segunda-feira, 3 de março de 2014

A Mentira - Capítulo 35: Grey, Christian Grey




Aquela casa trazia muitas lembranças ruins...mas algumas muito sensuais. O ‘quarto vermelho da dor’ ainda estava lá. E Ana, por mais que tivesse tentado, nunca teve medo daquele lugar. Submissas teriam medo dali, saberiam que era um lugar de sofrimento, mesmo que também trouxesse alívio sexual. Só que a sua Anastásia estava longe de ser submissa. Ela portava-se como uma rainha naquele cômodo. E precisava dela novamente.
            - Então você não vai me dizer que esse bebê é meu, Anastásia? – Grey perguntou olhando nos olhos.
            Ela via aqueles olhos mudando de cor, ficando mais escuros. Christian entrando do modo Grey. Resolveu entrar na brincadeira.
            - Eu não sei Christian. Vamos ter que esperar o exame de DNA. – Ana continuou mentindo, sabendo a raiva que um homem possessivo com Grey sentiria ouvindo que seu filho podia não ser ‘seu’.
            - Eu acho que você terá que descobrir de quem ele é, Ana.
            - Mas como? – A cena estava começando.
            - Eu garanto que até o fim dessa noite, você vai reconhecer que esse bebê é meu. Posso ser muito rigoroso como mulheres desobedientes. – Olhou-a bem, buscando alguma reação negativa. Não viu nada. – Vá para o quarto de jogos. Quando eu entrar, quero que você esteja em posição. Lembra?
            - É claro. – Foi a resposta e Grey soube que Ana realmente queria jogar.

            Ficou fazendo hora na sala, imaginando-a se despindo e se colocando de joelhos, como ele lhe ensinou. A postura de submissa, cabeça baixa, sem encará-lo, a entrega completa. Só de pensar em tê-la a sua disposição naquele quarto. Dessa vez sem ódio, sem vingança. Só o prazer de tomar posse daquele corpo num ambiente onde ser ‘dominador’ não era ruim. Podia deixar sua natureza dominadora fluir naturalmente, sem ter de se segurar.
            Quando entrou no quarto de jogos, encontrou-a lá, preparada e entregue a cena que fariam. Seria tudo um grande teatro. Anastásia encarava o quarto assim. Mesmo fazendo o papel de submissa, Ana sentia-se poderosa. Talvez fosse assim que ela se mostrava mais poderosa. Sabia que mesmo ajoelhada no chão, o tinha preso a ela de todas as formas. Ana não precisava de algemas ou chicotes para mantê-lo cativo.



            - Olhe para mim, Anastásia. Eu permito. – Disse-lhe.
            Ana ergueu os olhos, eram desafiadores. Ela não tinha um grama de submissão no corpo.
            - Christian...achei que tinha esquecido de mim, aqui. – Ela falou para provocá-lo. A pequena sedutora ainda mordia o lábio só para deixá-lo com mais tesão.
            Teria que ensiná-la uma lição.
            Ergueu-a do chão e puxou o cabelo para trás fazendo  com que ela o encarasse.
            - Do que me chamou? Christian? Esqueceu onde está, Anastásia?
            - Não, SENHOR. Desculpe-me. – Ana sussurrou.
            - Ótimo. Agora pare de morder o lábio...antes que eu precise te castigar mais do que pretendo.
            Nessa hora Anastásia sentiu um arrepio na nuca. O que ele ia fazer? Não tinha medo, estava excitada com as possibilidades que aquela noite lhe prometiam. Ele não ia feri-la. Não! Grey sabia bem o que ela aceitava e o que estava fora de cogitação. Ainda mais agora que não tinham mais segredos, mentiras e vinganças agourando o relacionamento. Estava entregue nas mãos dele.
            - Vamos usar as cartas, Senhor? – Ela lembrava daquele baralho que dizia um castigo. Quando o viu pela primeira vez, sentiu medo. Agora não.
            Ele surpreendeu-se com isso. Ana queria brincar de cartas? Ela teve sorte das outras vezes. Pegou castigos leves. Quando pensava no quão cruel poderia ter sido, ainda pior do que a realidade se apresentou, se assustava.
            - Não, Ana. Sem cartas. – Agora falou certo. – Elas têm coisas muito cruéis para iniciantes como você. Chega de brincar com a sorte.
            Grey levou-a até um ponto do quarto onde não havia nada além de um gancho no teto. Teoricamente, o local serviria para amarrá-la e deixá-la ali por toda a noite. Seria um grande castigo. Ela amanheceria dolorida e cansada, entregue a qualquer desejo seu. Mas não era isso o que desejava. Aquele gancho só teria a utilidade de imobilizar-lhe as mãos por algum tempo. Não ia judiar muito dela.
            Prendeu Ana com a ajuda de uma algema e se afastou para olhá-la. Linda. A barriga não aparecia muito, era apenas uma curva. Os cabelos castanhos ainda caíam nas costas. Aproximou-se e trançou-os calmamente.
            - O Senhor gosta do meu cabelo trançado. – Ela disse.
            - Eu gosto de você, Anastásia. Simples assim. – Ele respondeu deixando as mãos correrem por seu corpo.

