estarei sempre ao seu lado. – Disse a Ariella ao abraçá-la forte e passar pela porta. – Tchau conde! Até minha próxima visita. Descobri que amo Madri, virei vê-los novamente muito em breve.



            Ariella deitou-se na cama muito triste naquela noite. Deu às costas para Diego sem vontade de conversar, nem de olhá-lo. O marido a estava afastando dos amigos e fez mentir para aquela que sempre esteve ao seu lado, pela vida toda. Lágrimas silenciosas correram por seu rosto e despertaram a preocupação de Diego.

            - Porque o choro? Acabou. Sua amiga entendeu que não conseguirá nos afastar. Eu fiquei muito feliz com a sua prova de lealdade hoje e...
            - Então curta a sua felicidade! Que é só o que te importa! Porque eu continuo sofrendo. E se afaste e me deixe dormir.
            - Não gosto de ver você sofrer assim. – Nisso ele era sincero.
            - Pois então não devia fazer o que faz. Porque tudo o que você faz me torna infeliz.

            Certo de que aquela tristeza passaria, Diego deixou Ariella dormir sozinha naquela noite e foi para um dos quartos de hospedes da casa. Não conseguia vê-la naquele estado. Não depois de ter observado a luz de seus olhos quando estava feliz. Porque por mais que negasse, ele sabia que a fez feliz em ao menos alguns momentos naquela casa. Com o passar dos dias ela esqueceria a visita da amiga e eles conseguiriam retomar a vida. Ele acreditava nisso.
            E estava correto. Alguns dias depois, ele e Ariella voltaram a ter uma relação tranquila e sem sobressaltos. Para seguir enganando e acalmando Dulce, foram juntos a um dos mais conhecidos pontos turísticos de Madri e enviaram uma foto à amiga através do Orkut. Talvez assim ela parace de investigar tudo e todos.

            - Satisfeita? – Diego lhe perguntou ao pegar de volta o seu notebook após ela realizar a postagem.
            - Nenhum pouco. Está me obrigando a mentir para minha melhor amiga.
            - Esse papel de ‘maria sofredora’ não combina com você, mí sol, sua amiga não tem o direito de se meter em nossas vidas e você sabe. – Com isso ele encerrou o assunto que costumava entristecer Ariella e irritá-lo.



            Nunca mais brigaram por aquela razão. E ainda assim ele se sentia culpado por cada olhar triste que Ariella lhe endereçava. Nada, porém, o fez mudar de planos. Nem mesmo a ligação de Anita, sua avó, e única familiar viva. Anita, certamente provocada por Olívia, ligou para saber o que havia de errado com seu único neto. Estava preocupada e até chorosa.

            - Como você se casa e eu não fico sabendo? Quem é a moça? Não me diga que casou porque serei bisavó em breve? – Ela o questionou.
            - Ainda não, vovó. Mas eu espero quem muito em breve Ariella esteja grávida sim.
            - Eu quero conhecê-la! – A animação na voz da idosa não denunciava sua apreensão. Olívia tinha lhe contado mais do que ela revelou ao neto. – Acho que vou nesse final de semana.
            - Não! Melhor não vovó. Nós vamos viajar. Eu ligo avisando quando for conveniente.
            - Se você prefere assim, meu neto, tudo bem. Mas veja se não faz nada que vá se arrepender por toda a vida. Eu estou lhe achando muito estranho...muito nervoso. Está me escondendo algo?
            - Não vovó. Claro que não. Eu apenas...tenho de desligar.

            O que Diego não sabia é que Dulce estava muito longe de desistir e voltar para a Argentina sem deixar nenhum rastro por Madri. Ela havia sim embarcado, mas não sem levar o número de telefone de Murilo. E uma promessa sua de que, caso algo grave ocorresse, seria avisada de que sua amiga não estava tão bem quanto todos queriam que ela acreditasse.

            - Não sei porque, bonitinho, mas acho que você é gente boa. É leal ao Diego...mas não tanto para ajudá-lo a ferir Ariella. Prometa que me telefonará se ela precisar de mim. – Ela lhe pediu no momento em que embarcou. Fora ele a levá-la ao aeroporto.
            - Eu prometo. – Murilo respondeu sendo totalmente sincero.

