sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Diaba Ruiva: Passado Revelado - Cap 9


Quando começou a despertar, Rachel ainda sentia o corpo cansado e a mente confusa. Cadeia, fuga, hospital, parto, Neal atrasado e...Helen, finalmente Helen em seus braços. A menina havia nascido. Lembrava-se de vê-la. Linda, pequena e tão frágil. Podia ainda sentir seu cheiro no ar. Mas onde ela estava? Piscando para clarear a visão, procurou por sua filha e seu marido. Não estavam ali. Rachel tentou erguer-se na cama e alcançar o botão para chamar a enfermeira.

- Ei, ei, ei! Calma. – Ouviu a voz de Neal vir das suas costas, suave, quase num sussurro. – Mamãe acordou ansiosa, filha. É para te conhecer.

Impossível não sentir as lágrimas novamente verterem de seus olhos. Ela estava ali. Tranquila, ressonando no colo do pai. Ele estava ali. Orgulhoso de carregar a filha nos braços. Tudo pareceu tão lindo naquele momento.

- Eu quero pegá-la. Me dê. – Disse estendendo os braços para receber o pacotinho de pele macia e bochechas rosadas. – Como ela está?



- Perfeita. – Neal sorria ao olhar para mãe e filha. – Tem 3 quilos 870 gramas e 48 centímetros. Uma grande bebê.
- Sim, isso explica o tamanho da minha barriga. – Rachel tocava a filha e conferia cada detalhe. Parecia perfeita demais. – Ela é linda.
- É. Helen puxou a beleza da mãe.

Ela não se sentia nada bela naquele momento, poucas horas depois de dar a luz, sentindo a barriga inchada e os pontos da cesariana arder. Poucas vezes sentiu-se tão exausta. Nem mesmo quando seu a luz George e logo depois encarou um fuga internacional. Helen realmente lhe deu trabalho para vir ao mundo. Mas quem liga? Tudo era válido para vê-la ali, bem, sadia, forte e com uma vida inteira para aproveitar. Mesmo que...que ela fosse ver tudo de longe, de uma cela fria e sem vida.
Quase sem perceber, o choro de alegria pela chegada de Helen tornou-se de tristeza, quase desespero. A infância de George estava passando e Helen mal teria chance de se acostumar com ela antes de ser retirada de seus braços. Quando uma de suas lágrimas caiu sobre a bochecha da filha, Neal percebeu sua mudança de humor.
- Helen herdou o seu gênio também. Se você não lhe der de mamar nos próximos minutos e parar de chorar, logo estará soluçando também.
- Não. Mamãe não deixa ficar com fome – Ela ofereceu o peito e Helen primeiro cheirou e tateou por alguns minutos, reconhecendo a mãe. Quando finalmente abocanhou-o para receber o alimento, sugou forte.  – Vamos ter de nos organizar para eu tirar o leite no presídio e levarem para ela. Quantos dias me deixarão aqui com ela? Eu posso fingir algo. É, é isso! Falarei com Laura. Vamos fingir uma infecção. Assim eu fico com ela aqui mais uns dias e....



- Calma Rachel. Nada disso é necessário.
- Mas eu não quero ficar longe dela ainda. É minha! E tão novinha!
- E não vai ficar. Se tudo der certo, amanhã você ganha a sua alforria...mesmo mantendo uma tornozeleira.



Sob um olhar que misturava descrença e esperança, Neal contou os últimos acontecimentos. E não eram poucos. Nem simples. Passo a passo, o perfil de Thomas Carter e seus atentados, a investigação promovida pela Interpol, o embaixador inglês e sua estranha exigência foram apresentados para Rachel.

- Espera! – Rachel não estava engolindo aquela história. – Esse Nohan simplesmente ‘me quer’? Assim? Sem motivo?
- Obviamente ele tem algum motivo escuso, mas falou apenas no seu currículo profissional. E tinha um arquivo da sua vida, Rachel. Não sei se é completo, mas, mesmo assim, não é só pela sua longa história com MI5 e FBI, com agente ou foragida, que eles desejam você. Nohan esconde alguma coisa. Mas na verdade, essa é a nossa melhor, talvez a única, chance de te colocar de volta na rua.
- É, Neal, tem mais nessa história. – Mas o peso de Helen em seus braços lhe dava força para ir em frente. – Nós nunca fomos do tipo de temer o desconhecido, Neal. Seja qual for a desse Nohan, não vamos desperdiçar essa chance. Comigo na rua, fica mais fácil fugirmos, se for preciso. Vamos esperar a sentença do juiz e depois vou investigar esse Nohan. Ele tem um arquivo meu...vamos montar um sobre ele, em detalhes.

