domingo, 2 de fevereiro de 2014

Dupla Perseguição - capítulo 9

Eles sabiam que Rachel viria, mas ainda precisavam saber quando e encontrar uma forma de afastar Petter. Talvez Elizabeth fosse de grande ajuda...sem saber é claro. Mas primeiro precisam ter certeza do que Rachel fará.
               
Mas nada...silêncio total...

Compenetrada, Rachel trocava e-mails com um antigo parceiro. Chegaram a fazer um ou dois roubos juntos. Ela já o tinha tirado da cadeia certa vez...podia cobrar o favor agora que ele estava por cima. Enviou uma mensagem por um e-mail seguro. O FBI não tinha ideia das alternativas que possuía.

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De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Hora: 11h22min
Assunto: SOS

Preciso de você.

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Não demorou 15 minutos sua caixa de entrada estava com a resposta.

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Para: RTurner (RT_red@Live.com.USA )
Hora: 11h34min
Assunto: RES: SOS

É só falar. Estou a disposição.

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            Não pode evitar sorrir diante de tal prova de compromisso, lealdade. Quem disse que não existe ética entre bandidos? Zurik lhe era fiel. Respondeu rapidamente.

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De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Hora: 11h42min
Assunto: Fique ligado

Preciso de uma rota de fuga segura pra fora dos EUA. Não pra agora. Daqui a alguns meses. Mas tem que tá tudo acertado pra uma fuga de emergência. Se for necessário. Tem que ser quente, não pode falhar.

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Para: RTurner (RT_red@Live.com.USA )
Hora: 11h50min
Assunto: Sempre ligado

Já te deixei na mão alguma vez? Os negócios...rsrs vão bem. Estou com brinquedinho próprio. Com meu avião, te coloco onde desejar no planeta. Fica num hangar no Alabama. Consegue chegar lá?

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Isso era muito longe. Dias de viagem de carro. Não.

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De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Hora: 12h02min
Assunto: Problemas

Muito longe. Não conseguirei chegar. E aquela pista em Nova Jersey? Já usamos para outras travessuras. Não pode me pegar lá?

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Para: RTurner (RT_red@Live.com.USA )
Hora: 12h11min
Assunto: Solução

Você me dá o problema, eu te dou a solução, gata! Simples!

Com o avião não. Mas mando um helicóptero te pegar...e depois trocamos de transporte. Tem meu número ainda? Só tem que me ligar com umas horas de antecedência que eu preparo tudo. Pra onde vai quer ir? Podíamos ir dançar um Samba no Rio de Janeiro. Quem sabe um Tango em Buenos Aires? Vai ser bom te ver novamente.

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Havia luz no fim do túnel. Pra gente esperta e com contatos, sempre havia.

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De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Hora: 12h12min
Assunto: Muitos ritmos

Quando eu descobrir o que quero dançar, te aviso. Fique atento. Pode demorar alguns meses, mas posso precisar de uma fuga rápida.

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            Neal e Mozzie estavam angustiados. A madrugada e a manhã sem nem mesmo uma palavra. Rachel estava silenciosa demais. Isso significava problemas. E se ela já estivesse a caminho e tivesse simplesmente deixado o colar no esconderígio?

            - Porque não sai desse computador? – Nicolle falou para tranquilidade de Neal.
            Já a resposta os deixou intrigados.
            - Garantindo minha rota de fuga. – Disse seca.
            - Pra quando? Por quê?
            - Pra quando for necessário. E porque gente como eu sempre tem de ter uma rota de fuga. – Ela mudou o tom de voz. – Não precisa me olhar assim...o plano não é pra logo. Mas se o FBI se aproximar, eu tenho que ter uma saída. Tenho que estar sempre um passo a frente deles.
            - É com Henry que está armando isso? – Neal queria muito ouvir essa resposta. Se fosse, seria fácil descobrir onde ela estava. Era só ficar de olho no amiguinho.
            - Não! Eu jamais envolveria Henry nos meus esquemas...ele não é desse mundo. – Novamente ela mudou a voz. Ficou mais doce. – Por falar nisso...preciso ligar pra ele. Estou enrolando com isso. É que tenho medo da mulher dele atender o telefone.
            - Henry se casou?
            - Sim. Há uns dois anos. Chama Molly a garota. E morre de ciúme de mim. Me odeia. Coitada...se eu quisesse, tinha me casado com ele há muitos anos.
            - Deveria ter feito isso...não estaria na situação que se encontra hoje.
Um silêncio se fez.
            - É, mãe. Talvez eu devesse ter me casado com Henry sim.

            Neal e Mozzie ouviram quando ela começou a discar um número. Estava ligando pra ele. O barulho do telefone chamando era tão alto que ficava claro que ela usava o colar no pescoço. Ficava tão próximo que eles ouviriam a conversa.