            Agora eles se falavam quase diariamente e Diego não fazia ideia disso. Murilo não pretendia trair ou prejudicar seu amigo, mas concordava com Dulce em algumas coisas. Ele sabia bem a diferença entre o certo e o errado. E Diego estava flertando com o crime há tempo demais. Tanto que eles vinham conversando muito e ele começava a achar que o amigo logo perceberia que devolver Ariella à liberdade era o único caminho.

            - Não sei se consigo viver longe dela agora. – Diego lhe confidenciou.
            - Não pode mantê-la preza Diego. Nem...ter um relacionamento normal enquanto estiver ameaçando o pai de Ariella. Se realmente quiser manter com ela uma família, terá de esquecer essa vingança, devolver Ariella para a sua vida real e ver se ela quer ficar ao seu lado.
            - Ela iria embora na primeira oportunidade.
            - E viver assim, com ela trancada em casa, lhe agrada? – Murilo pressionou.
            - Agrada mais do que viver sozinho.
            - Você sabe que não pode continuar com isso. – Mas a conversa já estava além do que a amizade lhe pretendia. – Você não tem mais como esperar para viajar. Precisa ir a Tóquio. É urgente Diego. Se não der atenção ao oriente, vai perder muito dinheiro.
            - Está bem, eu irei. Estou precisando passar uns dias longe disso tudo mesmo, me dedicando à empresa.
            - Você embarca amanhã então?
            - Pode ser. Melhor resolver isso logo. – Mas lá no fundo, a ideia não lhe agradava.

            Despedir-se de Ariella na manhã seguinte não foi fácil. Mesmo entre muitas brigas, eles se habituaram a viver juntos naqueles quase dois meses de casamento. E quando ela o viu colocando roupas na mala, entristeceu-se. Ariella não gostou nada de saber que o marido ficaria uma semana fora do país. A notícia de que Ítalo o acompanharia também era negativa. Sinal de que Pablo ficaria livre pela casa para assediá-la.

            - Quero ir com você. – Ela pediu.
            - Não fale bobagens, seu lugar é aqui.
            - Se sou realmente a sua mulher, meu lugar é ao seu lado. Porque não posso ir junto?
            - Porque não. – Diego não esperava sentir-se tão nervoso naquele momento. – Faremos um acordo então. Vamos usar esse tempo para pensarmos. Quem sabe quando eu voltar você não já não entendeu que pode ser feliz comigo se cortar definitivamente os laços com seu pai?
            - Meu pai não irá pagar para me ter de volta, será que você não entendeu isso? Ele não me quer, Diego. E nem eu cairia nisso. Não cairei na sua chantagem Diego, não importa quão bom na cama você seja. E isso vale para lhe entregar um filho e ir embora daqui. Jamais!
            - Sinal que você não merece benesses de minha parte. Fique sozinha aqui para pensar melhor. Avisarei a Pablo que não haverão passeios nessa semana. Você está precisando de um tempo aqui para pensar no que faz.



            Com um beijo Diego saiu deixando para trás uma Ariella entristecida, magoada e revoltada. Uma combinação perigosa. E ele sabia disso. Já no voo até Tóquio esteve nervoso. Ítalo tentou o tempo todo acalmá-lo, mas ele parecia arrepender-se da viagem. Deveria ter ficado na Espanha e garantido que Ariella não faria nenhuma loucura.
O tempo em Tóquio estava nublado e seu humor terrível. No primeiro dia que lá passou, teve várias reuniões onde a maior parte do tempo esteve sem concentração.  Ligava a todo instante para Olívia e recebia sempre a mesma resposta um tanto mal humorada:

-A menina Ariella está bem. Passa muito tempo na piscina já que está atada a esse lugar feito uma prisioneira! – Respondia a empregada.

