domingo, 4 de outubro de 2015

Diaba Ruiva - Passado Revelado: Cap 23



          A mente de Rachel dava voltas. Amarrada à cabeceira de uma cama, assistiu Neal sair sob o olhar da loura com quem vinha se encontrando. Ela tentou entender, mas tudo era confuso demais. Neal disse ir procurar o seu diamante, pedra a qual John não fazia ideia que estava em sua posse. A ideia, apenas uma mínima possibilidade, de Neal ter se aliado a John era um absurdo tão grande que ela a descartou sem muito pensar. Ficou ali, amarrada a uma cama e podendo apenas observar seu pai andar em círculos.
            Ele olhava em todas as direções e parecia nada ver, não focava nenhum objeto. Parecia nervoso, mas não gritava nem manifestava seu desagrado de nenhuma forma. Aquele silêncio parecia tornar o tempo mais longo e o ar mais pesado. Rachel perguntava-se quem era aquele homem e como ele podia ser tão igual e, ao mesmo tempo, tão diferente, daquele homem com quem aprendeu a andar, falar e matar.

            - Porque me encara assim, Rachel? Me olha como se eu fosse um fantasma.
            - É que não te reconheço. Tento colocá-lo no papel de meu pai e não consigo. – Ela deu um riso triste. – Apontar uma arma para minha cabeça não ajudou muito nisso.
            - Não se finja de sensível. – Havia decepção na forma como John encarava a filha. – É...talvez você agora seja sensível. Nada mais me surpreende. Desde que Neal entrou na sua vida você não é mais a mesma.

            John Turner desejava irritar Rachel, mas estava num raro momento de sinceridade. Não esperava que Rachel, após lhe ser completamente fiel, fosse capaz de voltar-se contra ele para apoiar Neal. E mesmo agora percebia que ela tinha uma lealdade bem maior ao marido do que ao pai.

            - Está cometendo um erro, Rachel. Neal não é fiel a você. Ele te largou ao primeiro sinal que não era tão controlada quanto parecia. E Verônica não teve muita dificuldade para envolvê-lo. Neal me trará a pedra.
            - Isso é mentira, papai. Se tivesse Neal ao seu lado eu não estaria aqui lhe servindo de refém. Posso até ter mudado, mas não perdi o raciocínio rápido que tanto você elogiou no passado.
            - Pode ser, querida filha, pode ser. Mas o resultado é o mesmo. Neal sabe que eu falo sério e se quiser manter viva a mamãe de seus filhinhos, me trará a pedra.
            - Neal não sabe onde ela está. – Havia escondido a pedra no fundo falso da terceira gaveta de sua mesa no FBI. Ninguém além dela e de David tinham essa informação. – Pode me matar agora mesmo se é isso o que espera, John.
            - Não me teste Rachel.

            Enquanto isso, Neal tentava imaginar onde e como Rachel escondeu seu diamante. Sua esposa era uma mulher meticulosa, perfeccionista e organizada. Rachel planejava cada passo. E se ela queria esconder o diamante, precisava pensar como ela. Ele seguiu direto para o lar que temporariamente ele deixou. Com Verônica no seu encalço começou a procurar, centímetro por centímetro, não poderia deixar nada escapar. A loura acreditava que ele tentava encontrar pistas que levassem ao diamante, não imaginava que a pedra poderia estar escondida ali na casa. Um rápido pensamento passou por sua cabeça e ele o dividiu com Verônica.

            - Estou roubando minha própria casa. Isso é um pouco além da minha capacidade de pensamento.
            - Então não pense, querido Neal. Apenas roube. – Verônica respondeu.



            O tempo passou e Neal nada encontrou. Estava nervoso. Já tinha revistado casa e não havia encontrado a pedra ou nenhuma pista. Verônica também mexia em tudo e ele temia que por azar fosse ela a ver o diamante. Esse seria o fim de Rachel e dele também.
            Para piorar a situação, descobriram que não estavam sozinhos. A porta que fora apenas encostada ao entrarem foi aberta. Quem entrava não era um criminoso, mas poderia lhes trazer problemas. Elizabeth Burke estava procurando por Rachel e não gostou nada do que viu. A esposa de Peter olhou muito feio para ele. Principalmente por estar acompanhado de outra mulher na casa da esposa.

