domingo, 13 de março de 2016

Vida Roubada - Capítulo 16


            Matt jantava junto de Paty num clima leve, mesmo que os pensamentos de ambos estivessem na Rússia, na esperança de Elizabeth trazer Bia de volta. Ainda assim, entre eles tudo estava bem. E enquanto isso continuasse assim se sentiriam seguros e capazes de ajudar os amigos. Aquela foi uma noite típica de casal. Macarrão preparado a dois, cerveja ao invés de vinho porque era isso o que desejavam para aquele momento e muito carinho. Estavam felizes.

            - Sabia que eu não consigo mais imaginar a minha vida sem você? – Patrícia disse ao namorado, quando já estavam atirados no sofá da sala, procurando um filme para assistir. – Você mudou a minha vida.
           


            - Você também mudou a minha, pequenina. Mais do que pode imaginar. Em outros tempos, numa noite como hoje, eu teria saído para beber e provavelmente voltaria sozinho para casa.
            - Acho difícil acreditar nisso. – Paty não conseguia entender porque aquele homem esteve sozinho por tanto tempo.
            - É a verdade. Eu nunca fui de relacionamentos rápidos ou passageiros. Só uma noite, por melhor que o sexo seja, não me satisfaz. Parece que falta algo. Não é o desejo que mantém um homem junto de uma mulher, apesar de vocês acreditarem que somos movidos por esses instintos.
            - Quer dizer que o sexo comigo pode ser ruim, desde que o resto compense? – Ela perguntou, achando graça daquele comportamento do namorado.

            Há alguns meses, falar sobre sexo era algo difícil. Matt levou algum tempo para aceitar que estava apaixonado por Paty, não apenas ajudando uma menina que vendia o corpo para sobreviver. E quando finalmente deu vazão aos próprios sentimentos e declarou estar enamorado pela então hóspede em seu apartamento, passou semanas lutando para não terem um relacionamento sexual. Temia que Patrícia visse nele um ‘cliente’ a quem precisava agradar na cama para manter o emprego e o teto onde mora. Adaptar-se ao atual relacionamento e superar o passado foi algo difícil para os dois.
            Hoje mantinham uma vida sexual como a de qualquer casal. Dias de intenso desejo e outros sem a mínima vontade de transar. E conviviam bem com isso. Paty aprendeu que Matheus desejava-a como nenhum outro homem já a quis, valorizando seu corpo e zelando por ele. Enquanto ela adaptava-se a isso, Matt entendeu já Patrícia tinha desejos e quando o procurava na cama não era para agradá-lo, mas sim para matar a própria fome sexual.

        - Se por ‘resto’ você estiver falando de companheirismo, planos em comum e amor, sim, eu acho que compensa. Mas, além disso, o sexo também é bom pra caramba. E essa conversa toda está me deixando com vontade tirar a sua roupa.
            - Achou que você deve obedecer essa vontade.
            - É, também acho. Mas antes...tenho uma coisa para te dizer. Uma coisa bem importante.
            - Diz logo. – Ela ficou ansiosa.
            - Que ansiedade é essa?
            - É pressa pra você tirar a minha roupa. – Sem nenhuma timidez ela reconheceu.
            - Ótimo! – Matt riu. – Porque é bom saber que a mulher com quem eu pretendo casar me deseja tanto assim. Patrícia, você aceita se casar comigo?
            - Sim! Sim! Mil vezes sim! – Sem nem um instante para pensar ela respondeu.



            Logo Matt cumpriu a promessa e tirou peça por peça das roupas que cobriam o corpo magro e proporcional da namorada. Sem nenhuma pressa, ele acariciou a pele macia e perfumada que agora estava arrepiada, antecipando as carícias que viriam. Quando lhe tirou a calcinha e surpreendeu-a pela ousadia movimentando dois dedos dentro dela, Patrícia cravou os dentes entre gemidos na curva entre seu ombro e pescoço.

            - Você diria que esse sexo é ruim, minha noiva? – Matt provocou, aprofundando a penetração e vendo-a não conseguir se concentrar para falar. – Vamos Paty, eu quero uma resposta. Está ruim?
            - Não. Está...está...é...é o paraíso.

