domingo, 6 de outubro de 2013

A Mentira - Capítulo 24: O fundo do poço




            Quando chegou a casa Ana encontrou Grey nervoso. Era como se desconfiasse que algo muito grave aconteceria. E ele estava certo.
            - Onde se meteu dessa vez? Não perde a mania de desaparecer!
            - Eu demorei?!?! – Ela se aproximou olhando em seus olhos. – É porque fui visitar uma certa cabana no fim do mundo. Algo muito propício a um monstro! O que me diz Christian? Sabe de que lugar e de qual monstro eu falo?
            Grey percebeu que seu plano havia sido descoberto. Mas como? Jéssica sempre lhe fora fiel. Mas Anastásia era esperta e de alguma forma tinha descoberto. Agora devia estar fazendo planos para ir embora.
            - Diga, GREY! DIGA! Quem é o monstro?
            - Monstro é quem mata alguém. E você é responsável pela perda de duas vidas!
            - Duas? O Que eu fiz agora?
            - Não seja falsa Anastásia! Você é a responsável pela morte de meu irmão e sabe que, além disso, também matou um inocente. O filho de vocês.
            - A sua loucura está ficando pior a cada dia, Christian. Essa é a sua ultima oportunidade de acreditar em mim, por isso ouça: eu nunca tive nada como Emmett e jamais estive grávida. Eu não sou uma assassina!
            - É sim! Assassina, vagabunda e mentirosa!
            Jurando para si mesma que jamais perdoaria tantas ofensas, Ana correu pela casa até entrar no quarto de Christian. Sabia que lá ele guardava um revólver. Era hora de ensinar seu marido a não ofender uma mulher. Em especial uma que o amava e odiava na mesma medida. Mas ele a alcançou antes que pudesse pegar o revólver e a atirou sobre a cama. Achou que seria agredida pelo marido. Coisa que, salvo surras sensuais no quarto de jogos, jamais ocorreu.
            Grey tinha olhos vermelhos. Tinha o coração dividido entre a paixão que sentia por aquela mulher, agora presa em seus braços, e o ódio por ela, por ele mesmo e pela situação em que se incluíram. Pensou em esbofeteá-la, chegou a desejar isso. Descontar com murros toda a raiva que sentia. Mas a ideia a ferir aquele rosto que o atormentava de tão belo é ainda mais dolorosa. Lembrou do machucado no rosto de Gail...sabia que não poderia fazer isso em Ana.
Liberou-a achando que finalmente ela ficaria quieta, talvez por medo. Errou feio. Ana parecia uma leoa mostrando as garras. Atirou sobre ele tudo que tinha à mão e alcançou a gaveta onde estava a arma. Era hora de decisão. Apontou o revolver na direção do marido.
- Pare com isso, Ana. Você não vai atirar em mim.
- Será que não, Grey? Eu não sou uma assassina? Então? Se eu já matei Emmett e fui capaz de matar meu próprio filho, acho que posso muito bem matar você.
Por um momento ficaram assim. Um apenas analisando o outro.
- Eu quero que você repita o que disse há pouco! Repete! Vai! Diz de novo o que eu sou. – Aproximou ainda mais a arma da cabeça do marido. – Agora eu quero ver suas provas Grey. E, se não provar que eu sou a vagabunda assassina, vou te fazer engolir.
Ela tremia as mãos, sabia que nunca atiraria nele. Mas a magoa estava forte. Tinha a foto no bolso de trás da calça. Sabia que era inocente e não aceitaria mais nenhuma ofensa. Mas abaixou a arma e foi facilmente desarmada por Grey. Agora era ele que estava armado.
- Não se preocupe em tentar me matar, Christian. Se você conseguir provar o que diz que fiz, eu mesma acabaria com minha vida. Não deixaria você se transformar num assassino.
Lentamente Grey pegou uma caixa guardada na terceira gaveta do armário. Tirou de lá três coisas. Um lenço, um envelope e outro papel dobrado. Ana pegou primeiro o envelope. Dentro um cartão postal assinado apenas como A. Sabia de quem era aquela letra que escrevia uma declaração de amor.
- Você o enganou. Não adianta negar. – Grey disse e Ana não respondeu.
Foi olhar a folha. Era a cópia da fatura de seu cartão de crédito de muitos meses atrás. Não entendeu do que se tratava.
- Aí tem o registro de pagamento de um exame ginecológico. Só que não foi o exame. Foi aí que você fez o aborto.
- Eu nunca estive nessa clínica, Christian. Precisa acreditar em mim.
- É o seu cartão Ana.
Agora Anastásia percebia que a armação fora ainda maior. Seu cartão deve ter sido clonado.
- Seu tio me confirmou isso.
- O que? Como assim? