domingo, 8 de junho de 2014

A Mentira - Capítulo 39: Fim








Algum tempo depois...
            Ana olhava aquele baralho de cartas muito especiais e torcia para Grey entrar na brincadeira. Espalhou uma a uma das cartas sobre a cama, tirou toda a roupa e sentou-se provocativa, exposta, sexy e do jeito que ele gostava.
            - Anastásia! – Gritou Christian ao entrar e vê-la apenas de salto alto e sentada em uma cadeira ao lado da cama. – E se alguém entrasse?
            - Você entrou. – Ela lhe sorriu. – Ninguém mais entra no nosso quarto Chris...por ordem sua, aliás.
            Ser sexy nunca foi um objetivo para ela. Alguns namorados, no entanto, disseram que ela era. Seu sorriso, o jeito de jogar o cabelo para trás, a forma de andar e de dançar. Era o que lhe falavam. Mas quando Grey entrou em sua vida, aí sim, passou a usar e experimentar sua sexualidade. Sentir-se uma mulher poderosa. Nos últimos meses haviam feito amor de todas as formas e lugares imagináveis. Cada superfície plana e nas não planas também. Aprendeu a seduzi-lo, a não esperar que ele a procurasse a cada noite. Ela dizia com gestos e palavras o que precisava e Grey adorava a satisfação de vê-la gritando de prazer.
            Ele fazia tudo o que pedia...menos voltar ao quarto de jogos ou qualquer cena que envolvesse sadomasoquismo. Grey continuava sendo Grey. Era possessivo. Era explosivo. Tinha dias feliz como um menino e outros com ares de quem carregava o peso do mundo nas costas. Mas era o seu Grey e o amava.
            - Eu quero jogar essa noite. – Afirmou apontando para as cartas. – Não me olha assim, Cris. Eu quero e você está me negando isso há tempo demais.
            - É que primeiro foi a gravidez, depois o nascimento complicado de Teddy, ele exigia tanto da nossa atenção que... eu quis respeitar o seu tempo, Ana.
            Ela lembrava bem de quando seu bebê correu risco ao nascer. Grey nunca confirmou. Mas ela soube que esteve em risco junto com Teddy. Mas isso era passado. Teddy estava perfeito no alto de seus sete meses e ela louca para ter um Dom só seu. E desobedecê-lo muito. Afinam, a aventura era a melhor parte da vida e CG era um homem deliciosamente surpreendente.
            - Então você quer brincar? – Ele a provocou. – Quer jogar?
            - Quero. Quero muito.                                           
            Christian caminhou até a cama e sob o olhar atento de Ana, recolheu uma a uma das cartas. Olhou-as, leu algumas das ordens que iam da sensualidade até a crueldade e as guardou no bolso.
            - Mas não vamos usar essas cartas. – Declarou simplesmente.
            - Mas porque?
            - Porque? – Peter aproximou-se dela e ergueu da cadeira. – Porque eu sou seu homem. E eu digo que não! Será que desaprendeu a obedecer? Virando uma menina mimada? Birrenta? Que terei de treinar novamente?

            Ana entendeu que eles não só iriam fazer uma cena como ele já assumira o personagem do Dom raivoso. Iria entrar na brincadeira. Adorava ele no modo Dom.
            - Eu não sou mimada! – Fez questão de morder o lábio ao falar. – Mas quero brincar com as cartas.
            Splaft, splaft, splaft! Anastásia sentiu três palmadas estalarem em seu bumbum e deu pulinhos em cada uma delas.
            - Quem manda na nossa cama, Ana? Eu mando. O seu Dom. E o meu papel é cuidar de você. Zelar por você. Pelo seu bem estar, pela sua felicidade. Nessas cartas têm coisas muito cruéis. Eu nunca deveria ter usado elas com você e nós nunca mais vamos usar. Porque não é a sorte ou o azar que deve dizer se você será machucada ou não. Eu não vou te machucar e ponto final. Isso não está em discussão.
            - Mas...
            - Sem mas! Obedeça-me! – Após a ordem bruta, Grey beijou-a com violência. – Espere-me em posição no quarto de jogos. Eu não preciso de um baralho de cartas para castigar minha escrava.

