sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Dupla Perseguição - Capítulo 27


          
             Todos na equipe estavam apreensivos... menos Rachel. Já tinha usado a sedução como arma outras vezes. Os homens não eram tão espertos quanto pensavam. Ruan Rodrigues não era o que imaginou de início, exigia cuidado, mas ela podia conseguir o que buscava naquela missão. Hoje iria deixá-lo enlouquecido. E quando pudesse dar a cartada final, ele cairia.
           
            Não adiantava van estar na frente do hotel. Mesmo que algo ocorresse, não poderiam entrar rapidamente. Mesmo assim, Jones e Diana ficariam próximos. Neal e Peter no hotel onde ‘Rebecca’ estava hospedada...junto com George e a babá temporária: Elizabeth. Como Mozzie lembrou, George não gostava de estranhos. Ele era exigente com quem lhe fazia companhia. Ell adorou ter aquele bebê nos braços.




            Rachel vestiu as roupas que ele enviou. Primeiro a lingerie ousada e transparente demais. Ficou satisfeita por ela acomodar-lhe e sustentar-lhe bem os seios, única parte do corpo que, depois de ter George, ainda a deixava insegura. Depois o vestido. Longo e verde, ele era elegante. Ela poderia tê-lo escolhido vestir para dançar uma música lenta, romântica. Provavelmente era isso que Ruan tinha em mente quando escolheu.

            Só precisava ter cuidado com a fenda que se abria até a coxa.



            Prendeu os cabelos escovados em um penteado simples, amarrando os fios em um rabo de cavalo puxado de lado. Fez a maquiagem. E colocou os brincos que ele havia enviado.




Enquanto esperava avisarem que tinham vindo buscá-la, aproveitou para provocar Neal.

            - O que acha? – Disse girando para ele lhe ver.
            - Do jeito que o Rodrigues quer. – Ele disse apenas. – Deve ser assim que ele gosta.

Rachel ficou um pouco magoada.

            - Você não gosta? – Perguntou.
            - A primeira vez que eu te vi, você usava uma roupa clássica e comportada, com um coque nos cabelos. Não é só ‘mulher fatal’ que seduz.
            - Naquele dia você só queria o meu crachá para roubar o museu...eu podia ser uma velhinha de bengala que você ia atirar charme.
            - Bem observado, Rachel...mas te achei fantástica naquele dia. – Não era o elogio que ela esperava ouvir.

            Quando chegou ao hotel, Rachel logo teve certeza de que seguiram a estratégia correta. Ruan estava educado, atencioso, sem nenhum traço da violência já demonstrada, mas nem mesmo disfarçou o fato de seguirem direto para um quarto.

            - Não quero dividir a sua beleza com ninguém. – Disse-lhe.

            Quando Mozzie entrou no quarto trazendo um carrinho com os pratos lindamente postos Ruan sequer o olhou. Estava focado apenas nela. Também não notou quando recebeu a primeira dose do sonífero, pouca coisa por enquanto, misturada ao vinho. A conversa foi surpreendente até para o FBI, que ouvia-a atentamente.

            - Gostei da sua escolha de vestido para mim. Longo é sempre elegante...e significa que não está apenas interessado em minhas pernas. – Ela disse.

            Ruan riu, charmoso.

         - Eu pretendo sim ver as suas pernas essa noite. Na verdade pretendo vê-la usando nada além desses brincos. Mas queria vê-la usando um longo. Combina com você, Rebecca.
            - Combina?
            - Sim. Como...música e a dança, encaixam-se perfeitamente. Nada mais feminino que vestido e salto alto. E você é uma mulher feminina ao extremo. Uma verdadeira fêmea.
            - Pensei que o vestido longo era porque queria dançar comigo. – Ela o elogiou mentalmente pela sedução que tentava fazer.
            - Não sei dançar. – Isso foi surpreendente.
            - Não? Oraaa mas eu tinha entendido que você patrocinava o concurso e...
            - Sim, o patrocino. E mais algumas coisas nessa área. – Ele tinha muito dinheiro. Isso estava claro. – Mas não danço. Era uma das paixões de minha esposa. Eu apenas aprecio.