            Começou a provocá-la, senti-la. Ana se excitava rapidamente, ficava afogueada, com a pele vermelha. Ele se abaixou e foi acariciando-a desde o tornozelo, contornando sua perna, apertando a coxa, marcando o bumbum. Encaixou-se nela, trouxe Ana para si.
            - Eu te quero, Chris. – Anastásia gritou.
            E a resposta foi um tapa no quadril.
            - Eu te quero, Senhor. – Ela se corrigiu.
            Mas sentiu outro tapa forte exatamente no mesmo lugar.
            -Ai!!! – Queixou-se. Agora ardia.
            - Eu vou te comer na hora que eu quiser, Anastásia. Nem um segundo antes. Entendeu?
            - Sim, Senhor.

            Mas Christian sabia que a brincadeira não iria longe. A desejava também. Aquele quarto tinha o cheiro dela. Pegou o chicote de montaria, o único que ela gostava, e começou a provocá-la. Evitou a barriga e os seios, devia estar sensível nesses lugares e mesmo os golpes delicados poderiam incomodá-la. Não podia correr o risco de Ana se arrepender de lhe dar outra chance.
            Chicoteou suas coxas algumas vezes. A parte de trás. Depois o bumbum, branquinho. Até deixá-lo mais rosado. Era uma cor linda. Ela gemia deliciosamente.
            - Está gostando, Ana? – Perguntou enquanto mordia seu pescoço. – Colocou dois dedos dentro dela.
            - Sim...adorando. – Ana gemia.
            - Ótimo! Vamos ver agora. Afaste as pernas.

            Ana o fez achando que ganharia carinhos mais profundos, mas não. O chicote é que passou a estalar na parte interna de suas coxas. Ela se assustou e, por instinto, fechou as pernas.
            - Vai me desobedecer? – Grey não estava bravo de verdade. Era tudo um jogo. – Vai fechar as pernas pra mim?
            - Não, não. – Quando tornou a abri-las o chicote a castigou, estalando onde mais queria que Grey tocasse.

            Eles transaram ali mesmo. Christian apenas lhe tirou a algema para não ficar com os braços doloridos.
            - E aí? Vai reconhecer que o bebê é meu? – Ele disse depois dos dois terem relaxado após o sexo. – Ou vou ter que fazer mais algumas coisas?
            Ana riu.
            - Olha...eu acho que ainda não estou convencida. Quem sabe com uma ou duas noites como essa eu...reconheça que o filho pode ser seu.
            - Que ele ‘pode’ ser meu? – Ana queria brincar com fogo? – Eu posso reconsiderar, Ana...e fazer uso de algumas brincadeirinhas mais agressivas...se é o que você quer.

            Ana seguia sorrindo, feliz. Confiava nele. Não acreditava que iria realmente machucá-la. Mas parou de judiar. Não era justo ficar mentindo assim. Mesmo que a verdade estivesse gritando ali para ele ver, Grey precisava ouvir dela.
            - Sim, Chris. O filho que eu estou esperando é seu. Claro que é seu. Como poderia haver alguma dúvida?
            Grey beijou-a. realmente. Não havia como ser de outra forma. Ele sabia. Ele sentia. Mas precisava ouvir as palavras. Levou-a nos braços até o quarto deles. E lá passaram um fim de tarde e noite felizes.
            Na manhã seguinte, a vida se apresentou novamente. Com todos os seus problemas. Eles tomaram café na cama, juntos, mas logo Ana disse que precisava voltar para a capital. Grey achou-a fria ao amanhecer. E sentiu medo. Será que mais uma vez Ana iria dispensá-lo depois de transarem.
            - Eu quero que você fique.
            - Não posso, Christian. Tenho a empresa...e tenho outras coisas para resolver.
            - Como assim?
            - Eu ainda não aceitei todas as minhas contas com a Alice, Chris. – Ela estava muito séria. – Você eu consigo entender, eu consigo até aceitar. Mas a Alice não! Ela não pode sair ilesa disso tudo e ainda por cima ficar casada do José! Não é certo!
            - Você tem ciúme do seu primo. É isso?!?!? Estava na minha cama agora e está querendo que ele se separe para voltar com ele? É isso!?!?!?!
            - Pode parar Christian Grey! Nem voltamos direito e você já me vem com cena de ciúme?! Nem começa!
            Eles tinham problemas, não adiantava voltarem as boas na cama e continuarem sem confiança. Christian achou que estava lhe devendo algo. Ana representava tanto e ele ainda lhe devia uma coisa.
            - Você ainda não me perdoou, Ana? É isso? Eu peço perdão Ana. Eu imploro. Não me abandona. Eu preciso de você, Ana.
            Assustado com a possibilidade de perdê-la, Grey deu-se conta de que nunca lhe pediu perdão adequadamente. Rápido e com a força do sentimento que tinha por ela, se pôs de joelhos e disse o que a tempos deveria ter feito.
            - Eu sei que eu errei, Ana. Muito. O que eu fiz foi terrível...eu...provavelmente eu não me perdoarei nunca. Mas, por favor, me dá mais uma chance e fica comigo. Me perdoa? Diz que vai me dar uma oportunidade, de verdade, como seu marido. Sim? Responde, Ana. Você voltará a ser a minha esposa?

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