terça-feira, 1 de julho de 2014

Dupla Perseguição - Capítulo: 48


Da sala Rachel observava Henrique e Sara na porta. Parece que realmente estavam namorando. Mesmo assim sentiu raiva. Não queria ver a Barbie anoréxica agora, não queria olhar para ela linda na frente de Neal enquanto se sentia a mais feia de todas as mulheres. Tinha medo que Neal deixá-la , arrependido de não ter voltado para Sara. Era só ele querer porque Sara, namorando ou não, ainda o cobiçava. Porque Henrique tinha que trazê-la? Sentiu raiva. Queria expulsá-la dali. Mas viu Neal educadamente convidá-los para entrar.



 - Nós estamos esperando Ell, Peter e Sophia para irmos ao parque. – Neal disse já avisando que seria uma visita curta.

- Parque? Mas a Rachel pode caminhar na rua? – Henrique falava com Neal, mas logo olhou para Rachel e viu que ela os observava com uma expressão ruim no rosto. Ele aproximou-se. – Você está bem, Rachel? Sente-se bem para sair?

 - Sim. Não sou uma inválida. – Rachel respondeu ao amigo, mas manteve os olhos em Neal e Sara que permaneciam à porta. – Estou me recuperando aos poucos, mas estou bem  e posso sair.



            O clima ficou ruim. Rachel se segurava para não ser grosseira com Sara. E a visitante não sabia como agir. Foi Henrique quem contou para Sara o que houve com Rachel. Sua primeira preocupação foi com Neal, claro. Ela sequer conseguia se imaginar no lugar da rival naquele momento. Já havia ficado sabendo de mulheres que perderam seus bebês, algumas amigas sofreram abortos, mas nunca com a gravidez tão avançada. Impossível não se solidarizar.

O primeiro instinto foi de ir até o hospital e fazer uma visita. Se Rachel não quisesse lhe receber, conversaria com Neal e ao menos deixaria claro que podia contar com ela. Mas Henrique a convenceu de que não era a melhor hora. Disse que Neal estava focado em Rachel e segurando o próprio sofrimento, então não teria cabeça para recebê-la. Então esperou e assim que soube da alta de Rachel, resolveu que iriam visitá-los. Agora lá estava ela encarando Neal enquanto Rachel a analisava de longe. O próprio Neal era só constrangimento enquanto Henrique tentava aliviar a tensão.

Quando finalmente Sara ia sair da porta e falar alguma coisa, passos na escada foram ouvidos. Era Peter. E Neal respirou aliviado por poder encerrar aquela visita inesperada rapidamente.



 - Visita! – Peter disse ao entrar. Ele estava animado. – Oi Henrique. Sara! Há quanto tempo?! Olá Neal, Rachel...oi George. Que bom que está acordado. A Ell está esperando com a Sophia no carro. Ela está ansiosa para brincar no parque com o ‘baby Neal’.



 - Que nem é mais um bebê.  Chega a ser assustador, ele é uma cópia sua em miniatura. - Sara falava isso enquanto via Rachel vindo da sala até a porta.

- Sim, ele é uma cópia do Neal. Tal pai, tal filho. – Rachel disse se aproximando. – Mas ele tem mãe. Por mais que você deseje o contrário, eu estou viva.



Todos estranharam a agressividade de Rachel. Dessa vez, não podia reclamar de Sara fazer provocações. Ela é que estava sensível e carente, talvez, precisando descarregar seu ódio em alguém.



- Rachel, fico feliz que tenha sobrevivido. Seria muito difícil para Neal criar George sem a mãe. - Sara tentava amenizar a situação. 

- Falsa! – Gritou Rachel. - Seria muito propício se eu tivesse morrido. Aí você poderia assumir meu lugar ao lado de Neal e como mãe do George. Você queria que tivesse morrido junto minha filha!

- Rachel não... – Neal tentou interferir.

- Isso é mentira! – Sara se exaltou. – Eu sinto pela morte da sua filha. Nunca te desejei

nenhum mal.

- Descarada! Sei muito bem que esse era seu maior desejo, sei que você quer o Neal de volta! – Sem ver nada além de Sara, Rachel avançou e só parou quando sentiu sua mão estalar no rosto dela.



Neal, Peter e Henrique olhavam a cena sem acreditar no que viam e ouviam.  Nem Sara acreditava. Ficou em choque e não sabia o que dizer. Tinha ido ali somente para dar apoio ao casal que estava passando por um momento difícil da perda de sua filha. Ela não entendia aquela atitude da Rachel, pensava que aquela mulher devia ter enlouquecido definitivamente para aprontar um escândalo daqueles, sem motivo, e na frente de um bebê tão pequeno. Recompôs-se rapidamente e ficou pronta para revidar. Não iria aguentar aquilo tudo calada.