            - Alô! – Ele disse sem reconhecer o número.
            - Não diga meu nome. Só quero que saiba que estou bem e não se preocupe comigo.
            - Não ouse desligar esse telefone na minha cara, Rachel Turner!
            - Eu mandei não...
            - Eu não te obedeço. – Ele respirou pesadamente. – Quando você vai parar? Quer morrer? É isso? Rachel...pelo amor de Deus...eu não me importo de ir te visitar na cadeia, mas eu não aceito ir no teu velório. Para enquanto é tempo!
            - Não posso. Eu tenho uma missão, um propósito. E eu vou até o fim. Se o FBI te procurar...
            - Eu vou dizer a verdade...que eu não faço ideia de onde você está...minha amiga. Se cuida. – Ele ia desligar. Ligações longas podiam ser interceptadas e rastreadas.
            - Espera...eu tenho q te dizer uma coisa...
            - Diz. – Ele estaria sempre pronto pra ajudá-la.
            - Henry...eu to grávida.
            - O que?
            - Inacreditável, né? Adeus meu amigo. Seja feliz. Você merece.

            Ela ficou olhando para o telefone. Depois calmamente desligou-o, tirou o chip e quebrou em vários pedaços. Depois colocaria outro para emergências. Nunca mantinha o número. Era arriscado.

            - É impressionante que duas pessoas tão diferentes consigam manter uma amizade assim por tantos anos. – Nicolle disse impressionada. – Ele sabe de tudo?
            - Tudo. Cada linha do diário da minha vida. O Henry é a pessoa que melhor me conhece no mundo todo.
            - Essa foi dolorosa, filha. – Mãe nenhuma gostaria de ouvir isso.
            - Desculpe, mas é a verdade. – Ela sorriu. – Ele sempre foi o meu oásis de toda a mentira que há na minha vida. Com ele eu não preciso mentir, mãe. Eu não consigo mentir pro Henry. Ele sempre percebe a verdade. Assim como eu sempre soube quando o Neal estava mentindo...mesmo quando ele me enganou eu sabia que estava mentindo. Só não queria aceitar. O Henry é assim comigo.
            - E ele aceita que você tenha matado pessoas?
            - Não. Ele é puro demais pra isso. Mas ele me aceita como eu sou. Nossa amizade está acima disso. A lealdade dele por mim não tem limites.
            - E você esperava a mesma postura do Neal? É por isso que eu vejo tanta mágoa sempre que você fala nele?
            - Não. Eu não esperava o mesmo do Neal. Porque o Neal é como eu, não como Henry. O Neal não perdoa.
            - E você pediria perdão?
            - O que? – Ela sequer tinha pensado nisso.
            - Você pediria perdão pro pai do seu filho se ficasse frente a frente com ele novamente.
            - Isso nunca vai acontecer. Eu nunca ficarei perto de Neal Caffrey novamente. E, se acontecesse, eu não tenho pelo que pedir perdão. Eu menti e enganei o Neal. Ele mentiu e me enganou. Estamos quites.

            A forma como Rachel não fazia distinção entre matar e roubar era assustadora pra Neal. Para Mozzie nem tanto. Ele nunca tinha apertado o gatilho, mas já tinha ‘comprado’ serviços desse tipo. Às vezes, no mundo deles, era matar ou morrer.
           
Mais tarde elas voltaram a falar.

            - Fez as comprar que pedi? – Rachel questionou.
            - Sim. Estão aqui. Tudo preto, como queria.
            - Ótimo. Eu vou amanhã a noite e pretendo estar de volta ainda na madrugada. Não ficarei fora muito tempo.
Neal e Mozzie trocaram olhares. Teriam que armar algo para Peter e logo.
            - É mesmo necessário?
            - Sim. Deixei lá umas anotações de papai...precisarei começar do zero com a busca do diamante. É melhor ir agora enquanto minha barriga ainda está pequena...depois terei mais dificuldade.
            - É perigoso.
            - Eu vou sobreviver.

            Ouve um barulho de sacola.

            - Eu trouxe mais uma coisa pra você...espero que não se importe.
            - O que é? Espero que não sejam mais livros de gravidez. Nem li tudo o que trouxe antes.
            - Não é... isso. – E mostrou o que tinha nas mãos.



            - É verdinho porque você não foi no médico e nós não sabemos se é menino ou menina então...
            - É lindo, mãe. – Ela pegou nas mãos a roupinha. – E minúsculo.
            - É pra recém nascido.
            - Mas mãe...eu não vou ficar com ele. Não posso. Então não faz sentido você ficar comprando coisas. Eu não vou mudar de ideia. Não posso sair pelo mundo fugindo com um bebê.
            - Mas você vai abandoná-lo por aí sem nada...nenhuma roupinha? Rachel...as pessoas que o criarem podem não ter condições de oferecer conforto pra ele.
Rachel pensou por um instante, sentindo o perfume doce da roupinha. Colocou-a em frente da barriga curva e não conseguiu deixar de imaginar aquele bebê dentro da peça.

- OK, mãe. Você monta um enxoval completo pra ele ou ela... com tudo que vai precisar. Só não quero que fique me mostrando tudo...eu não sou de aço, mãe. Eu não quero ver nada porque eu sei que eu vou começar a criar laços com ele. E eu não posso. Eu não quero vê-lo quando nascer, não quero pegá-lo. Não quero que ele faça parte da minha vida porque abandoná-lo depois será ainda pior.
           



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