            Satisfeito com essa resposta Matt tirou as próprias roupas e levou a namorada para o quarto. Estava feliz em conseguir passar aquela noite sem pensar nos problemas que ainda viriam. Matt não comentava com Patrícia, mas quando Liz desmembrasse aquela quadrilha, suas ramificações apareceriam e ele não tinham esperança alguma de que o passado de Paty ficaria escondido. Apesar de não sentir vergonha, ele preferia poder esquecer-se de tudo. Infelizmente não era algo possível. Então aproveitaria o agora, naquele breve cessar fogo da guerra que ainda continuaria.

            Elizabeth acordou em Moscou disposta a invadir a Noxotb.  Logo após ela alimentar-se com um farto e saudável café da manhã. Miguel chamou um táxi e eles circularam pela região das boates que há tanto tempo Liz investigava. O problema é que ela lá estava como uma civil, em férias com o marido. E seu distintivo nada valia. Sua única alternativa era conseguir um forte indício e enviar para Rebeca. A policial, do Brasil, convenceria Tom a aprovar uma solicitação de ajuda internacional. E numa ação conjunta, as polícias de Brasil e Rússia estourariam uma das grandes quadrilhas de sequestro de pessoas no mundo para fins de abuso sexual. Olhando da rua, porém, estava difícil conseguir esse indício.
            Elizabeth resolveu entrar. Mandou o táxi parar na frente da Noxotb, mas, quando abriu a porta, Miguel a segurou pelo braço. Os dois não discutiram dentro do veículo, apenas trocaram um olhar. Lá no fundo Liz sabia que entrar sozinha, desarmada e sem distintivo em uma boate ilegal seria arriscado e sem muitas chances ao sucesso da operação. Ela estava agindo com o coração e agradeceu a sensatez de Miguel. Em um russo que misturava algumas palavras de inglês ele falou com o motorista antes de retornar a atenção à esposa.

            - Ele disse que alguns homens frequentam aqui durante o dia. Poucos, mas acontece. Se eu entrar, não vou atrair a atenção. Você sim.



            - E o que você sugere fazer? Vai lá, contratará uma menina enquanto eu fico aqui?
            - Não. Eu vou lá, tentarei ver os chefes, gravar alguma coisa que valha você mandar para Rebecca. Depois que lhes dermos algo valioso...a polícia federal se sentirá feliz em ter uma investigadora, coincidentemente, por perto e pedira que você interfira. Aceita o meu plano?
            - Aceito. – Que alternativa tinha. – Mas você não é policial, não tem treinamento para isso. Nunca lidou com essas pessoas. Cuidado.
            - Já frequentei muitas dessas casas de prostituição, Liz. Não me orgulho disso. Mas sei como ligar com essas pessoas.
            - Vá logo então!
            - Ótimo. – Miguel voltou a falar em russo e ordenou ao motorista a levá-la de volta a segurança do hotel. – Até depois, meu amor.

            Miguel entrou na Noxotb muito seguro. Nunca esteve naquela casa, mas já conhecia em detalhes muitas outras as quais, hoje, não tinha dúvidas participarem do mesmo esquema ou de outros muito similares. Ao entrar, viu um local discreto, porém, bem iluminado e limpo. A parte mais ao fundo estava sendo limpa por duas mulheres. Nenhuma era Beatriz, mas, pelos trajes e beleza, não teve dúvidas de que elas não eram apenas serventes da casa. Antes de ter a chance de falar com alguma delas uma mulher alta, bela e negra se aproximou.

            - Posso ajudá-lo? – Perguntou num inglês que não era sua língua mãe.
            - Sim...eu...estou na cidade há negócios. Busco por...diversão.
            - Claro, senhor. E que tipo de diversão lhe interessa? Homem, mulher, alta, baixa, loira, negra?
            - Mulher. – Aquela conversa o estava inojando. – Gosta das...brasileiras.
            - Todos gostam. Temos uma festinha particular acontecendo. Acho que o senhor irá gostar. Como posso chamá-lo?
            - Sr. Alexander. Eu adoraria conhecer suas meninas.
            - Ótimo...terceira porta à esquerda. Deseja beber algo?
            - Whisky sem gelo, por favor.