- Louca! Demente! – Sara gritou e se preparou para revidar o tapa quando viu Henrique e Neal se pondo diante dela e de Rachel para tentar acabar com aquela discussão. Neal segurava Rachel enquanto Henrique impedia Sara de avançar. Mas nenhuma das duas disposta a dar aquela discussão por encerrada.



- Vadia! – Rachel gritou.

- Vai se tratar! - Sara revidou. E não me chame assim!

      - Estou morrendo de medo! É vadia sim! Se oferece pra ele na minha cara!

     - Rachel! Pare! – Henrique disse. – Sara e eu estamos namorando! Ela não veio atrás do Neal.

- Então apague o fogo dela! Porque não foi me fazer uma visita de cortesia o que ela veio fazer aqui. E sim se oferecer pro meu Neal! – Ela tentava se soltar e exigia muito esforço de Neal para segurá-la sem apertá-la na barriga.

- Rachel! Olhe pra mim! – Ele virou-a. – Eu e Sara não temos nem teremos nada. Ela e Henrique estão namorando. Eles vão embora agora. Peter vai acompanhá-los enquanto nós conversamos.

- OK...ok. - Ela começava a respirar e a se acalmar. Sabia que estava descontrolada demais.

- Ótimo! – Neal apenas a abraçava. Não ia condená-la agora. Ela tinha razões para não estar controlada. Exigir sensatez de uma mulher como Rachel, no auge do luto, era demais. Depois pediria desculpas para Sara e Henrique. Depois, agora cuidaria de sua mulher.

- Peter, por favor, espera lá embaixo com Ell e Sophia. Uns 10 minutos e nós estaremos prontos para ir caminhar no parque.



Quando ficaram sozinhos, a emoção tornou a extravasar. Dessa vez não em raiva,  mas em arrependimento e lágrimas. Rachel abraçou o próprio corpo e chorou sozinha. Não adiantou Neal se aproximar, só a fez chorar ainda mais. Então ele a deixou desabafar.

Rachel sabia que ele tinha todos os motivos para brigar e até abandoná-la. Neal era um homem tranquilo e educado, raramente o ouvia gritar ou falar um palavrão. Era um cavalheiro. Fiascos como aquele que protagonizou há alguns minutos o deixavam chateado. Não tinha sequer desculpa, a não ser a revolta que tomava seu coração.



- Droga! – Ela tinha o rosto colado no peito dele e as lágrimas marcavam a camisa. – Eu sou uma péssima noiva. Eu sei. Sou passional demais. Não sei como você me aguenta! Adianta se eu pedir perdão e falar que te amo? – Duas brigas em menos de 24 horas não era fácil.

- Ajuda bastante. Mas eu sei que me ama. – Ele ergueu seu queixo e a beijou nos lábios salgados pelas lágrimas que escorriam. – Chega de choro.

- Não me deixa. – As lágrimas continuaram correndo em seu rosto.

- Nunca. – Era uma promessa e tanto, mas Neal não tinha nenhuma insegurança em fazê-la. - Porque fica me dizendo isso? Parece que espera o momento que vou terminar nosso noivado.

- Eu sei que...não sou o modelo de noiva ou de esposa.

- É a mulher que eu amo. – Ele respondeu secando suas lágrimas.



Enquanto isso, na calçada, Sara despejava em Peter toda sua raiva. Se ela realmente não foi ali para brigar, agora afirmava que daria queixa contra Rachel por agressão. E isso geraria grandes problemas a todos. Estava claro no acordo que mantinha Rachel no FBI que ela não podia cometer nenhuma infração a lei.



    - Acalme-se, Sara. Ela está passando por uma fase complicada. – Henrique tentava acalmá-la.

- E por isso pode me agredir ?!??! É louca! Demente! Tem que passar a vida enjaulada! Não sabe viver em sociedade, sem machucar ou sem matar! Nunca... – Ela estava revoltada.

- Para Sara! Não é assim. E você sabe. – Peter interferiu. – Rachel errou, mas você não tinha nada o que fazer aqui hoje.

- Eu vim prestar solidariedade ao Neal!

- Então mostre sua solidariedade não devolvendo a noiva dele para a cadeia. – Peter sabia falar duramente.

- Está bem! – Ela saiu puxando Henrique pelo braço e batendo os saltos na calçada

plana de NY.



Peter entrou no carro e ficou esperando Neal e Rachel descer. Explicou calmamente a Ell o que aconteceu e lhe disse que simplesmente não sabia o que fazer.



- Estou assustado. Ela...ela está sem freio.

- Dê-lhe tempo. – Foi a sugestão de Elizabeth. 