            Na van e no hotel, aquela informação surpreendeu. Nunca souberam de uma esposa de Rodrigues. Mas ele falara no passado.

            - Era? – Rachel repetiu.
            - Sim. Ela morreu há... nove anos. Você me lembra dela em muitas coisas. A dança é uma delas. Gabriella dançava lindamente. Assim como você. – Ele ergueu a taça para um brinde. – Deixemos o passado para trás e brindemos ao futuro.

            Peter sentiu que tinha mais naquela história. Há nove anos Ruan Rodrigues não era investigado pela polícia. Não tinham porque conhecer essa tal esposa.

            - Diana. – Peter chamou pelo rádio. - Investigue essa esposa.
            - Sim, chefe. Pegou alguma coisa que eu perdi?
            - Não sei...acho que é bom puxar esse fio...não sei. Só investigue.

            Neal conhecia Peter bem o suficiente para saber que ele tinha instintos apurados. Se desconfiou, podia mesmo encontrar alguma coisa. 


            No final do jantar, Rachel achou que era hora da segunda dose do remédio...a primeira não gerou muito efeito. Quando Mozzie entrou trazendo a sobremesa, fez seu charme.

            - Uhhh chocolate...posso fazer um pedido, imagino. – Disse com sorriso sapeca nos lábios.
            - Mas é claro. – Ruan respondeu.
            - Champanhe! – Ela provou o doce deixando o lábio sujo. – Não deve existir combinação mais perfeita do que champanhe e chocolate! Me acompanha?

            Ruan não poderia ter um sorriso mais satisfeito no rosto.

            - É claro! – Olhou para Mozzie. – Champanhe, por favor. Tudo para satisfazer essa dama.
            - É claro senhor. – Respondeu Mozzie antes de sair e retornar com a garrafa e dar a Ruan mais uma dose batizada.

            A partir dalí, o show era apenas com ela. Já tinham combinado que ela pediria mais uma garrafa, mais tarde. Essa já viria com o remédio. O que significava que Rachel não deveria beber nenhuma gota.

            - Bom...eu não irei dançar, Rebecca...mas faço questão de uma apresentação privada sua. – Ruan achava que a surpreendia.

            Eles estavam na sala e ela olhou em volta para ver o cenário que tinha. Interessante.

           - Salsa? Tango? Samba? Tudo precisa de um par e Nick não está aqui. – Respondeu inocentemente.
            - Deixe Nick onde está, querida. Pensei em algo bem mais íntimo. – Ele se aproximou beijando-a. – Gostosa. – Disse em seu ouvido...mas alto o bastante para o microfone captar. – Quero que dance pra mim, bem sedutora. Quero que tire esse vestido e me deixe vê-la. Quero um striptease completo. Agora!
            - E se eu não souber fazer?
            - Sabe...você é naturalmente sensual, Rebecca. E vem atirando charme pra mim em cada palavra que diz. – Era uma ordem. Ele não aceitaria um não. – Agora, Rebecca. Já escolhi a música, inclusive.

            Ela pensou rápido.

            - Acho que precisaremos de mais champanhe...o álcool vai me deixar menos tímida.
            - Tem na garrafa. – Ruan respondeu.
            - Não...peça outra e já deixe aqui. Vai querer que o garçom entre no meio da minha dança...e me veja nua? – Assim ela teria duas garrafas iguais abertas. Uma comum, da qual beberia, e outra, batizada, a qual o faria beber.

            Ele riu.

            - Tem razão. Não divido o que é meu. – A resposta foi seca.
            - Vou ao banheiro enquanto o garçom não vem. Quero estar linda para dançar para você. – Quando estava sozinha ela falou sabendo que era ouvida: ‘aumente a dose, ele é forte, e façam uma marca no rotulo’. No banheiro, ajeitou a maquiagem e soltou os cabelos. Fazia parte da sedução.

            Quando voltou para a sala, as duas garrafas estavam lá. Uma tinha uma pequena falha na parte de trás do rótulo. Perfeito.

            A música já começava. E as luzes estavam fracas. Ele sentado em um sofá. O show estava esperando por ela.

            - Escolhi algo digno de uma mulher como você. Poderosa e perigosa. – Ele falou.