Não havia conseguido falar com Ariella mais do que alguns minutos e ela sempre lhe pareceu triste e fria do outro lado da linha. E desde quando a tristeza de Ariella o incomodava? Droga! Enfim, não era hora de se preocupar, mas sim de terminar seus negócios rapidamente e voltar para casa. Já tinha comunicado a todos uma mudança de planos. O que eram sete dias viraram quatro. Em dois dias pretendia estar em Madri novamente. Algo lhe dizia que precisa voltar logo, que sua falta era mais sentida do que deveria.

- Porque esse desespero todo, garoto? Se ela estivesse com algo de errado, Olívia teria dito. Está tudo bem.
- Eu sei. Mas ela ao telefone estava estranha. Prefiro Ariella com raiva do que passiva. – Ele reconheceu ao amigo.
- Ela está presa em casa. É natural sua insatisfação. – Ítalo lembrou ao patrão. – Se quer uma esposa que se comporte normalmente, mantenha uma relação normal com ela.
- Eu sei. Todos me repetem isso. E eu...acho que...talvez estejam certos. Talvez eu...precise...talvez eu consiga lhe dar a liberdade. Estou pensando nisso. Mas não sei se consigo. Não sei.

Ariella estava ferida. Magoada com o comportamento de Diego. Enganou-se naqueles dias, pensou que ao menos um pouco ele havia mudado. Tudo um engano. Ela agora percebia que jamais deixaria de ser um fantoche que ele usava em sua vingança não importava o que vivesse.
Decidida a ir embora, ela passou aqueles dois dias reclusa em seu quarto e negando-se a falar com ele. Quando conversaram, não disse mais do que dez palavras antes de desligar. Só pensava em uma coisa: descobrir uma forma de fugir antes de Diego retornar. Mas como? Por ter conseguido evitar brigas nas últimas semanas conseguiu mais liberdade dentro da mansão. Mesmo sem autorização para sair pensava que conseguiria uma chance de fugir. Bastava esperar a hora certa.
Havia descoberto onde ficava uma cópia da chave do escritório e tinha a certeza de que lá estava seu passaporte e carteira. Só o que precisava era descobrir uma forma de fugir. Na manhã seguinte, porém, descobriu por Murilo que Diego voltaria antes do prazo. E isso a assustou. Com ele ali seria muito fácil cair novamente em seu charme novamente e ficar preza eternamente naquela prisão.

- Amanhã Diego estará de volta. Não está feliz. – Murilo perguntou.
- Claro, é claro que estou. – Respondeu. Mas, lá no fundo, tudo o que pensou foi “Preciso fugir hoje!”.

Desesperada Ariella percebeu que os seguranças eram muito qualificados e fiéis ao patrão para que conseguisse sair sem chamar a atenção. A única forma era roubar um dos controles do portão e a chave de um dos carros e torcer para que, na escuridão da noite, pensassem ser o motorista. Se chegasse até o consulado da Argentina ou até um veículo de imprensa, estaria fora das garras de Diego.
Mesmo sabendo aquilo ser uma total loucura, assim que anoiteceu Ariella colocou uma roupa escura e um boné e foi discretamente pegar a chave do carro e do escritório. Pablo achava que ela estava no quarto e estava livre dele ao menos por alguns minutos. Conseguiu entrar facilmente, mas demorou muito procurando seus documentos. Quando tinha tudo que precisava nas mãos correu para o jardim e entrou no carro que lhe daria a liberdade. Meio que sem saber o que faria quando conseguisse chegar ao outro lado, colocou a chave na ignição e quando ia sair viu uma luz se aproximando. Era o outro carro usado por Diego e Ariella sabia que o motorista somente passava na mansão àquela hora e rapidamente saia em direção à própria casa. Mudando de planos rapidamente, Ariella resolveu que sair agora era a sua chance. Afinal não levantaria suspeitas dos guardas que ficavam no portão mais distante e que pensariam ser o homem que entrou há pouco. Manteve o portão aberto utilizando o controle roubado no escritório e acelerou o carro pelo longo caminho até o portão.
Tudo teria saído perfeito se Pablo não houvesse percebido coisas fora de lugar no escritório e ido até seu quarto. Dá janela, o experiente segurança viu o motorista chegando e Ariella tentando fugir. Se não fosse o seu trabalho mantê-la ali até mesmo teria lhe elogiado pela esperteza, mas como era seu dever e não estava disposto a ser enganado por aquela tola, correu até a cozinha para usar os controles gerais da residência e fazer com que o portão, que já se encontrava totalmente aberto, começasse a se fechar.
Seguro de que ela frearia o carro ao ver que o portão já não obedecia ao controle manual, Pablo assistiu ao portão se fechar. Estava seguro de que quando Diego retorna-se, lhe iria parabenizar por evitar uma fuga e cortaria todas as regalias que agora a jovem tinha. Pelo rádio, pediu que os guardas ficassem por perto e atentos para trazê-la de volta a casa. Após aquilo, teria o direito de trancá-la no quarto até que o patrão voltasse e ele não lhe repreenderia, afinal ela tentara fugir e nem mesmo Olívia, que sempre a defendia, poderia protegê-la dessa vez.
Até mesmo para Pablo foi um susto ver Ariella continuar acelerando o carro ainda mais. Obviamente não daria tempo dela passar antes do portão se fechar completamente, mas, ainda assim, ela seguiu acelerando. Foi por muito pouco. Sua velocidade era muito grande e até mesmo os guardas se surpreenderam com a força e o alvíssimo estrondo da batida.
Muito rapidamente os homens que compunham a segurança da residência cercaram o carro e começavam a gritar, alertando que a moça estava muito ferida. Pablo, que assistira a tudo, não duvidava disso.