Quase meia hora depois, quando Neal, Rachel e George apareceram, a briga com Sara não foi comentada. Parecia que era assunto antigo. Caminharam lentamente até o parque. George caminhou um pouco segurando nas mãos dos pais e depois pediu por colo. Neal o carregou pelo resto do percurso e, quando chegaram, colou-o sentado na grama rodeado por brinquedos e pela atenção de Sophia.

Rachel e Elizabeth conversavam olhando os filhos. Todos se sentaram para aproveitar o sol que esquentava mas não chegava a queimar. Sair para rua fez bem para Rachel. Ela pode ver outras pessoas, sentir o vento no rosto, ouvir as risadas de George e deixar os problemas um pouco de lado. Só recusou comer qualquer guloseima porque precisava recuperar as curvas do corpo. 

- Como está sua recuperação? – Ell perguntou enquanto via Neal afagar as mãos dela sobre o colo. – Me parece bem.

- Melhor e mais forte a cada dia. A volta pra casa me fez bem. – Ela acariciou o noivo e o beijou. – Sou muito bem cuidada.



Quando já estava há quase uma hora no parque, Neal e Peter foram correr um pouco. A pista estava cheia e eles impuseram um ritmo que os fazia ultrapassar quem fazia um trote lento. Ambos estavam nervosos e desejando extravasar sentimentos ruins.







Só que Peter estava apreensivo demais. Neal percebia isso no seu silêncio. Ele estava irritado. Estava remoendo a ceda que presenciou no apartamento.



- Vamos parar um pouco. – Neal gritou. – Antes que você tenha um infarto.

- Não sou tão velho, Neal.

- Ok...antes que eu tenha um infarto, então. – Quando o fôlego dos dois estava melhor Neal voltou a falar. – Não se preocupe demais com escândalo que viu lá em casa. Rachel é assim mesmo! Tudo com ela é nos extremos. Mas depois ela se acalma.

- Só que aí ela já fez a bobagem, Neal.

- Dá um desconto pra ela. Está passando por uma fase complicada. Vai melhorar.

- Será que vai? Ou vai se meter em um problema atrás da outro? Primeiro ela sumiu sem a tornozeleira e nós a encontramos no cemitério, Neal. Agora agrediu a Sara! Podia ser presa apenas por isso! Fala abertamente que vai matar o Harabo!

- Ela tem motivos para tudo isso!

- O juiz não vai aceitar essa justificativa quando ela estiver sendo julgada por mais crimes, Neal. – Peter não entendia como só ele fia isso.

- O que quer que eu faça? Ela precisa de tempo.



Peter encarou Neal com seriedade e pediu que o ouvisse com atenção. Que não reagisse sem pensar e que lembrasse que ele também desejava o bem de Rachel.



- Fale logo, Peter! – Só pelos avisos já imaginava que não ia gostar da sugestão de Peter.

- Eu acho que, talvez...talvez você deva pensar que esse descontrole da Rachel é muito exagerado para ser tratado apenas com ‘tempo’, talvez só tempo não faça com que ela supere a perda da filha como qualquer outra mulher. Ela é imprevisível demais, Rachel tem instintos muito violentos, vingativos. Talvez precise de tratamento psiquiátrico. - Ele disse tentando fazer Neal ver as coisas pelo seu ponto de vista.

- Não Peter, ela não está louca, só esta descontrolada pela perda que sofreu. Você não sabe o que e perder um filho, é muito doloroso. Eu estou tentando ser forte para ajudá-la. Há pouco mais de um ano ela estava sozinha dando à luz a George.

- Neal... - Peter tentava fazer ele parar de falar, mas não adiantou.

- Eu tive a chance de mudar tudo isso com essa nova criança, mas olha o que aconteceu?! Ela foi tirada de nós da maneira mais cruel que existe e eu novamente não estava lá Ela não quer ir ao psicólogo, psiquiatra ou nada assim. Nada a convencerá a ir.

       - A lei pode obrigá-la.

- O que... – Neal começava a entender a proposta de Peter e não gostava nada. – Quer prendê-la?

- Não! Não quero que ela volte para a cadeia. É justamente o contrário. Aqui, dessa forma, ela vai acabar fazendo bobagem e sendo enjaulada para sempre. Eu não quero isso!

- Então quer o que?

- Talvez...um tempo em tratamento psicológico em uma casa especializada e... – Se havia uma forma agradável de dizer ele não conhecia.

- Não! – A reação de Neal foi exatamente como Peter já imaginava. – Ela não é louca! Não vai pra nenhum manicômio prisional!

- O nome é Instituto Psiquiátrico Forense. E eu não estou sugerindo isso! Mas ela precisa de algum tratamento!