 
(Apenas a música e a letra. O vídeo não)

            - Perigosa eu? – Será que ele desconfiou de algo?
            - Toda ruiva é um pouco perigosa. Está na sua natureza. – Ele explicou antes de apagar mais uma luz. – Que comece o show!

            Ela começou da forma mais tradicional possível, se é que um striptease podia ser tradicional. Mas iria reproduzir a cena clássica de um striptease. Então pegou uma cadeira e, no alto, ficou de costas para ele. Começou dançando lentamente, como a música, apenas serpenteando. Aproveitou-se do fato do vestido ser de um modelo onde não há fecho. O tecido era envolto nela e uma fita o amarrava à cintura. Então o abriu e estendeu os braços, ainda de costas, deixando-o escorregar lentamente pelas costas, cintura, bumbum e pernas até que estava apenas de lingerie e cinta liga.

            Curvou-se na cadeira, exibindo as curvas do quadril, passou as mãos no cabelo apenas para deixá-lo cair pelas costas logo depois. Quando finalmente virou-se, ainda sobre a cadeira, viu-o salivar.

            - Acho que precisarei de ajuda com a sandália, Ruan. – Ele levantou-se e se aproximou da cadeira. Estava na altura dos seios dela. Claro que tocou-a. – Nãnaninanão! Você pediu um striptease...agora vai ter de esperar eu estar sem nada. Só me ajude com a sandália, sim? Valerá o esforço.
         - É claro. – Ele disse para logo erguer-lhe cada uma das pernas e suavemente tirar a sandália, deixando-a com a meia. Ao depositar o pé novamente na cadeira, ainda beijava-lhe a coxa branca. – Deliciosa...você tem a pele de cetim.

            Neal, Peter Jones e Diana ouviam toda a cena de sedução. Estavam chocados com a sedução profissional que ela impunha. Para Neal representava mais que para os outros. Ele queria que acabasse agora. Que Ruan tirasse as mãos e boca da pele dela.

            Antes de seguir, Rachel achou que era hora de lhe dar mais bebida.

            - Com sede, meu bem? Eu estou. – Foi rebolando até a mesa e pegou ambas as garrafas. Na mão esquerda a que daria para ele, na direita da qual beberia um pouco.

            Dançou na sua frente, circulou-o, beijou-o nos lábios e fingiu que bebeu um gole de champanhe. Na verdade apenas derramou algumas gotas no próprio pescoço.

            - Você quer? – Perguntou e lhe ofereceu a garrafa da esquerda.
            - Sim. – Disse Ruan antes de beber sem notar nada.

         Rachel seguiu com seu balé sensual. Apoiou uma das pernas na cadeira e desceu a meia lentamente. Depois repetiu tudo com a outra. Ao final, ela e o FBI ouviram Ruan suspirar de desejo.

            No hotel, Neal tirou o paletó e afrouxou a gravata. Estava no limite da irritação.

            Propositalmente, Rachel jogou no chão o que estava sobre uma mesa e subiu nela. Ali dançou muito. Sensual, rebolou só de lingerie. O fez gemer só de imaginar o que faria quando lhe tirasse cada peça que ainda restava da roupa. Depois Rachel tornou a sentar-se.  

        
            Viu que ele começava a ficar tonto. Resolveu terminar o golpe logo.

            - Não sei você, querido, mas eu preciso de mais champanhe. – Bebericou de uma garrafa e lhe deu mais da com sonífero.
           
            Seguiu dançando agora bem na sua frente. Começou a tirar as roupas dele e puxou-o pra cama sabendo que logo não teria mais forças. Ele já trocava as pernas.

            - Acho que bebi muito. – Disse.
            - Que nada. Estamos só começando. – Deu-lhe mais champanhe e começou a lhe tirar os sapatos.
            - Vem aqui! Quero você...e..vemm eu mesmo termino de ...de...- O efeito do remédio com a bebida agora veio forte.
            - Calma....deixe eu tirar a sua roupa e dançar mais para você...está gostando? Está? – Ele fechou os olhos. – Ruan? Querido...olhe pra mim...Ruan.
           
            Pronto.