            - Vim ver Rachel. Onde ela está, Neal?



            - Rachel não está em casa, Ell. – Ele disfarçou, sabendo que Verônica observava tudo atenta e, caso desconfiasse, podia alertar Turner. – Já tentou o celular dela?

            Elizabeth observou Neal e não conseguiu vê-lo como antes. Conheceu Neal muitos anos antes, primeiro através da descrição que Peter fazia dele: um jovem ladrão inconsequente, um menino sem família para guiá-lo que usou a esperteza no sentido errado e acabaria atrás das grades. Peter sempre esteve certo. Neal foi preso, cumpriu pena e, de tão esperto tornou-se um consultor do FBI. Neal havia conquistado a confiança de Peter, conviveu em sua casa, contou com o apoio de Peter ao se apaixonar por uma criminosa e precisar encontrá-la pelo mundo. E assim ela e Rachel tornaram-se amigas. Por isso, vê-lo dentro da casa de Rachel com outra mulher foi muito estranho.

            - Você deveria respeitar mais a sua mulher, Neal. Respeitar os seus filhos. – Ela lhe disse mesmo sabendo que deveria manter-se longe das escolhas particulares de Neal. – Eu sei que vocês estão separados. Mas trazer essa vagabunda aqui é demais. E quando Rachel não está. O que você está fazendo da sua vida Neal?
            - Eu sei o que estou fazendo, Ell. Estou...procurando pela minha felicidade. Estou fazendo a única coisa que sei fazer da vida. – Neal respondeu na esperança que Elizabeth entendesse o recado e fosse embora.
            - Estou decepcionada, Neal. Muito decepcionada.

            Quando a esposa do amigo foi embora Neal continuou com sua busca sob o olhar de Verônica. A cada segundo que passava a inquietude dela aumentava. A filha mais nova de John Turner tinha mais um defeito frente a Rachel. Ela não sabia disfarçar suas reações. E Neal percebia claramente que sua paciência aproximava-se do fim.
            Nervoso, Neal procurou em lugar aos quais já tinha verificado antes e teria continuado assim, apenas ganhando tempo se não tivesse lhe ocorrido uma ideia. A pedra de Rachel ele não acharia. Mas havia outra, idêntica. E essa ele conseguiria roubar com um pouco de ajuda. O tipo de ajuda que apenas uma pessoa poderia fornecer.
            John tinha ficado com seu telefone e com Verônica seguindo-o como uma sombra insistente, ficou incomunicável. Podia apenas tentar deixar um recado e torcer para ele entender. Disfarçando, Neal foi a cozinha. Não havia chance de Mozz vir à sua casa e não mexer na adega de vinhos. Ali era o local perfeito. Tirou as seis garrafas ali dispostas. Uma era perfeita ao que tinha em mente. Chamava-se ‘Irmã’.

            - Acha que sua mulher escondeu um diamante na adega de vinhos?
            - Existem vinhos que são tão preciosos quanto um diamante, Verônica. É preciso apenas saber apreciar. Coisa que você, pelo jeito, não sabe.

            A inveja falou mais alto. E Verônica fez exatamente o que Neal previra. Disse que queria uma taça de vinho. Talvez pensasse que ainda tinha alguma chance de seduzir Neal Caffrey. E isso deu a Neal a chance perfeita para finalizar seu plano.

            - Pegue o abridor na terceira gaveta da pia. Deve estar lá atrás. – Disse ele, numa calma fingida.

            Enquanto Verônica concentrava-se na tarefa, Neal puxou a ponta do rótulo e sob ela escreveu uma única palavra ‘troca’. Tinha certeza que Mozz entenderia o recado. Restava saber se ele conseguiria entender o recado.

            - Aqui está. – Ela lhe entregou o abridor. – Quero beber com você, Neal.