- Ela precisa de amor, de carinho, da rotina dela de volta, de George, de segurança familiar! Tudo que ela não precisa é ser trancafiada no meio de loucos. Aí sim ela vai perder o controle.

- E como você pretende dar tudo isso a ela? – Torcia para Neal conseguir, mas o descontrole emocional de Rachel o assustava.

- Vou lhe dar a vida de antes novamente. Falarei com Richard para liberá-la a fazer exercícios físicos, você vai autorizá-la a trabalhar novamente e...vou organizar nosso casamento. É isso! Ela está com medo que eu a abandone. Depois de casados ela não terá razão para temer Sara.



Peter observou o amigo e torceu para ele estar certo. Neal merecia ser feliz. E Rachel também. Apesar de tudo, da forma mais torta possível, o sistema havia funcionado para eles. A intenção não era ressocializar e tornar os presos melhores com as penas? Ele e Rachel não eram os mesmos criminosos de quando os prendeu. Tinham se tornado pessoas e cidadãos melhores.



 - Fale com Ell. Ela vai adorar ajudar no casamento. – Disse antes de voltarem a correr.



O assunto não voltou a ser comentado e Rachel sequer ficaria sabendo da preocupação de Peter. Neal não pretendia contar e Peter já estava arrependido da ideia. Isso porque Ell, naquela noite, o deixou terrivelmente claro que a ideia dele era idiota e fria demais. Ela ficou realmente brava.



- E se ela fizer algo de grave nesse tempo? E se matar? Está cega por vingança e descontrolada. Avançou em Sara! – Peter se perguntava como os outros pareciam não ver o perigo quem Rachel representava para si mesma.

- Sara não devia ter aparecido lá. Claro que para Rachel iria soar como um deboche. Meu amor, Rachel está muito frágil....eu mesmo não sei o que faria no lugar dela.

- Certamente você não ia sair fazendo ameaças de morte ou batendo em inimizades.

- Será? – Ell discordava. – Se alguém ameaçar Sophia, Peter, eu não só sou capaz de ameaçar de morte, como eu cumpro a ameaça sem pensar.

- O que? – Por essa Peter não esperava.

- Eu teria gana por vingança se alguém fizesse mal à Sophia. Você não?

- Claro que sim! – Não conseguia nem pensar nessa hipótese. Era doloroso demais. – Mas não podemos achar normal ela sair por ai agredindo as pessoas verbalmente. Ell! E se ela matar!?!?! Vai presa o resto da vida! E como o Neal ficará?!?!

- Ele acredita que ela melhorará. Confie! – Ell abraçou o marido até ele se acalmar. – Vai autorizar a volta dela ao FBI?

- Por mim, ela retorna na segunda-feira mesmo. É ótimo tê-la na equipe. Neal quer que ela volte a malhar também.

- Que ótimo! Vou me oferecer para ir junto! Estou precisando mesmo.  - Não, não está. Mas será bom ela ter companhia. – Peter lembrou de mais uma coisa. – E você irá ajudar Neal a organizar o casamento deles. Nunca pensei que diria isso...mas Rachel Turner tornou Neal Caffrey um homem melhor. Ele a defende de uma forma surpreendente.

- Ele a ama! – Para Ell era simples assim.

 

Quando a segunda-feira chegou Neal colocou em ação todos os seus planos. Foi difícil convencer Richard, mas, com alguns argumentos, ele permitiu que Rachel fizesse atividades físicas.

- Sem exagerar no peso! E nada de abdominais ainda. – Foram algumas das orientações.



Naquela manhã Rachel foi a academia tendo a companhia de Neal. Caminhou enquanto ele corria na esteira ao lado durante 30 minutos. E depois utilizou alguns dos aparelhos. Ele controlava e as vezes diminuía a carga que ela colocava.



- Menos peso! Comece com pouco.

- Ok, papai Neal. – Ela retrucava, mas obedecia.



    Ao final ela já sorria mais. Parecia que a transpiração levava embora um pouco da ansiedade e incertezas também. Sentia-se bem cuidando do corpo.  A tarde foi para o FBI e por mais que a autorização de Peter tenha sido para trabalho interno e atividades leves, apenas estar ali integrada a equipe já lhe fazia um bem enorme. A semana seguiu trazendo alguma rotina. Todos os dias malhou com afinco, as vezes mais de uma vez por dia. Sentia-se feliz fazendo exercícios. O parceiro é que mudou. Na terça foi Ell a aparecer na academia. Diana a acompanhou na quarta. Na quinta foi Mozz. E ele não era muito afeito a exercícios físicos.



- Eu terei sempre uma babá? – Comentou com ele enquanto pedalava.

- Fizemos uma escala rigorosa. – Ele entregou. – Se puder evitar malhar nas quintas pela manhã agradeço...não faz muito meu estilo.



