terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Dupla Perseguisão - Capítulo 18












 ( N/A: Abram e deixem a música de fundo)

            O tempo era o mesmo para todos, mas passava de forma diferente para cada um. 

Neal e Rachel experimentaram isso nas semanas que se seguiram a fuga dela dos EUA. Com a ajuda de Zurik, ela se instalou na Grécia. Desde a viagem ele foi um grande amigo. Não foram direto para a Europa. Fizeram uma parada numa pista clandestina do México, para um médico embarcar. Ela e George foram examinados.

- Estão em perfeita saúde. É só cuidar para o umbigo cair e quando se estabelecer em algum lugar procurar um pediatra para lhe dar as vacinas.

Durante o voo de várias horas, ela pode descansar e realmente se recuperar do parto. George dormia e acordava em intervalos muito curtos, ela dava o peito e logo estava dormindo novamente. Era um bebê calmo, mas que exigia atenção quando estava acordado. Zurik se ofereceu para carregá-lo e ela não aceitou. Confiava nele, a questão é que precisava do filho junto ao peito para se lembrar que tinha de conseguir novamente se reinventar. Despediu-se de Zurik assim que desembarcou em Atenas. Era melhor assim. Caso o FBI ou a MI5 chegassem nele, mesmo que quisesse falar, Zurik não saberia onde estava. Antes ele ainda perguntou se ela precisa de mais alguma coisa e lhe deu um conselho.

- Se pretende ficar com o garoto escondida, não o registre ou o faça num povoado bem escondido onde ninguém nunca vá procurar.
- Farei isso. Obrigada por tudo, Zurik.
- Você tem meu contato, precisando...estamos aí.

Antes de ir até seu destino final, registrou George num vilarejo qualquer. Na certidão ele era filho de Rachel Turner e no lugar do nome do pai aparecia a palavra DESCONHECIDO. Não gostou de fazer isso. Poderia ter comprado uma certidão de nascimento falsa para o filho, mas não o fez. Ele não iria ser uma mentira desde o início. O FBI não fazia ideia de onde estava e a Grécia não tinha acordo de extradição com os EUA. Levariam muito tempo para poder colocar as mãos nela. E quando sentisse o cheiro de polícia, fugiria novamente.

Logo instalou-se na ‘Praia Branca’, uma das mais tranquilas da Ilha de Santorini. A beleza do lugar era um espetáculo.



            No povoado onde viviam muitos pescadores e artesãos, a grande fonte de renda vinha do turismo. A ilha era cheia de hotéis. E foi isso que os moradores pensaram que fosse: uma turista muito branca e ruiva. Depois, com o passar do tempo, alguns se aproximaram. Achavam lindo seu bebê tão novinho e estranhavam ela não estar acompanhada de um homem. Resolveu seguir com o nome Rebecca. O FBI não imaginaria que ela usava esse nome ainda. Estaria segura. Teve de inventar uma história.

            - Sou viúva. – Disse em um grego enrolado. Sabia pouco desse idioma. – Meu marido morreu quando eu tinha três meses de gravidez. Eu quis mudar de ares e dar uma nova vida ao meu filho. Espero que me aceitem aqui na ilha de vocês.

            A história pareceu comover a todos. E George logo tornou-se querido no lugar. Mas não deixava ele passar de colo em colo. Preferia que estivesse sempre em seus braços. Ficava mais segura assim. Alugou uma casa simples e confortável. Organizou tudo na primeira semana. Estava estabelecida na bela praia e...feliz. Sim, feliz. Entardecer vendo o por do sol com seu filho nos braços era motivo suficiente para lhe fazer sorrir.



            Mas a felicidade não estava completa. Havia dois buracos abertos em seu peito. Um era Neal. Ele continuava habitando seus pensamentos. Como não podia fazer nada a respeito, seguia tentando afastá-lo. O problema era olhar para o filho dele e ver em seus olhos azuis o mesmo ímpeto, o mesmo brilho. George tinha muito mais que apenas o nome do pai.

            O outro buraco a ser fechado era Nicolle...sua mãe. Agora, com seu bebê nos braços, entendia que a maternidade era sim capaz de levar uma mulher a qualquer loucura. Se ela cometeu tantos erros na vida e sua mãe sempre esteve a seu lado, não podia abandoná-la sem lhe deixar ver o neto tão amado. Rapidamente armou um plano que podia funcionar. Tirou uma foto com seu bebê e junto a um bilhete salvo em Word anexou a um e-mail. Era bom ter muitos contatos.