            Ao entrar na sala indicada, Miguel encontrou alguns homens sentados em confortáveis lugares enquanto mulheres de biquíni dançavam sobre as mesas. Eram muito belas, com curvas fartas, longos cabelos soltos e maquiagem reluzente. Logo Miguel estava falando com alguns dos frequentadores e observando as mulheres. Todas pareciam profissionais. Não havia nenhuma muito jovem nem com expressão facial que lembrasse nada além de sexo e prazer. Eram bem treinadas para parecerem felizes com aquilo.

            - Oi bonitão. – Não demorou para uma sentar-se em seu colo e se oferecer para um atendimento particular. – Me leva para o quarto. Não vai se arrepender.
            - Posso apostar nisso. Qual seu nome.
            - Rubi. Sou boliviana.
            - Você é muito bela, Rubi. Mas eu procuro por uma brasileira para hoje.
            - Veio ao lugar errado, queridinho. Ontem foi feito um leilão...as brasileiras foram todas vendidas. Sabe como ela, se não dá lucro de um jeito, vai dar de outro.
            - É, eu sei. – Miguel ficou feliz em ter aquilo gravado. Duvidava que algo assim não fosse encarado como prova de que Liz estava no caminho certo. Ainda assim, para encontrarem Bia, era um banho de água fria. – Mas não sobrou nenhuma?
            - Não sei bonitão. Talvez. Mas...te garanto que faço você esquecer qualquer uma no remelexo dos meus quadris. Vem, vem...
            - Não! Não é você quem eu quero. Desista.

            Miguel deixou a boate e correu para o hotel. Precisava passar tudo aquilo para Elizabeth. Eles tinham muito a fazer em pouco tempo. Afinal, se Bia foi vendida junto das outras brasileiras, teriam de se apressar ou perderiam aquele rastro.
            Quando Tom recebeu de Rebeca aquela gravação, sentiu a raiva tomar conta de seu corpo. Aquelas férias improvisadas de Elizabeth não poderiam mesmo ser coisa boa. Lá estava ela, como civil, na Rússia, investigando por conta aquela quadrilha de importância mundial.

            - Você sabia disso? – Ele pressionou Rebeca?
            - Sim, Senhor.
            - Sabe dos riscos? Ela pode se ferir ou ser morta ao tentar resolver sozinha ao que batalhões inteiros tentam há anos e não conseguem. É um risco imenso!
            - Ela está com Miguel, senhor?
            - Sim, presumo que seja ele o “Sr. Alexander”! Outro que não tem a cabeça no lugar! Podiam os dois já estarem mortos por essa ansiedade em resolver as coisas. Elizabeth vai me ouvir quando retornar. A se vai!



            - Com todo o respeito, Sr., eu acho que agora temos de correr para que o risco que Liz sofreu não seja em vão. Precisamos de um mandato de execução do juiz e também temos de avisar a polícia Russa. É urgente. – Rebeca afirmou.
            - Está tentando me ensinar o meu trabalho, policial?
            - Não senhor.
            - Ótimo! Agora trate de entrar em contato com a polícia russa. Eu falarei pessoalmente com o juiz. Depois que isso tudo se resolver, eu mesmo me acerto a Elizabeth!
            - Sim, Senhor – Rebeca repetiu, satisfeita com a conduta do chefe. Agora era só colocar tudo em prática.


            Naquele momento, porém, Beatriz iniciava sua nova vida. Já não era mais uma prostituta escravizada. Porém, estava prestes a descobrir que ser propriedade de Sebastian não era tão melhor como imaginava. O homem atencioso parecia novamente ter dado lugar a um irritadiço e mal humorado homem.
            Aquela noite ela passou solitária, sem nem mesmo malas a arrumar. Primeiro porque não fazia questão alguma de levar nada dali. Segundo porque, após ser deixada sozinha no quarto por algum tempo, Gregory veio lhe falar e ofereceu alguns avisos e entregar um pacote. Somente a ideia de nunca mais vê-lo mantinha sua felicidade.