            Apagou sobre os travesseiros. 

            Rachel saiu rapidamente da cama e tornou a enrolar o vestido no corpo.

            - Acabou! Podem mandar Mozzie entrar. – Disse em alto e bom som para a equipe.

            Agora ela tinha de deixar uma cena armada para Ruan não desconfiar de nada quando acordasse. Ela e Mozzie trabalharam rápido. Tiraram a roupa dele e bagunçaram os lençóis. Sujaram as roupas com champanhe. Rachel arranhou-o com suas unhas nas costas e no peito. Deixou também uma mordida no braço. Para completar a cena de sedução, pegou morangos e leite condensado e deixou sobre o tapete...sujando um pouco a cama e Ruan com o doce.

            O fato de trabalharem em silêncio deixava Neal preocupado, irritado até. Ele pegou o celular e ligou para Mozzie.

            - Venham logo. O que estão fazendo? – Perguntou ao amigo.
            - Bom...agora ela está...tirando a própria calcinha e deixando...na cama...com Ruan. – Mozzie fez silêncio por um momento. – Ela está fazendo uma cena bem convincente. Quem olha o quarto pensa que eles transaram por cada centímetro do chão.
            - Obrigado Mozzie. – Foi a resposta azeda de Neal.

           
            Quando chegou no quarto do hotel Rachel estava suja, cansada e sem calcinha. E o FBI sabia disso graças a indiscrição de Mozzie. Mas nada disso minimizava sua felicidade. Tudo funcionou perfeitamente.

            Peter e Elizabeth também tinham boas expressões no rosto quando entrou. Sinal que foi tudo bem. Jones e Diana iam direto para suas casas, cada um tinha sua família e era tarde. Agora todos descansariam para dar a cartada final em Ruan quando ele se recuperasse da ‘noite de paixão’.
            Neal estava caminhando irritado pelo quarto. Usava uma regata, não o tradicional terno bem alinhado. Irritado, parecia uma fera enjaulada. Não falou com ela enquanto Peter e Ell estavam ali.




            - Tudo bem com George? – Ela perguntou ao entrar.
         - Sim. Dorme tranquilamente no outro quarto. – Ell respondeu antes de olhar para Neal e resolver deixá-los sozinhos. – Aliás...Peter e eu vamos dormir lá e se ele chorar nós chamamos você.
            - O que? – Peter não queria deixar Neal e Rachel sozinhos. – Não...melhor a Rachel ir pra lá com você e... -  Olhar de Elizabeth o fez não terminar a frase.
            - Rachel e Neal ficarão bem aqui ao lado, querido. Se precisar...o Neal grita. Vamos! – Ela disse.

            Rachel ficou encarando Neal por um instante, mas ele parecia realmente não querer falar com ela. Melhor ignorar. Estava cansada. Queria dormir.

            - Vou tomar banho. – Avisou indo para o banheiro. Por um instante chegou a pensar que Peter estava certo. Era melhor ele ficar com Neal. Estava na cara que Neal ia arranjar confusão e não estava com paciência para aturar desaforo.

            Qual poderia ser o problema dele? Ficou ali bem seguro enquanto ela estava se oferecendo para um doido bipolar! Tinha mais é que agradecê-la e lhe desejar boa noite. Chegou ao banheiro e depois de fechar a porta, soltou o cabelo e começou a tirar a maquiagem antes de desatar o nó que mantinha o vestido em sua cintura. 

            De repente a porta do banheiro se abriu e lá estava ele, pronto para brigar. Nunca tinha visto Neal assim. Ele estava com raiva, os olhos vermelhos, a expressão fechada.

          - Você adorou! Assume! Diz que você adorou se oferecer pra ele! – Acusou-a encarando pelo espelho. Ela ainda estava de costas.

            Rachel pensou que, se queria mesmo uma briga, Neal que se preparasse! Ela não ia fugir. Quem ele pensava que era para ter ataques de puritanismo quando vivia usando a sedução como arma?

            - E se gostei, o que você tem com isso? – Respondeu virando-se de frente para Neal.

            Ele se aproximou, prensando-a contra o balcão da pia.