Neal sorriu observando-a planejar. A Diaba Ruiva estava de volta.

- Mas calma, não esqueça de que você acaba de dar a luz. Tem de se cuidar e dar atenção à Helen e George.
- Prevejo dias agitados, Neal. Muito agitados.
- Então durma, Rachel. É hora de Helen voltar para o berçário. Eu vou em casa rapidinho trocar de roupa e pegar George. Quando você acordar novamente, terá seus dois filhos aqui e um monte de visitas.

Nada era tão simples assim na vida deles. Neal foi para sua casa, mas com a cabeça nas inúmeras coisas que tinha para resolver. Era impossível conseguir fazer tudo e estar na manhã seguinte no hospital. Então Mozz entrou em ação. Logo depois conseguirem acalmar a ansiedade de George em conhecer a irmã e fazê-lo dormir, eles foram conversar. Começaram com uma velha tradição.




- Charutos? – Neal surpreendeu-se. – Eu nem fumo, Mozz.
- É a tradição. O pai comemora a chegada do herdeiro com legítimos charutos.
- Obrigada Mozz. Vamos ver se eles nos inspiram então. Preciso da sua ajuda. Mais uma vez.
- Minha vida seria muito mais sem graça sem os seus problemas, Neal. Pode falar. Do que você precisa?
- Para começar?Que você feche a compra daquela casa. De preferência amanhã mesmo. Eu liquidei alguns...bens. Tem grana suficiente naquela conta. Acho que não precisará usar dinheiro da Rachel.
- É uma casa bem localizada...deve ter vendido um bem dos valiosos.
- Somente algumas reservas dos nossos bons tempos. Mas o Peter não faz ideia. Então você colocará essa casa no seu nome. Ele não faz ideia.
- Está bem. Mas não é essa a grande missão pela qual há essa ruga na sua testa no dia em que Helen nos brindou com sua chegada ao mundo.

Neal colocou a par de Nohan e sua misteriosa aparição. Deu ao amigo todos os detalhes. Mais do que contou à Rachel. Não pretendia estressá-la naquele momento. Ela tinha de curtir Helen, dedicar-se a ela. E não com um maluco que iria estragar isso.

- Missão entendida, Neal! Dos males o menor! Diaba e diabinha vão sair do hospital direto para casa. E vamos descobrir os segredos desse Nohan.
- Será mesmo? E se o parecer da juíza for negativo?
- Não será! Eles não vão arriscar um atentado. Sua mulher amanhã será livre.



Foi crente nessa possibilidade que Rachel adormeceu após entregar Helen aos enfermeiros. Isso depois da pediatra vir lhe garantir a saúde de sua filha e afirmar que ela seria bem cuidada. Depois dormiu tranquila. E acordou num quarto silencioso e perfumado por uma imensa cesta de flores colocada numa mesa à direita do cômodo.

- Neal já esteve aqui! – Ela derreteu-se. – Deve estar com Helen.

Mas foi a enfermeira a entrar alguns minutos depois, carregando a menina em prantos. Helen tinha fome e não estava interessada em esperar. Geniosa, Helen já mostrava sua personalidade. E todo seu amor e ligação com a mãe. Nos braços de Rachel, ela se acalmou.

- Ora, ora meu amor. Tudo isso é fome ou é saudade da mamãe? Depois de tantos meses juntas é difícil mesmo ficar longe, não é? Vem....vamos mamar.



- Ela tem personalidade. – A enfermeira lhe disse. – Parabéns. A senhora ganhou uma linda filha.
- Obrigada. Linda e geniosa. Exatamente como eu desejava. Forte para enfrentar o mundo...e deixá-lo com a sua marca. Minha Helen.
- Assim que ela mamar e a senhora se ajeitar, têm visitas aguardando para entrar.
- É meu marido! Ele já esteve aqui e deixou as flores. Mande-o entrar!
- Não. Amigos seus estão aí fora. O seu marido eu não vi hoje, ainda.