            Ana saiu pelo corredor completamente nua e entrou rapidamente no quarto de jogos. Somente 20 minutos depois viu Grey se aproximar. Quando ele lhe permitiu erguer os olhou viu que carregava aquele chicote de montaria que ela tanto amava. Era delicioso. Gozava de forma inigualável quando ele lhe batia no clitóris.
            - Como está, Cadela? – Sem aviso sentiu dois dedos serem enfiados profundamente em sua vagina. – Molhada. Louca pra apanhar, Ana. Você vai. Não se preocupe. Você vai.
            Amarrada, Ana realmente apanhou. Grey estava em sua melhor forma. Era um homem que usava o sadomasoquismo para a sua sensualidade e não mais descarregava no sexo todas as suas raivas do mundo. Aproveitava o sexo com a parceira e não mais lutava contra ela.
            Quando soltou as amarras de Ana e levou-a no colo para o quarto, ambos estavam satisfeitos e felizes pela vida que haviam construído. Eram bem resolvidos sexualmente. Anastásia não tinha nada de submissa, mas aceitava fingir em uma ou duas noites. Era o preço a pagar por orgasmos fantásticos. E, conforme Grey mesmo aceitava, o que eram algumas noites de submissão, quanto ela tinha a vida toda como sua rainha?
            No dia seguinte todos viajaram para a capital. Ana queria rever os tios e José, além de dar andamento em alguns negócios que a sua empresa, aberta nos tempos de separação. Nunca deixou de ser empresária. Tocava sua vida como podia porque, como diziam, tinham uma vida na cidade e outra na fazenda. E não queriam abandonar a nenhuma delas. Outro compromisso era algo que Grey votou contra, mas ela deixou claro a quem cabia a decisão.
            - É minha prima. E desejo vê-la. – Disse-lhe.
            Christian sabia o quanto Anastásia podia ser teimosa. Acompanhou-a então e ficou esperando na rua. Não queria olhar para Alice. O fato de ela estar há muitos meses presa há uma cama não lhe despertava nenhuma piedade. Fora um castigo merecido. Ela vivia em um apartamento bancado por José e cuidada por uma enfermeira. Raramente recebia visitas e estas sempre que vinham, saíam expulsas por suas grosserias.
            - Olá priminha. Já viu que continuo entrevada nessa cama. Já pode ir. – Foi como Alice recepcionou Ana.
            - É. E a língua continua afiada também.
            - Saia!
            - Quando eu quiser...ou você pedir com educação. Encare como uma lição de vida. – Ana tinha muita paciência com a prima, por mais que Alice não merecesse. Era dura com ela, mas ao menos a visitava quando podia.
            - Não preciso de suas lições. Porque não vai gastar seu tempo com seu filho e seu marido?!??! Não são perfeitos?!!??!
            - Sim, Alice. Eles são perfeitos. Teddy e Christian são minha vida. Mas você faz parte dela também...e passa os dias nessa cama porque quer. Tem uma cadeira de rodas novinha. Poderia ir pegar sol todos os dias.
            - Nunca! Ninguém me verá assim, entrevada! Suma daqui! Saiaaaa! Eu quero que você morra, Ana. Morra! Suma daqui.
            - Cuidado Alice. Você já teve provas de que desejar o mau dos outros atraem coisas ruins. – Ana se dirigiu para a porta. – Tenha um bom dia, Prima.

            Quando Anastásia deixou o apartamento, Grey a abraçou.

            - Tudo bem? – Ele perguntou.
            - Tudo...normal. Ela não aprende. Provavelmente vai envelhecer bradando seu ódio. Se usasse toda essa energia para algo bom, Alice poderia ser alguém genial. Mas ela concentra tudo para o mau. É uma pena. Mas foi a escolha dela. Então que lide com as consequências.

            Alice ficou esquecida e eles seguiram suas vidas. Marido e Mulher. Dom e Submissa. Pais de Teddy. Sócios nos negócios. Parceiros na vida. Juntos para o que viesse.

FIM

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