            - Você gostou quando ele te beijou? Ficou satisfeita com a gente ouvindo-o gemer por você? O que sentiu quando ele te apalpou? Ficou excitada dançando e se oferecendo para o Rodrigues?

            Agora Rachel também sentia raiva. Caffrey realmente não a conhecia! Ela não costumava misturar trabalho e prazer. O que ocorreu com ele, não era um método seu. Mas depois de tanto tempo já era para ele saber isso. Não ia ficar se defendendo. Melhor atacar!

            Ousada, deu um passo a frente, apagou os últimos centímetros o os separavam e pegou sua mão.

            - Quer saber se eu fiquei excitada, é? – Provocadora, guiou-lhe a mão através da fenda do vestido até ele poder sentir que continuava sem calcinha. Colou seus corpos e sussurrou no seu ouvido. – Sente se eu estava excitada. Me toca e sente se eu estava molhada.

            Ele tocou-a, é claro. Não queria saber se ela esteve ou não molhada mais cedo...garantiria que ia ficar agora. Beijou-a como se pudesse marcar sua boca. Queria apagar o toque de Rodrigues. Ela arrancou sua camisa e devorou-o também.

            - Eu preciso de um banho, Neal. Realmente preciso! – Ela disse quando ele começou a tirar-lhe o vestido. Ficou só de sutiã naquele momento.

            - Acho que teremos que usar o chuveiro juntos então. – Ele respondeu.
            
 

            Eles foram para de baixo dos jatos de água quente e mesmo com ele lá, primeiro Ranchel realmente tomou um banho. Na verdade, deixou a água correr pelo corpo olhando para ele. Pensado se aquele momento de calmaria o faria se arrepender do fogo de um minuto antes e sair correndo do chuveiro. Mas não...ele estava era arrancando o que restava de roupa, agora molhada e colada ao corpo.

            Ela virou de costas e tirou o sutiã. Assim...cara a cara não estava tão confiante nos seios ‘pós amamentação’. Logo sentiu-lhe os braços puxá-la contra seu tórax. As mãos se fecharam em conchas agarrando-lhe os seios. Ela apoiou as duas mãos contra a parede.

            - Delícia...gostosa. – Ele a fez sentir a ereção contra o quadril. – Eu é que posso te dizer isso! Não aquele desgraçado. – Ele a apertava de um jeito bom, gostoso. Beijava e mordiscava o pescoço enquanto falava. – Não quero que ele toque em você novamente.

            Rachel tinha que se esforçar para lembrar quem era o ‘ele’. Já tinha esquecido tudo o que tinha feito durante a noite. Pra que pensar em outro homem quando o que dominou seus pensamentos por meses estava ali, preparado e bem interessado em tirar o atraso?

            - Para de falar e me come de uma vez, Caffrey. – Ela disse.

            Ele riu e apertou o quadril arredondado.

            - Safada! – Disse.
            - Pode apostar, Neal Caffrey. Tão safada quanto você! – E era isso que a fazia ser perfeita pra ele.

            Ele a virou de frente e ela tentou se colar ao peito dele. Neal a afastou e fez encostar as costas na parede. Queria aproveitar aquela chance de apreciar as mudanças no corpo dela no banheiro iluminado. Queria beijar cada uma das marquinhas que lhe cobriam os ombros. Ela era muito branca e tinha minúsculas sardas na pele.

            Rachel realmente não estava interessada em ficar ali sendo analisada por ele. Aaaa Neal Caffrey queria ser romântico e lento?!?! Agora não! Deixasse isso para o escuro do quarto quando ela já estivesse mais saciada. Enlaçou-o com as duas pernas e se apoiou em seus ombros.

            - Quero você agora! – Mordeu-lhe o pescoço para servir de argumento. Não ia aguentar muito mais tempo. Foram meses demais sem ele.
            - Também te quero. – Ele tomou um de seus seios na boca. – Para de se esconder de mim. Continua tão gostosa quanto eu me lembro. Talvez mais.
            - Você percebeu! – Ela espantou-se.
           - Não foi você que uma vez me disse que ‘amantes sabiam quando o outro mentia’? Não se esconde de mim! Eu gosto de tudo o que eu estou vendo. – Ele ergueu-a mais alto e abocanhou o outro seio.
            - AahhhaaAAHAH!!!! Tá bom...eu me rendo....agora me fode logo!!!