- Meu Deus. – Ele ouviu de Olívia, as suas costas.
- Chame uma ambulância! Rápido! – Ele teria uma ligação muito pior a fazer. Diego não aceitaria aquele acidente.

Coube a Ítalo, alertado por uma ligação de Murilo, dar a pior das notícias a Diego. Num país distante, ele pouco podia fazer. Diego estava arrumando os últimos detalhes para seu retorno quando Ítalo chegou, pálido e com o telefone celular nas mãos.

- Ítalo. – Deveria ter algo errado. - Algum problema?
- Sim, mas eu preciso que fique calmo. Tudo já está sendo resolvido...da melhor forma possível.
- É Ariella não? Tentou fugir! Eu sabia. Os homens não permitiram não é? Esse é o serviço deles, droga!
- O serviço de seus seguranças foi feito, Diego. – Era difícil para Ítalo falar em acidentes com aquele garoto que pouco tinha de pessoas amadas para lhe amparar. – Só que houve um acidente.
- O que? – Diego perdeu o rumo dos pensamentos. Agora uma fuga já representava tão pouco. – Fale de uma vez!
- Ariella roubou um dos carros e tentou escapar. Pablo percebeu e fechou o portão, mas ela continuou avançando sobre ele e acelerando. Teve um colisão  em alta velocidade.
- Como ela está? – Era a única coisa que importava. – Viva, não é?
- Sim. Está viva e sendo bem atendida pelos paramédicos. Ela será levada a um hospital. Murilo ligou para te pedir que venha... afinal ela é sua responsabilidade.
- Ela é minha esposa! – Ele arrancou o telefone das mãos de Ítalo para falar direto com Murilo. Antes de qualquer outra coisa Ariella é a sua esposa. – Eu já vou. Já estou a caminho. Cuide para que ela tenha o melhor atendimento.
- Aviso a mais alguém? – Murilo questionou.
- O que? – Ele estava tão confuso. Agradeceu quando percebeu Ítalo já cuidando para deixarem o hotel e retornarem ao aeroporto.
- Eu devo avisar a mais alguém deste acidente. – O raciocínio lento era prova do quanto ele estava a abalado. – O pai dela talvez.
- Não. Por enquanto não. Temos que algo mais concreto para falar sobre o estado dela. Não deixe nada vazar para a imprensa e...me mantenha informado. O que sabe do estado dela? Ela não pode morrer...ela...
- Certo. Não informarei ninguém ainda. – Era hora de falar algo difícil. – Eu não tenho notícias concretas. Apenas sei o que os paramédicos me informaram na hora do resgate. E parece grave, Diego. Venha logo. Se o caso for tão grave quanto parece, você pode estar em sérios problemas com a justiça.



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