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De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Tom Cliff (tom.cliff@yahoo.com.USA)
Hora: 13h07min
Assunto: pombo correio

Oi;

Preciso de um favor. Imprime o que está em anexo e envia por correio para esse endereço: Rua  Cinquenta e Três com a Nova. Nº  43 , Bairro : Brooklyn, NY.



Pode colocar remetente ou não. Não vai te dar nenhum problema. Se alguém te perguntar, diga a verdade: não sabe onde estou.

Delete o e-mail.

Obrigada!

R.
_________#___________

No dia seguinte recebeu a resposta.
De: Tom Cliff (tom.cliff@yahoo.com.USA)
Para: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Hora: 19h40min
Assunto: RE: pombo correio

Feito!

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            Sorriu pensando que mais uma vez ia conseguir enrolar Peter Burke. As batalhas eram ganhas pelas pessoas mais espertas. E Burke não ia lhe vencer. Nem mesmo com a ajuda de Neal Caffrey!

            O chorinho de seu filho a tirou desse pensamento. Deu de mamar, trocou a fralda e colocou para dormir novamente. A canção de ninar ecoava pelo quarto para lhe dar bons sonhos.

            - Dorme...a mamãe está aqui pequenino.


            Para Neal aquele foi o mês mais longo e difícil de sua vida. Nem mesmo quando esteve preso os minutos demoraram tanto a passar. Passava as horas livres olhando para um globo e tentando imaginar onde Rachel e George estavam.

            No início Peter achou que eles tinham uma boa pista com o tal Zurik. Investigaram e descobriram que se tratava de um conhecido contrabandista que já havia cumprido pena no passado. Agora, a princípio, estava limpo. Seria fácil dar uma prensa nele. Não iria querer se complicar só para ajudá-la. 

Enganou-se feio:

            - Não sei do que está falando. – Ele disse ao ser trazido para depor.
            - Não minta Zurik...não temos nada contra você. Só queremos pegá-la.
            - Não sei onde Rachel está, se quiser me colocar numa daquelas máquinas que averiguam mentiras, pode por. Não sei.
            - Você não a viu então? – Peter tinha em mãos, virado para a mesa, uma imagem de câmera de segurança que mostrava Zurik e Rachel na pista de decolagem. Infelizmente não tinham provas de que ela entrou no mesmo avião que ele. – Vai me dizer que não a vê há muito tempo?
            - Não, Agente Burke. – Zurik era espero e imaginou o carta na manga de Peter. – Eu cruzei com ela faz um tempinho num aeroporto qualquer. Acho que ela estava desembarcando...mas foi coisa rápida. Só trocamos um ‘boa tarde’.
            - Isso é mentira! – Peter se exaltou.
            - Prove. – Zurik respondeu com toda a calma do mundo.

            Dalí não tirariam nada e Neal desconfiava que ele realmente não sabia onde Rachel estava. Ela era boa demais para sair deixando rastros.

            Sua última esperança era Henry Roussel. Preferia ter voltado até a sua casa e conversado amigavelmente, implorado até. Peter preferiu chamá-lo ao FBI. Não conseguiram absolutamente nada.

            - Eu não sei onde ela está, Agente Peter Burke. Pelo que Nicolle me contou elas estão brigadas e Rachel não fez contato com ninguém. – Ele estava muito tranquilo.
            - Eu sei que você esteve com ela, Henry. Tirou fotos dela, inclusive. Se não quiser se complicar com a justiça, acho melhor abrir o jogo. – Peter ameaçou.
            Henry virou o rosto lentamente e olhou nos olhos de Neal. Depois tornou a encarar Peter.
            - Eu encontrei com Rachel? – O tom era provocador. – Prove!
           
            Já se passavam 15 dias do nascimento de George quando Nicolle foi chamada na delegacia. Ela sentou-se na sala de interrogatório de cabeça erguida, firme e desafiadora. Olhava Peter com determinação e observava Neal atentamente.

            - Nicolle Turner, pode nos dizer onde esteve nos últimos meses? – Peter já imaginava que ela ia mentir descaradamente e foi com calma. Queria pegar contradições.
            - Viajando. Precisava espairecer. – Foi a resposta.
            - Viajando por Guttenberg? – Peter questionou.
            - Passei por lá...e por muitos outros lugares também. – Nicolle disse. – Mas o senhor não deve ter me chamado aqui para isso? Interesse nas minhas...férias prolongadas?
            - Não, realmente não. O interesse do FBI está nas férias prolongadas que sua filha está tendo em algum lugar do mundo. Onde ela está?
            - Não sei.
            - Onde vocês estavam escondidas até a noite em que ela deu a luz? – Sabiam a cidade, mas não o endereço. Peter olhou para o lado e encarou Neal. – Ele é o pai do bebê. Tem direitos sobre essa criança. Ao roubar a criança, Rachel está cometendo mais um crime.