            Esperando que tudo corresse bem, Neal abriu uma bebida, serviu as taças e brindou com Verônica. Talvez o álcool a deixasse mais fácil ainda de enganar. Então seguiu com o plano de última hora e lhe falar de uma mudança de planos.

            - Eu sei onde está o diamante, Verônica. Agora eu sei. Resta saber se você estaria disposta a me ajudar a buscá-lo.
            - Do que está falando, Neal?
            - Eu sei onde ele está. Você teria coragem de pegá-lo ao meu lado. Rachel não titubearia em me apoiar.
            - Sou tão boa quanto ela. É claro que irei com você.
            - Ótimo. Então primeiro nós iremos conseguir alguns equipamentos e, depois, vamos atrás do diamante. Ligue para John e diga-lhe que estamos no caminho certo. E certifique-se que ele não fez nada contra Rachel.

            Neal precisava ganhar tempo. Queria Mozz ali, precisava do amigo muito mais do que de qualquer equipamento, mas ir até Mozz ou ficar ali esperando por ele era arriscado demais. Não lhe restava alternativa a enganar Verônica durante algumas horas e torcer para Mozz encontrar suas pistas e o FBI não pegá-lo antes da hora. Neal só ficou mais tranquilo quando saía de casa e viu Mozz dobrar a esquina. Sim, iria funcionar.

            - Neal! O que você faz aqui...com ela? Onde estão seus filhos? – Mozz estava confuso. E olhou para Neal como se visse um fantasma. – E Rachel?
            - Não sei de Rachel...sei de Verônica. Apenas Verônica!

            Mozz observou os dois. Estavam distantes. E pouco alcoolizados para um casal que acabara de sair de um jantar romântico. Neal mentia. Claramente mentia. Ele queria enxotar a loura e perguntar claramente a Neal o que acontecia, mas sentia que havia um motivo. Tinha de haver. E todo o que pensava era naquela conversa que os dois tiveram junto do engravatado. Aquilo não era um encontro de casal, era Neal usando Verônica para enganar John Turner. Neal estava tentando lhe passar uma mensagem. Mas qual? A próxima pista veio sem demora.

            - Agora precisamos ir Mozz.
            - Ir para onde, Neal? – Olhos nos olhos Mozz tentava entender qual seria o passo de Neal.
            - Ele não vai te dizer. – Foi Verônica a responder tropeçando nas palavras.
            - Verdade, Mozz. Não posso dizer. – Neal resolveu arriscar. – Fique aqui, não nos siga. Eu e Verônica teremos uma noite bem interessante. Fique aqui. Beba um vinho.
            - Eu beber vinho? – Neal nunca o convidava para isso. Não precisava. Era uma pista.
            - Sim, há ótimos rótulos na adega. – Ele resolveu ainda dar um aviso ao amigo. Tirou a gravata do colarinho da camisa. – Guarde minha gravata. Essa noite gravatas me atrapalharão.

            Neal saiu caminhando pela rua. Verônica o acompanhava e Mozz foi direto até a adela. Não pretendia beber. Mas sim decifrar as pistas. Uma estava clara. Deveria manter Peter e todos os demais engravatados longe do plano. Mas que plano era ele ainda não tinha conseguido captar. Não tinha dúvidas que naquelas garrafas encontraria algo. E sim, manteria o fbi no escuro.




            Mas Mozz decidir não chamar Peter não significava que ele já não estivesse achando muito estranho o que acontecia. E foi por Elizabeth que essa dúvida se formou. Depois de ver Neal e Verônica na casa onde atualmente Rachel vivia com os  filhos, Ell criticou o amigo e saiu. Ficou ofendida. Como ele poderia levar a namorada na casa da esposa? Isso era inaceitável, terrivelmente deselegante.

            - Só que aquele não é o Neal! – Ela decidiu.

            Mesmo correndo o risco de Peter encarar tudo aquilo como uma intromissão na vida Neal, Elizabeth narrou tudo o que ocorreu na casa dos Caffrey. E, para sua surpresa, Peter não só concordou que havia algo de errado como agradeceu a esposa por lhe dar aquelas informações e lhe confessou que, ao contrário dela, ele não havia lhe dito tudo o que sabia daquele estranho divórcio.