            Quem resistiria a um convite feito com tamanha paixão? Ali, encostada a parede sentiu-o penetrá-la o mais fundo possível depois de meses de espera. Estavam ambos de olhos fechados, só sentindo, guiados puramente pela paixão, pelo tesão que tinham um pelo outro.

            Quando gritaram no auge do prazer, estavam cansados. Ela agradeceu não estar com as pernas no chão. Não teriam forças para sustentá-la naquele momento. Neal sentiu que não ia aguentar o peso dos dois por muito mais tempo e, escorregando suavemente, ambos foram parar no chão do banheiro. A água ainda corria forte em suas cabeças enquanto as respirações voltavam ao normal.
           
            A acústica dos quartos se provou ser de alta qualidade porque Ell e Peter não ouviram nada do que se passava no quarto. Se bem que o amor também estava no ar por lá. Enquanto George dormia calmamente no carrinho, Elizabeth garantiu que Neal fosse o último dos pensamentos de Peter.

            - Quem é Neal Caffrey? – Provocou Ell.
            - Nunca ouvi falar nesse nome. – Respondeu Peter entrando na brincadeira.



            Quando Rachel e Neal recuperaram as forças e voltaram para o quarto, a intenção era apenas mudar o cenário...mas continuar com a mesma atividade, agora com os corpos secos sobre o colchão. Queriam finalmente curtir um ao outro mais lentamente.

            - Devo dizer que você continua deliciosamente bom de cama, Caffrey. – Ela o provocou.
            - Você merece o melhor. – Ele respondeu deitando-se por cima dela. Pronto para o segundo round da madrugada.
            - Mereço? Por quê?
            Porque o deixava louco? Porque era a mulher mais sensual que conhecia? Porque estava apaixonado? Porque...ele não sabia como responder sem entregar o que sentia.
            - Ora...porque é a mãe do meu filho e...- Respondeu da pior forma possível.

            Os olhos dela esfriaram na hora. Então ele estava transando com ‘a mãe do filho dele’? Era só isso? Ele era a ‘mãe do filho dele’ e só? Rachel levantou da cama e voltou para o banheiro. Dessa vez para pegar um roupão. O clima havia se perdido.

            Ele teria se levantado e ido falar com ela para consertar as coisas. Mas o celular de Rachel tocou e ela voltou ao quarto nua mesmo. Quem poderia ser às 2h30 min da manhã? Quando viu Rachel sorrir olhando o nome no visor, soube quem veio atrapalhar o momento. Ele foi quem acabou indo vestir um roupão enquanto ela ficava no telefone.

            - Oi Henry. Que bom te ouvir. – Ele costumava relaxá-la...estava precisando.
            - Desculpe o horário. Atrapalho?
            - Não! Eu não estava fazendo nada de importante mesmo. – Falou bem alto para Neal ouvir. – Como você está?
            - Bem...eu e a Molly nós...voltamos.

            Rachel já imaginava que isso ia acontecer. Nada como um tiro para aproximar um casal.

            - Tomara que dê certo agora, Henry. Vou torcer por você. – Ela era sincera.
            - E você, como está? O Neal? O FBI? A volta a rotina policial? Espero que não esteja se arriscando muito.
            - Só o necessário, meu amigo. Como sempre. O FBI continua o mesmo. Estão me ‘aturando’ porque precisam de mim e eu aguentando porque preciso deles. – Ela pensou no que ia dizer e viu Neal passar vestindo um roupão azul e se deitar na cama. – E o Neal...bom a gente tem que se suportar...é pai do meu filho.
            Ele a encarou da cama. Um sorriso safado no rosto. Achava que ia amansá-la logo.

            - Não, Henry. Está tudo bem mesmo. Eu cheguei não faz muito por causa daquele caso que eu te falei. – Ela ouviu ele falar. – Claro! Sempre tomo cuidado.
            - Boa noite então, Rachel.
            - Boa noite, Henry. – Ela repetiu antes de largar o celular sobre a mesa.
            Depois olhou para Neal bem instalado na cama.
            - Onde pretende dormir? – Perguntou para ele e lhe deu um sugestivo olhar indicando o chão.