Rachel estranhou, mas não questionou. Logo ele deveria aparecer. Com George. E seus filhos iriam se conhecer. Quando terminou de amamentar, Helen foi colocada em um pequeno berço ao lado de seu leito e após rápidos cuidados com o visual, ela recebeu as visitas. Primeiro Peter e Ell.

- Parabéns, Rachel. Onde está o Neal? – Peter estranhou  a ausência do amigo. – Jurei que ele não arredaria o pé daqui.
- Ele esteve, deixou essas flores. E sumiu!
- Eu vou ligar para ele. Temos uma decisão importante hoje. Ele te falou?
- Sim, Peter. Estou nervosa com isso.
- Chega, Peter! Não é hora de falar nisso. Veja como Helen é linda. – Elizabeth estava encantada e já com saudade do nascimento de Valentina. – Será ruiva como você.
- Sim, será. Minha Helen.

Depois Rachel recebeu Diana, numa passada rápida antes de seguir para outro compromisso. Nicolle chegou exigindo dar colo à neta. E as duas se acertaram muito bem. Helen adorou os braços de sua avó.

- Vovó vai brincar com você, dar papinha, te levar no parque. Tudo, tudo, tudo o que você desejar, meu amor.

Mozzie também apareceu logo cedo. E exigiu tomar a ‘Diabinha’ da avó. Disse que tinha seus direitos.

- Acostume-se ‘pequena-Rachel’. Titio Mozz passará muito tempo ao seu lado e vai te ensinar coisas muito legais.

Quando Rachel já estava chateada pela demora de Neal e George, a chegada de mais amigos distraiu-a. Henry encantou-se pela menina. Mãe e filha estavam ótimas.

- Fiquei sabendo que logo estará na rua. Fico feliz por você, Rachel.
- Eu estou ansiosa por isso, Henry. Muito. Quero ver a rua, passear com meus filhos, trabalhar.
- Logo.

Rachel já tinha se despedido dos amigos quando Neal chegou. Era tarde para quem disse vir pela manhã. Mas ele chegou com um sorriso tão lindo e trazendo George. Impossível reclamar.

- Oi Helen! Eu sou o seu irmão. – George tratou de se apresentar. – Ela não faz nada? Não fala? Helen! Fala comigo!
- Calma, filho. – Neal disse bagunçando os cabelos do filho. – Logo, logo ela vai estar falando com você. Não vai beijar a mamãe?
- Oi mãe! Agora você vai vir pra casa né?
- Sim, meu amor. Logo, logo mamãe estará com você, Helen e papai em casa.

Neal beijou-a nos lábios. Sentia falta daquele carinho sem grades nem guardas do presídio. Sua vida estava voltando ao normal. Mas estranhou ver seu marido com flores.

- Mais? A cesta já era tão linda, amor. Não precisa trazer mais. Eu amei seu presente.

Mas aquela cesta não era de Neal e ficou claro em seus olhos que aquele não era apenas o presente de um amigo. Neal aproximou-se da cesta e viu ter, além das flores, dois pequenos embrulhos e um cartão.

Leu o texto breve em voz alta:
‘Mãe e filha merecem ser agraciadas feito rainha e princesa no dia de hoje, momento tão importante em suas vidas. Parabéns pela chegada de Helen, Rachel. Estou ansioso por conhecê-la.’
Ass: Nohan.

Trêmula, Rachel ouviu as palavras e assistiu Neal abrir os presentes. Nohan era mais estranho do que imaginava. Mandar apenas flores já seria demais. Mas presentes e com aquele bilhete era como um recado. Quando viu o conteúdo dos pacotes, seu incômodo aumentou. Tratava-se de uma linda e minúscula pulseira de pérolas para Helen. E um colar trazendo mãe e filho, cercados por pedrarias e ouro envelhecido. Rachel viu no olhar de Neal a raiva do marido por aquele presente.

  


 
- Diamantes e rubis. Legítimos! – Seu olhar de especialista reconheceu a autenticidade das pedras instantaneamente. – Quem ele pensa que é para lhe enviar uma joia assim? O que esse cara quer!?!?!?


Essa dúvida também persistia na cabeça de Neal.


Nota das autoras: desculpem o cap pequeno, mas vou viajar no feriado e não quis deixá-los sem capítulo. Bjss

Um comentário:

  1. Sei não esse Noah viu acho que esta apaixonado pela a Rachel,esse Mozzi viu amo ele

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