            - Seu dono quer que saia daqui vestindo isso, sem nada levar.
            - E meus documentos? Você ficou com a minha identidade na noite em que me sequestraram?
            - Não existem mais. Beatriz, aquela mulher não existe mais. Você não é mais uma mulher...é uma mercadoria pela qual Sebastian pagou e vai usar conforme seu desejo. Aconselho você a lhe obedecer cegamente. Você não sabe como ele pode ser brutal quando irritado.
            - Está com medo por mim?
            - Você pode até debochar, pequena Beatriz, mas eu sempre tive simpatia por você. Desconfio que muito em breve você verá que não fez uma grande troca. Sebastian apenas a comprou para ter uma cadelinha particular e não permitir que mais ninguém lhe toque ou a veja. Vai lhe enclausurar dentro de um quarto e aparecer quando tiver vontade de fazer uso da mercadoria. Simples assim.
            - Ao menos não terei mais de olhar na sua cara nojenta.
            - Nem na cara de mais ninguém, sua idiota. – Ele sentiu vontade de lhe espancar ou de tomá-la uma última vez. Mas irritar Sebastian não era boa ideia. E as ordens dele foram claras. “Ela não é mais sua. É minha agora. Eu paguei por Beatriz. Toque nela e eu mesmo cuido para que não toque em mais ninguém nessa vida”. Ainda assim, vontade não lhe faltava. - Você apenas mudou de carcereiro. Você pode pensar que estava no inferno, mas logo verá que há coisa ainda pior.

            Gregory deixou o quarto e entrou na porta ao lado. Nela, meninas recém chegadas esperavam assustadas. Pegou uma delas pelo braço e levou de lá até um dos quartos. Precisa extravasar a raiva que sentia em perder Beatriz.



            - Socorro! O que você quer? Nãoooo! – Ela tentava se defender e era contida pelas mãos e pernas de Gregory.
            - Calada! Aprenda que sua única função aqui é abrir as pernas. Quanto mais se negar, mais apanha. – Mais um tapa estourou na face dela. – Entendeu?

            Indiferente a tudo que ocorria, no Brasil e na Rússia com intuito de encontrá-la, Beatriz deixou a boate em um carro guiado por Francisco. Sem nada falar, ele entrou com o carro na garagem de um hotel, abriu a porta e acompanhou-a até o carro. O segurança que os seguia e postou-se ao lado da porta não lhe representava boas notícias. Jamais se sentiu não vigiada.

            - Onde está Sebastian? Achei que ele estaria aqui.



            - Ele virá mais tarde, depois vocês vão viajar juntos e ele te instalará num local seguro. Por enquanto ficará aqui. Sem ataques de coragem ou de burrice, Beatriz. Se souber lidar com o patrão, terá o melhor dele. Mas se der um passo em falta, perderá sua confiança e terá o seu pior. E não irá gostar. Há roupas para você no quarto. Naquelas sacolas têm produtos de higiene e comida. Não precisa se preocupar com nada, mas esteja pronta, bela e com um sorriso nos lábios quando Sebastian chegar.
            Nervosa, Beatriz banhou-se na banheira do quarto com toda a calma. Comeu vestindo apenas o roupão do hotel. E quando o relógio marcava que passava do meio dia, foi olhar as roupas de que dispunha. Não gostou de nada. Porque em cada uma delas havia escrito a palavra ‘vagabunda’, se combinadas, sentia vergonha em vesti-las e perguntava-se qual a mensagem que Sebastian queria lhe passar com tudo aquilo. Sugestivamente, não havia calcinha entre as roupas. Mais um humilhante recado. Pensou em ficar exatamente como estava, de roupão e cabelos bagunçados. Mas desistiu ao perceber que bater de frente com aquele homem seria pior.
           