Ela estava emocionava com isso. Era bom ter amigos. Nunca tinha tido tantos e tão dispostos a ajudá-la. Antes era só Henry. Agora eram vários.



 - É bom ter amigos. Muito bom. – Dizia quase que para si mesma.



Mas nada a preparou para ver quem seria o parceiro de malhação da sexta-feira. Peter veio e se postou ao seu lado nos equipamentos. Cada um fez sua sequência de exercícios enquanto conversavam sobre temas comuns, alguns casos do FBI, Sophia, George, a vida cotidiana. Nada do que realmente precisavam esclarecer. Até que Peter puxou a assunto que realmente interessava. E Rachel se mostrou bem preparada para respondê-lo. Sabia que Peter viria tentar convencê-la a esquecer Harabo.



- Você pensa que eu estou louca, Peter. Mas não estou! Eu sei exatamente o que estou fazendo. Vou pegar Harabo. – Disse ela.

- Sabe Rachel, você e Neal me ensinaram muito, muito mesmo, nesses últimos anos. Ensinaram a ver as coisas sobre mais de um ponto de vista antes de condenar alguém. Por isso eu te peço: se coloque no meu lugar antes de fazer qualquer coisa. Se você cometer algum crime, estará provando o quanto eu errei ao confiar em você e Neal.

- Tudo seria diferente se Harabo não tivesse aparecido. Ele não pode sair ileso depois de matar a minha filha. – Rachel afirmou.

- Não, não pode. Mas você voltará para a prisão se matá-lo. – Peter sabia que dificilmente a convenceria, mas resolveu tentar. O FBI esta fazendo de tudo para achar Harabo e para que ele pague pelo crime que cometeu. – Olha Rachel, há alguns anos eu tive essa mesma conversa com o Neal. Ele queria a morte de quem lhe tomou Kate e seria preso se fizesse isso. Não foi fácil. Ele estava pronto para matar. Mas no último momento ele me ouviu. Escolheu a justiça e não a vingança. Por favor, Rachel, mostre que você realmente sabe o que está fazendo e ouça a razão. Não estrague a vida que conquistou ao lado Neal e a família que vocês estão construindo juntos.



Rachel entendia o que ele dizia. Mas o ódio era grande demais, era forte demais.



- Peter, eu amo a minha família que Neal e eu construímos juntos, mas não sou o Neal e não faço as mesmas escolhas que ele. Quando encontrar Harabo eu irei fazê-lo pagar. – Com essa resposta ela confirmava que iria se vingar, iria matar. A única chance do FBI era ser mais ágil que Rachel.

- Ok. - Peter estava decidido a não desistir dela. Exatamente como não desistiu de Neal. – Mas pense no que estará abrindo mão. Vai passar a vida sem Neal e sem George, trancada em uma cela. Neal fez a escolha certa Rachel.



A conversa mexeu com Rachel. Queria ver seu filho crescer, queria viver, queria aproveitar a vida ao lado de Neal. Mas também queria que Harabo pagasse pelo que fez. Pagasse por lhe tomar Lis. Só ser preso seria o bastante? Com essa dúvida ela seguiu sua recuperação.

Estava melhor a cada dia, mais forte. E com a agenda cheia de atividades. Além do trabalho e dos exercícios físicos, estava organizando o aniversário de George junto com Elizabeth. Começou achando que se tratava apenas da comemoração de um aninho, mas, depois ficou sabendo que o dia seria ainda mais especial.

 

- Vamos oficializar nossa união? O que acha? – Neal lhe propôs durante um romântico

jantar. – Não quero um noivado longo. E acho o 1 ano do nosso filho o momento perfeito.

 - Você quer mesmo casar comigo? Depois de tudo que aconteceu Neal? 

 - Claro! Isso tudo só me fez ver que te amo cada dia mais, que amo o que construímos juntos, nossa família. Podemos nos casar no mesmo dia da festa de aniversário de George?

- Vamos! – Ela sorria. – Será que dá tempo de organizar?

- Sim, a Ell ajudará. Será perfeito!



Assim a organização continuou. Seriam dois momentos em separado. O parabéns de George e a benção do Padre ao casal. Seriam dois casais de padrinhos: Peter e Elizabeth,Mozzie e Diana.



- Tem que decidir a roupa que irá usar, Rachel. – Ell disse. – O Neal não tenho dúvidas que aparecerá usando traje muito elegante. Você vai querer um vestido tradicional?

- Eu... – Não parecia muito apropriado usar branco no caso dela. – Acho que não. Melhor algo bonito, mas que eu possa usar durante o aniversário também.

- Ótimo! Tenho certeza de que vamos encontrar algo apropriado e lindo para a ocasião.