            Nicolle encarou Neal.

            - Você é o pai do meu neto? É bom conhecê-lo...me diga uma coisa: como se sente sabendo que a mulher que você desprezou hoje tem o que você mais queria?
            - Não foi como você pensa. – A raiva com que Rachel falava dele deixaram sua mãe pensando que ele era um monstro.
            - Nunca é...nada nunca é como pensamos.
            - Não foi para esse tipo de conversa que a chamei aqui, Sra. Turner. – Peter interferiu. – Rachel tem dívidas com lei e será encontrada. A senhora deveria reconhecer que ela é uma assassina e nos auxiliar. Acha que será bom para o seu neto crescer junto a uma assassina?
           - Oraaa Agente Burke...nota-se que o senhor não tem filhos. Se tivesse iria entender que não importa o que minha filha fez, eu sempre vou amá-la acima de qualquer coisa. E ela vai amar o filho.
            - Ela descumpriu leis!
         - Leis não são nada comparadas ao amor de uma mãe por seu filho! – Ela riu. – Mas não adianta discutir isso com um homem do FBI. Essas agências de governos enrijecem vocês. Vivi com um agente por anos e vi isso.
            - Basta! – Peter gritou. – Onde está Rachel Turner? Eu sei que você esteve com ela por meses.
            - Prove o que está dizendo, Agente Burke. – Ela também o desafiou. – E encontre Rachel...se puder. Agora, se acabamos, adeus.

            Peter terminou toda essa sequência de interrogatórios com raiva, ódio até. Eles estavam lhe fazendo de bobo e o tempo todo desafiando-o a encontrar Rachel. E ele ia fazer isso. E somando todas as provas de que tinha contra ela, garantiria que ficasse pra sempre na prisão.

            Neal acabou aqueles dias um tanto depressivo. Estavam na estaca zero e convicto de que só colocaria os olhos em Rachel novamente se ela assim desejasse. A verdade é que Rachel era realmente muito boa no que fazia. E ele odiava o quão boa ela era. 

            O pior era que os casos não lhe interessavam mais, não eram desafiadores, só serviam como amarras que o impediam de ir procurar por seu filho. Nem o vinho lhe atraía mais. Ficar bebericando um vinho fino enquanto conversava com Mozzie era útil para abrir as ideias...agora não queria pensar, não queria conversar. Só queria beber. E beber muito! Até esquecer.

            Fez muito isso nos dias que se seguiram. Quando estava no trabalho, a rotina corrida o impediam de pensar. Quando não estava no FBI, saía para algum bar e bebia tudo o que podia.

Mas outro assunto também movimentou a divisão de colarinho branco. O roubo a banco ocorrido há tantos meses e ainda sem resolução ganhou um novo rumo na investigação. E uma suspeita: Lucy Moore. Ao que parece a bela loira teve seu sigilo bancário investigado e seus gastos não acompanhavam seu salário. Além disso, outras duas instituições financeiras nas quais atuou também haviam sofrido golpes no período de sua passagem pelas empresas. Era coincidência demais. Porém ainda teriam que comprovar.

            - As mulheres resolveram escrever IDIOTA na minha testa, só pode. – Neal disse logo que Peter comunicou à equipe a reviravolta.

            - Neal...a...eu acho que te deve desculpas nessa. Fui eu que incentivei tudo.
            - Deixa pra lá Peter. Ela não representou 10% do que foi a Rachel mesmo... – Depois que falou se arrependeu. Preferia que Peter não soubesse o quando Rachel ainda era importante.
            - Ok...vamos fazer uma busca na casa dela. Ela não é tão eficaz quanto Rachel nos golpes. Acho que logo a teremos presa.

            Em uma madrugada de sábado para domingo, ele estava num bar e já tinha tomado todas que podia quando Peter apareceu. Tinha seguido o sinal da tornozeleira. Claro...ele era o animal de estimação do FBI. Fazia tudo o que mandavam e o que ganhou com isso? AAAA claro! Já ia ganhar a liberdade. Grande coisa! Ser livre pra que?



         -   Neal! O que você acha que está fazendo?
-   Naaaada. – A voz tremia. – Eu não posso fazer nada! Acabou! Eu tentei...mas ela provou que é melhor que eu, que nunca vou encontrá-la.
-   Bobagem! Eu encontrei você...juntos nós vamos encontrar Rachel e o seu filho. Vamos devolvê-la para a cadeia e pegar o seu filho de volta.