            - Nem pensa nisso. – Neal respondeu. – A cama é grande e minha coluna já foi exigida demais lá no chuveiro.
            - Deveria ser mais cavalheiro com a ‘mãe do seu filho’! – Ela respondeu.
            - Para com isso, Rachel. Vem pra cá. É tarde e nenhum de nós quer brigar.
           
            O chão realmente não era a melhor alternativa.

            Deitou na cama...bem longe dele.

           
            - Fique aí! Mantenha distância. – Avisou-o.

            Neal levou um minuto pensando se fazia o que ela pedia e ia dormir. Afinal já passava das 3 da manhã. Ou se usava de todo seu charme para fazer o que desejava antes do ‘amiguinho de infância’ ligar. E com isso arriscava iniciar uma briga.

            Valia a pena tentar.

            Ele foi se chegando, aproveitando que ela estava de olhos fechados. Sentiu o perfume dos cabelos recém lavados. Estava linda ali, sem nenhuma maquiagem no rosto. Passou a mão por sua coxa grossa sabendo que ela estava bem acordada.

            - Qual parte do MANTENHA DISTÂNCIA você não entendeu, Caffrey? – Era difícil com aquele toque, ali, se manter firme.
            - AAAA vamos lá, Rachel! Não te ofendi tanto assim! Você é a mãe do meu filho. – Era a única mulher com quem tinha um vínculo tão forte.
            - Não era bemmm esse o posto que eu exercia no momento! Mas se eu não sou nada mais, ótimo! – Ela deu-lhe as costas. – Vá dormir.

            Ele não ia se dar por vencido. Abraçou-a pelas costas. Moldou seu corpo ao dela. Estava quentinha, macia. Uma delícia de sentir.

            - Você é a mãe do meu filho, entre outras coisas. – Ele não podia simplesmente se declarar. Ela era esperta demais. O faria de bobo. – É a mulher que eu desejo...que eu quero na minha cama. Para com isso Rachel! – Ele esfregou a ereção no quadril dela – É você que faz isso comigo! É você que me enlouquece até fazendo striptease pra outro homem. É você que me põem louco de ciúme. Você é minha.

            Ela se virou abraçou-o. Não sabia quando teria outra oportunidade daquelas. Com Neal uma noite inteira ao seu dispor. Melhor não ficar bancando a ofendida e pegar o que ele oferecia. Abriu-lhe o roupão e dessa vez foi ela a salpicar beijos. A madrugada seria longa e gostosa.

            O cheiro exótico de sexo estava no ar. 

            Rachel sentiu-o colocar as mãos em suas coxas e logo em seguida os dedos dentro dela. Estava encharcada. Ia gemer. Não pôde. O som foi impedido pela boca de Neal.

            - O FBI está no quarto ao lado. – Disse ele sussurrando com aquela voz rouca que a enlouquecia.

            Ela sentia o corpo fervendo, em chamas. Por que ele tinha que ser tão gostoso? Neal tira o lençol que cobre seu corpo. Ele chupa, morde, lambe freneticamente seus mamilos. Depois larga e vai descendo, deixando-o frio.

            - HAAAHAA – Sentiu-o acariciar seu clitóris. Em segundos estava quase gozando.

            Sabia que ele ia levar aquela tortura até o limite prolongar a noite. Entrou na brincadeira e inverteu as posições. Sentou-se sobre Neal e o provocou-o com as unhas e os dentes. Fez sua pele formigar até que ele a puxou e a penetrou naquela posição mesmo. Ela pode cavalgá-lo a vontade. E ele teve uma visão fantástica da paixão daquela mulher.

            Neal deu-se conta que pela primeira vez transou com Rachel Turner. Nas outras vezes ela fazia o papel da comportada Rebecca. Ali foi ela mesma. Pode ver toda a força e sensualidade que ela trazia no corpo. Rachel era ainda mais sensual do que ele lembrava.
           
            Quando finalmente pegaram no sono e sol já nascia. A madrugada foi longa e deliciosa.

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