Em meio a organização, Rachel recebeu uma visita de Henrique. Ele veio vê-la e chegou poucos minutos após Neal sair com Mozzie. Iriam comprar a aliança de casamento e era uma surpresa para era. Rachel estava apenas com George em casa quando ele bateu à porta. Inicialmente Henrique apenas pediu desculpas por ter trazido Sara há alguns dias. Disse que não criar aquele mal estar entre sua namorada e ela. Depois contou que ele e Sara estavam planejando tirar férias juntos, viajar e, talvez, investir no relacionamento serio.



- Fico feliz por você, Henrique. Eu...eu exagerei naquele dia. Ela não fez nada para eu a ofendi. Digamos que aquela raiva guardada há tempos. – De quando Sara beijou Neal naquele almoço às escondidas.



- Ela já deixou de lado. Está animada com a viagem.

      - Que bom. Você merece. – Rachel desejava que fossem felizes.

     - É...infelizmente Sara não é a mulher que eu imaginei fazendo essa viagem comigo. – Henrique foi se aproximando. – Sabe, Rachel, eu sei que você vai casar logo. Por isso vim aqui e esperei o Neal sair.

- O que? Você... – Ela estava surpresa.

 - Sim. Eu esperei para falar com você sozinha. Rachel, se você me der um chance... eu converso o Shepherd e peço a ele que solicite sua volta para Inglaterra para que possa nos ajudar em um caso. Você volta a trabalhar na MI5. E nos ficaríamos juntos. - Rapidamente Henrique se aproveitou da surpresa de Rachel para beijá-la. Por apenas um momento os lábios se tocaram. Logo ela o afastou com um forte empurrão.

            - Para agora, Henrique! O que você está fazendo, eu vou casar?!?! – Que loucura era essa? Inglaterra? MI5? Shepherd? – O Neal e o George são a minha vida, minha familia! Eu não os largaria por nada!

- Você pode levar o ... – Ele ia insistir, mas percebeu que era perda de tempo. – Está bem. Desculpe...eu me equivoquei. Não vai se repetir.

- É bom mesmo. – Ela foi até George e o pegou nos braços. – Olha, Henrique, eu sei que você é um cara legal. E a Sara tem sorte pra caramba de ter você. Então seja feliz com ela. Eu já tenho a minha família. E ela está aqui em NY.



Quando o grande dia chegou, Neal estava nervoso. Não que tivesse medo de ser abandonado no altar, mas era um dia especial. Seu menino completava um ano de vida e ele se uniria oficialmente a Rachel. Queria que tudo fosse perfeito. O Padre estava já a postos, esperando os padrinhos se colocarem nos seus lugares para então a noiva entrar. 








- Calma meu filho. – Disse o religioso. - Com a benção de Deus o seu casamento

ocorrerá como deve e trará felicidade a essa família.

- Obrigado Padre. – Esse era o mesmo frade que certa vez fez com que achasse que Peter traía Ell. Ele ainda olhava para Peter meio torto. – Eu serei fiel e honrarei meus votos.



Quando todos estavam prontos, Ell veio para o altar montado em um salão e anunciou que poderiam começar. Rachel estava pronta. E com uma delicada música de fundo, ela entrou. Surpreendendo a alguns pela escolha do vestido e da cor. Em dourado, ela brilhava em felicidade.







Foi Henry a trazê-la e entregá-la para Neal. Estava visivelmente emocionada e, contrariando o protocolo, assim que estava junto dele, beijou-o com paixão. O padre não reclamou e deixou-os curtir o momento. O garotinho que se mexia e gritava ‘papá’ do colo de Mozzie bem ao lado do altar lhe dizia que aquele não era um casamento dentro dos padrões da igreja. Não importava. Havia amor. E eles estavam mais que dispostos a demonstrar.



- Acho que o noivo devia beijar a noiva só depois, amor. – Neal brincou quando o beijo terminou.

- Você é meu. Posso beijar sempre. – Ela respondeu entre sorrisos.

- Pode mesmo. – Mais um beijo rápido e era hora da cerimônia. – Pode começar Padre.



O sermão do Padre foi rápido. Falou sobre como o amor era capaz de mudar as pessoas. E era mesmo. Talvez tenha sido mais rápido ainda porque o aniversariante estava impaciente e no meio da cerimônia resolveu que o colo do amigo não era bom o bastante. Quando chorou, Mozz levou, sob os risos dos convidados, até os pais.



- Não vamos deixá-lo chorar! – Gritou Mozz. – George foi o cupido! Tem direito de estar aí.