Neal riu dele. Riu largamente. Da forma como somente um bêbado era capaz.

  - Vão não entende mesmo, né Peter? Eu quero ela também...eu amo ela. Rachel é minha! Eu não ligo para o que ela fez! Não ligo!

Peter ajudou-o a se levantar e o levou embora do bar. Levou-o até seu apartamento onde Mozzie aguardava. Depois de tantos anos, Peter e Mozzie já se consideravam amigos, mesmo que não reconhecessem.

- Fica com ele? Não deixa fazer mais nenhuma besteira. – Peter sabia que ele estava bem consciente. – Na segunda, quando você estiver sóbrio, nós vamos conversar seriamente sobre o seu futuro.

No domingo Mozzie adiantou o papo com Neal. Era óbvio que o engravatado iria lhe propor um trabalho no FBI. A questão era se Neal estava disposto a fazer isso para o resto da vida ou se seus instintos de criminoso ainda falariam mais alto. Lhe acordou com um xícara de café e uma conversa franca. 

- Nós podemos simplesmente sumir. Você pode procurar Rachel por conta...ou...
- Ou o que? – Ele perguntou emburrado.
- Ou colocar uma pedra nesse assunto e...deixar Rachel aparecer no tempo dela. Talvez um dia ela perceba o erro que cometeu.
- E perder toda a infância do George? Não! Eu vou continuar procurando. – Só não sabia como.
- Com ou sem o FBI? – Mozzie pressionou. – Você tem de decidir se quer um crachá do FBI ou a sua liberdade completa.

Neal o analisou antes de falar.

  - Se eu escolher o FBI, perco você?
            - Não...só terei que mudar meus métodos...por mais algum tempo. Duvido que aguente muito tempo batendo ponto. Vai ficar até encontrar Rachel e depois sair. Você não nasceu para isso, Neal.
            - Sabe que as vezes eu acho que eu poderia passar a vida fazendo o que faço?
            - É...e ganhando o que ganha no fim do mês?
            - Isso a gente vai ter que negociar. – Reconheceu.
            - Será FBI então?
            - Sim...por enquanto. É a minha melhor chance de achar Rachel.

            Mozzie mexeu nos óculos e pensou se haveria hora melhor para falar o que tinha em mente. Resolveu que não.

            - Eu não teria tanta certeza, Neal. Acho que nós temos uma aposta bem mais interessante.
            - Você tem um plano? – Neal voltou a ter esperança.
            - Eu sempre tenho. Mas, se vai virar consultor contratado do FBI, acho que devia chamar Peter para participar. Ele vai nos ajudar.
            - Do que se trata?
           - Se acerte com Peter, tire a tornozeleira do pé e depois nós três vamos achar Rachel. Usando meus métodos.

            Neal não estava entendendo uma coisa.

            - Por que chamar o Peter? Ele quer prendê-la e você gosta da Rachel.
            - Rachel é boa no que faz. Temos mais chances com o Peter com a gente. Depois a gente vê o que faz. Eu vou me aliar temporariamente a ele...não totalmente.

            Em mais alguns dias, Neal ganhou a liberdade e finalmente tirou a tornozeleira definitivamente.



            O acordo agora era um contrato de trabalho oficial onde ele recebia um salário bem interessante para auxiliar o FBI com seus conhecimentos diferenciados. Fechada essa etapa, restava colocar em prática o plano de Mozzie para encontrar Rachel.

            Era um tiro no escuro, mas não tinham muitas alternativas. O plano era tentar entrar no computador de Rachel para vigiá-la, quem sabe localizá-la. Para isso, precisam instalar um software espião...e ele chegaria ao computador dela pela internet, caso eles conseguissem entrar em um computador com o qual ela fizesse contato.

            - Entendo. – Peter achava loucura, mas era uma ideia interessante. – Temos Henry e Nicolle.
          - Henry não. – Neal decretou. – Ele é da área de TI. Não vai demorar muito para notar algo de estranho em seu computador pessoal.
            - Nicolle então. Mas como faremos isso? – Peter já tinha concordado com o plano.
            - É por isso que você foi convidado a participar do golpe, Peter. – Mozzie disse, petulante. – Não apenas por isso, mas também.  Nicolle não tem muita simpatia por Neal, não vai recebê-lo como amigos em casa. Mas com um mandado ela será obrigada a abrir a porta para vocês. Enquanto vocês a distraem, eu instalo o programa espião no computador dela. Como a casa tem um escritório, o normal é que o computador fique lá.
            - E se não ficar? – Peter questionou.
            - Teremos de improvisar.