            - Como assim Peter Burke? Você me escondeu algo! Diga e agora!
            - Neal nunca quis se separar de Rachel ou ficar com Verônica. Ele fez tudo isso para se aproximar de John Turner, para nos ajudar a pegá-lo e para tentar manter Rachel e as crianças em segurança.
            - Mas...se...se estava lá.... – Agora Ell não entendia mais nada. Tinha de haver uma explicação.
            - Ell! O que mais você viu? O que havia de diferente?

            Elizabeth tentou puxar pela memória. Neal era o mesmo, sem nervosismo ou indício de mentiras. Ela não conhecia Verônica o bastante para poder dizer se estava diferente ou não. A casa? Estava silenciosa, monótono até. E isso indicava que além de Rachel as crianças também estavam fora. Essa dúvida também já passava pela cabeça de Peter, mas era algo mais que o interessava. Ele queria entender porque Neal Caffrey levou Verônica em sua casa. No mínimo Neal tinha certeza que Rachel não apareceria de surpresa e isso poderia representar o que mais temiam.

            - Pense Ell. Isso é importante. – Peter insistiu. – A casa estava revirada? Eles aparentavam fazer o que?
            - Revirado não. Havia uma gaveta aberta e as almofadas estavam fora dos lugares em que Rachel deixa. Mas revirado não. Porque, Peter? O que você acha que eles faziam lá?
            - Eu acho que Neal está tentando achar o diamante. Ele vai entregá-lo para John. – Peter estava muito perto da realidade.
            - Eu não entendo, Peter. Porque ele estaria ajudando John...só se...se Rachel estiver em perigo.

            Peter e Elizabeth chegaram juntos aquela conclusão. E sabiam que precisavam agir. Ell foi para a casa de June confirmar a aposta de Peter de que lá  encontraria George e Helen. Depois ela procuraria Mozz. Talvez ele tivesse uma pista melhor ou, caso fosse pego de surpresa, o que era muito raro tratando-se de Mozz, ao menos ele teria uma ideia do que fazer.
            Peter seguiu por outro caminho. Primeiro ligou para Diana e perguntou se era ela a estar de plantão seguindo Neal. A resposta foi negativa, era Henrique a estar nessa missão no momento. Mas como ele já esperava, a agente se colocou a disposição para auxiliar.

            - Contate Henrique. Veja com ele quais os últimos passos de Neal. Preciso saber os locais onde passou quando esteve com Verônica e se ainda estão juntos. Não temos mais tempo de esperar por John Turner. Temos de ir até ele.
            - Por quê? O que mudou?
            - Tenho quase certeza de que ele está com Rachel e Neal irá trocar a esposa pelo diamante. Se conseguir colocar as mãos nele.
            - E o que você fará? – Diana percebia a tensão em Peter. O chefe não tinha certeza da vida de sua agente. – Peter...você acha que...
            - John Turner está louco. Sabe que é o fim da linha. Ele vai matá-la. Ele passou a vida usando Rachel para conseguir essa pedra. No memento em que Neal lhe entregar o diamante, ele matará a filha. Se nós não impedirmos isso.
            - O que você fará?
            - Vou falar com David. Se o primeiro ministro deu a pedra a Rachel, ele deve saber onde ela a guardou.

            David Williams sentiu um calafrio quando percebeu que o agente Peter Burke estava na portaria de seu hotel, querendo lhe falar e já naquele momento ele soube que Rachel estava em perigo. Sua filha precisava dele. Como precisou naquela noite. E ele falhou. Naquela noite John saiu vencedor. Dessa vez não seria assim.
           
            - Ele a pegou. – Não era uma pergunta. Ele afirmou o que seu coração já sabia.
           

            

2 comentários:

  1. Aiiiin karaaaaai isso vai dar BO,POR FAVOR eu estou enlouquecendo aqui posta logo pra ver onde isso vai dar sim? Antes de eu morreeer do ataque de meu core

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    1. Morre não menina! Tem que ver o resto! E tem muitas outras histórias para ler. Não me abandone hem! kkkk

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