E ali ele ficou durante toda a cerimônia. Um pouco nos braços da mãe e depois no colo do pai. Os votos foram pessoais e emocionantes. Vários ‘Papá’ e Mamá’ foram ouvidos entre as juras e, quando o religioso disse que o noivo, agora sim, podia beijar a noiva, antes, cada um beijou a testa de George. Só então os lábios se uniram e marcaram o fim da cerimônia.

Receberam os cumprimentos, brindaram com os convidados e aproveitaram o momento com uma dança a dois. Lenta, sem passos elaborados. Apenas um abraço e um balançar lento.



       - Hum...está dançando muito bem. – Rachel provocou-o

- Espere e verá, minha diaba ruiva. Tenho muito para te mostrar nessa noite.

- Mal posso esperar.

- Adorei esse vestido. É lindo...e fácil de tirar. – Neal sussurrou em seu ouvido como que em promessa.

- Isso que você não viu o que há por baixo, querido.

- Safada!

- Eu estou há semanas sem você, Neal. Hoje você não me escapa. Que as orientações médicas vão para o inferno!

- Eu não pretendo tentar escapar, amor. Não pretendo. – Disse e seguiu com a dança e com os beijos.



Depois disso, a festa foi toda de George. Usando uma linda roupinha de marinheiro e boina, o menino acompanhou todos cantando parabéns para ele. No final bateu palminhas e arrancou sorrisos de todos. Estava adorando ser o centro das atenções na festa e ganhar mimos. Não se assustou com a velinha e assoprou do colo de Neal. O bolo era decorado com pequenos marinheirinhos de olhos azuis, boina branca e traje azul, cópias da roupa que George usava.







- Claro que o filho de Neal Caffrey usaria chapéu hoje. – Brincou Peter.



     Neal e Rachel ficaram na festa por mais algum tempo curtindo o filho. Depois o entregaram para Ell e Peter para passar a noite na casa do Burke e, discretamente, saíram para ter a noite de núpcias em um hotel.



- Infelizmente eu não poderei cumprir a promessa e ter você contra cada uma das paredes da nossa casa, porque nós nos não vamos para lá. – Neal disse beijando-a no longo pescoço de pele claríssima.

 - Tenho certeza que as paredes do hotel também são boas. – Rachel provocou.



E ao chegar na suíte, realmente mostrou que desejava batizar cada cantinho do quarto

.

- Quem diria que o maior vigarista de todos estaria casado agora? Eu te amo, Rachel.

- Eu também te amo, Neal.



Rachel até tentou fazer Neal se acomodar na cama enquanto dançava para ele e tirava o vestido, mas ele não deixou. Queria ele mesmo abrir e lentamente descobrir a pele do tecido dourado.

O fecho lateral do vestido desceu sem que Rachel percebesse. Os dentes de Neal em sua nuca tiravam sua concentração e, quando percebeu, havia um mar dourado aos seus pés. Neal finalmente pode ver a lingerie com que ela o provocou a noite toda. Imaginou uma calcinha fio dental e um sutiã meia taça. Mas não. Era como um maiô rendado, todo preto, com recortes na cintura e nas costas.

A pele clara se destacava nos desenhos da renda preta enquanto o bojo fazia os seios redondos saltarem como se estivessem se oferecendo para ele. Uma oferta que ele estava interessadíssimo em aceitar. Ele percebia que a escolha pelo modelo não era apenas pela sensualidade. Ela deve ter escolhido para esconder qualquer imperfeição do corpo. Ele não via nada além de beleza.



- Ainda bem que eu não sofro de pressão alto. – Brincou enquanto ela dava voltinhas mostrando as pernas e o bumbum arrebitado. – Linda. Maravilhosa.  Por mais fantástica que a lingerie fosse, não durou muito no corpo dela. E nunca mais seria usada. Toda sua beleza ficaria apenas guardada na memória porque poucos minutos depois a renda foi rasgada a mordidas.



- Neal Caffrey animal! Essa sua face eu não conhecia, amor! – Ele a ajudava a tirar os

restos da linda lingerie, agora em retalhos, e já descia as meias de seda. Ela já sentia-o duro, pronto para afundar-se nela. – Uauuu. Está animado.

- Muito. Não foi só você a sentir falta de sexo, Rachel. Estou louco para ter você. Pra senti-la me apertando tanto que não vou aguentar e explodir dentro de você. – Ele aproveitou que ela já estava completamente nua e deitada na cama e parou para tirar a própria roupa. – Quer aqui? Ou quer no chuveiro? Adoro você molhadinha.






           

Vendo-o ali, tirando a roupa e exibindo a delícia que era cada pedacinho daquele corpo perfeito e que era só dela, Rachel pensou que não aguentaria ir até o chuveiro. Cada gominho destacado daquela barriga perfeita a provocava. Claro que com ou sem aval médico, eles transariam nessa noite. Mas ela conversou com Richard e ele lhe deu alta, além de lhe aplicar um contraceptivo injetável já que ela não podia engravidar nos próximos 6 meses. Estava liberada para usar o corpo de seu marido como bem entendesse.