            As coisas realmente não foram como esperado, mas não pelo lugar do computador. Nicolle não os recebeu mal. Nem foi necessário usar o mandato. Ela ficou sim surpresa por vê-los lá.

            - Neal, Peter. Entrem. – Ela lhes serviu café. – Alguma novidade?
            - Não. – Neal respondeu. – Nós é que viemos perguntar se teve alguma notícia de Rachel.
            - Eu não tenho nada para dizer para um policial, Neal. – Houve um breve silêncio. – Talvez eu tenha algo para mostrar para o pai do meu neto.

            Isso mudou os planos de Neal. Havia algo ali. Não sabia se Mozzie tinha conseguido entrar...mas percebia que não sairia daquela casa de mãos abanando. Olhou para Peter pedindo silenciosamente que ele saísse da casa. Novamente Nicolle os surpreendeu.

            - Ele pode ficar. – Ela estava...feliz. – Mas meu assunto é com você, Neal. Vamos para a cozinha. Está lá o que quero te mostrar.

Quando chegaram ela foi direta.

            - Hoje seu filho, meu neto, completa...
            - 45 dias. Eu sei. Não esqueço nunca a noite em que ele nasceu.

Peter apenas observava calado. Estavam sentados à mesa e ela tinha uma pilha de diferentes envelopes nas mãos.

            - Eu também não esqueço aquela noite. Por vários motivos. – Ela estava emocionada. – Mas ocorre que uma semana depois daquela noite eu recebi um primeiro envelope, que alentou meu coração e, acho, fará bem ao seu. – Ela jogou o conteúdo sobre a mesa. Uma foto de Rachel com o bebê e uma carta digitada.


            Mãe!
            Você é avó do menino mais lindo do mundo. Ele tem os olhos azuis e os cabelos, parece, serão escuros. Meu menino é saudável.
            Desculpe não dar notícias por tantos dias. Sim, eu estava magoada, mas eu te amo. E agora, com esse pacotinho nos meus braços entendo o que você fez. Você é a minha mãe e sempre será.
Não posse te dizer onde estou, mas saiba que estamos bem. Quando puder eu entro em contato.
            Neal observava a foto emocionado. Peter estava mais focado em outra coisa.

            - Arizona diz no envelope. – Disse. – Então ela ainda está nos EUA.
            - Meu assunto não é com o Sr. – Ela ignorou Peter. – Neal...alguns dias depois chegou esse outro envelope. Dessa vez só com a foto.


            O segundo envelope vinha da Alemanha. Isso deixou Peter confuso. 

            Neal não estava ligando para nada além das fotos.

            - O próximo chegou quando o bebê completou 1 mês. E, se deseja saber Agente Burke, esse veio da Austrália. Veio com uma foto e um breve bilhete.




Vovó!
Vamos comemorar meu primeiro ‘mesversário’.
Estamos bem.
Um grande beijo


Neal estava em choque. Já tinha ouvido pelo fone que usava Mozzie dando sinal que estava pronto. Já estava na rua. Mas não queria ir embora. Porém não entendia o porquê de Nicolle estar fazendo aquilo por eles.

            - Por que está me mostrando isso?
            - Por causa do que veio no envelope mais recente que recebi. Veio da Rússia e trazia uma carta um pouco mais extensa.


Oi, mãe;

Estou feliz. Passo boa parte de meus dias assim: segurando meu filho. Ele está crescendo tão rápido! Sabe....preciso te agradecer por ter insistido para ele nascer. Ele mudou minha vida. George tem pouco mais de um mês e já me tem completamente presa em suas mãozinhas.
Quer saber, mãe? Eu não tenho mais raiva do Neal. Como posso sentir algo assim por quem me deu o melhor presente do mundo, meu filho George? Impossível. Ele é tão novinho...mas eu já vejo o Neal nele.
Talvez eu nunca o tenha odiado. Talvez ele estivesse certo...ele estava com raiva porque eu o enganei. Me faz um favor? Procura ele e mostra as fotos. É justo que ele veja o filho. Não se preocupe com o FBI. Não estou deixando rastro algum. Aqueles imbecis nunca vão me achar.
Bjs


            Neal foi para casa com um sorriso no rosto. Tinha visto o filho e conseguiu convencer Nicolle a deixá-lo fazer cópia de tudo. Peter estava furioso porque além de ser chamado de imbecil, ainda teve de aceitar que aqueles envelopes vindos de vários países o desafiavam. Mozzie estava orgulhoso. O software estava instalado.


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