            Quando Sebastian entrou no quarto, encontrou-a vestindo o vestido escolhido por ele. Era de uma grife inglesa conhecida e qualquer mulher deveria se sentir honrada em receber a cara peça de presente. Numa mulher longilínea ficaria discreto e harmônico. Provavelmente, muito elegantes. Nela, porém, tornou-se chamativo e vulgar. O tecido ficou muito justo em suas curvas. Na região do quadril marcou as nádegas livres de calcinha. E os seios fartos pareciam saltar pelo decote.
            Seu sentimento foi dúbio. Ao abrir a porta do quarto avistar o segurança e ter de destrancar a porta o fez se sentir um criminoso. E o plano de voo falso que trazia na pasta comprovavam que ele agia fora da lei. Iria fugir da Rússia em um avião particular levando com sigo uma mulher comprada. A vergonha lhe corroía por dentro. Já demônio dentro dele gostou de ver em oferta cada um dos atributos de Beatriz, sentada no sofá próximo da porta, esperando-o com uma expressão que beirava o temor. Gostou, principalmente, de saber que ela lhe pertencia. Saber que aqueles seios nunca mais seriam tocados por outras mãos. Saber que o cheiro daqueles cabelos era somente ao seu prazer.
            Passara aquela noite organizando seu futuro, agora com uma amante secreta. Preferia essa expressão a ‘escrava’, ela lhe fazia sentir-se um pouco melhor. Comprou um apartamento em área nobre, porém afastada da qual ele vivia com a mãe e a filha. Era em um condomínio de classe alta, com infra-estrutura que permitiria a Beatriz ter uma vida agradável sem deixar o local. Além disso, por lá era comum pessoas andarem com segurança por perto. Ninguém estranharia se a nova moradora tivesse uma sombra a percegui-la por todos os lados. Por se tratar da cobertura, ele poderia acessar ao apartamento por um elevador privativo e nenhum vizinho o veria. Telefone e internet foram cortados. Beatriz poderia se distrair pela televisão, livros ou revistas, mas sem poder pedir socorro a ninguém. Depois de instalá-la, lhe apresentaria as regras que deveria seguir e então poderia seguir com sua vida, trabalhar, viajar e, ao voltar, ter Beatriz segura e a sua espera. Era um bom plano, ele acreditava. Ainda assim, não apagava aquele gosto amargo da boca.
           
            - É bom vê-la aqui ao chegar. – Sebastian disse ao fechar a porta.
            - Como se você tivesse alguma dúvida do local onde eu estava. – Bia respondeu, sem esconder o mau humor de quem passou horas trancada naquele quarto, enfeitando-se como se fosse uma boneca que serviria de brinquedo para ele.
            - Vejo que está irritada. Não entendo por que. Esse ambiente me parece bem melhor do que aonde você viria.
            - E é, sem dúvida. Mas ainda assim, não passa de um cativeiro e você é tão feitor quanto Gregory.
            - Será que sou mesmo? Aposto que ele, por muito menos, já teria feito-a calar a boca a socos. Estou mentindo?



            O silêncio foi a resposta de Beatriz. Sebastian não a aceitou, foi até ela e segurou-a pelos braços, fazendo-a temer por como aquela noite terminaria.

            - Eu fiz uma pergunta. E exijo a resposta.
            - Não, é verdade. Mas o que me garante que você não fará exatamente o mesmo assim que enjoar de ter uma cadelinha de estimação?
            - Você não tem garantia Beatriz. Por isso é melhor me obedecer e não me causar problemas. Você não está em condição de ter chiliques desse tipo. Gastei uma pequena fortuna para tê-la como minha e tirá-la daquele buraco. Você ganhou na loteria! Poderia ter sido comprada por um velho babão que a colocaria de joelhos esfregando o chão, louco para chicotear esse seu belo traseiro.
            - E os seus planos, quais são?
            - Bem mais interessantes ao seu traseiro, pode apostar. Olhe para o vestido maravilhoso que você usa e perceba o quanto eu valorizo a minha mais nova aquisição.
            - Valoriza tanto que esqueceu-se de comprar a calcinha! – Beatriz sabia que estava indo longe demais, mas, não conseguia se segurar.
            - Então é isso o que te incomoda? A vendedora disse ser a última moda as mulheres não usarem calcinha com vestidos desse tecido. Fica marcado e incomoda, me disse ela. Mas na próxima, me lembrarei de lhe enviar essa peça. Na sua nova casa, Beatriz, você poderá usar calcinha sempre. Desde que eu não esteja lá, é claro. Nesses momentos você não precisará de roupa alguma.
            - Só servirei para sexo então? É só essa a minha serventia?
            - E qual mais seria, querida? Eu não lhe comprei para discutir a queda da bolsa de valores. – Prepotente, ele riu da pergunta. Agora tire a roupa. Eu já cansei de olhar a esse vestido.



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