- Aqui. E agora Neal. Eu já estou molhadinha pra você. – Disse enquanto descaradamente abria as pernas e tocava a si mesma. – Vai demorar muito aí? AAA Aqui está tão gostoso.



Quando ficou completamente nu e juntou-se a ela na cama, Neal puxou a mão com se tocava e levou aos lábios para sentir deu sabor.



- Gostosa! Deliciosa! – Chupou seus dedos com força e sentiu quando o corpo dela serpenteava sob o seu. – Mas quem tem o direito de te fazer gemer sou eu. Agora é oficial.



Ela não teve sequer tempo para acariciá-lo. Sentiu-o encaixando suas pernas ao redor da cintura dela e entrando sem aviso enquanto ela gritava e o arranhava nas costas. Como era bom senti-lo completá-la daquela forma, preenchê-la como se não sobrasse mais nenhum milímetro.  Estava grudada em seu corpo. Abraçava-o com braços e pernas, mantendo peito, ventre grudados para mantê-lo ali, dentro dela.



- Vem...mais! Mais Neal. AAA Vem! Vem! – Ela gritava e mexia o quadril sem permitir que ele saísse dela. – Eu que mais! Quero tudo! Vem!

- Gostosa! – Sentia-se cravado nela, todo, completamente dentro dela. Sentia-a apertá-lo muito. Ia gozar no calor dela. – Eu não aguento mais.



E desmanchou-se dentro dela enquanto ouvia seus próprios gemidos misturados com os dela. Só quando sentiu o braço cansado foi que Neal percebeu que Rachel estava agarrada nele de forma que não tocava o colchão e ele segura o peso dos dois. Ajeitou-a na cama bem abraçada nele e deixou que ambos recuperassem o fôlego antes de, aí sim, levá-la para o chuveiro.

Logo após fazer amor em baixo no chuveiro os dois se amaram novamente na cama. Enquanto Rachel dormia, Neal lembrava como tudo na sua vida havia mudado. Ele estava casado, tinha um filho, uma família que ele sempre sonhou em construir. E foi com esse pensamento que Neal beijou o topo da cabeça de sua esposa, sim, agora ele poderia dizer que aquela mulher era sua. E ele a amava apesar de todos os defeitos, assim como ela o amava como ele era.



Naquela manhã eles estavam cansados, depois de quase toda a madrugada acordados. Isso fez com que os dois ficassem na cama tomando o café. Não tinham forças no corpo. Mas sobravam marcas de dentes e unhas. Os meses sem sexo haviam sido longos e os deixado sedentos. Na ânsia de fazer tudo o que desejavam, gastaram todas as energias que possuíam.



- Que horas são? – Rachel perguntou.

- 11h45min. Deveríamos estar almoçando. – Neal respondeu. – Nenhuma ligação no celular. Sinal que George passou a noite bem.

- Estou com saudade dele...mas acho que consigo ficar aqui mais um pouco com você. Aquela banheira está me parecendo muito confortável. – Ela mordeu-lhe a orelha.

- Depois Rachel...me dê um tempo de descanso. – Ele ria e devolvia as mordidinhas.





Apenas no meio para o final da tarde Neal e Rachel deixaram o hotel. Desceram de mãos dadas o elevador e passaram na recepção para fechar a conta. Os beijos e carinhos entregavam que eram recém casados apaixonados.



- Sr. e Srª Caffrey, espero que tenham tido uma boa noite. – A recepcionista disse antes de surpreendê-los. – Há pouco entregaram uma encomenda para vocês. Um presente pelas bodas.



Eles estranharam. Não era para receberem mais nenhum presente, muito menos ali. Os convidados sequer sabiam que estavam ali. Tudo seria enviado para o apartamento deles. Antes de abrir já desconfiavam o que poderia ser e Neal já pegava o celular para chamar o FBI.



- Quando chegou e quem entregou? – Perguntou enquanto via Rachel abrir a caixa.

- Menos de cinco minutos, senhor. Por pouco não se encontraram. Era um homem alto e bonito. Disse que não precisava se identificar porque vocês saberiam de quem se tratava.

- Sim, nós sabemos. – Respondeu Rachel. O conteúdo da caixa não a surpreendeu.



Era mais uma foto. Dessa vez dos dois saindo da festa de casamento e beijando-se apaixonadamente. E um novo recado ameaçador. Parecia que tudo recomeçaria.



“Um dia suas sete vidas chegarão ao final. Meus pêsames ao casal”

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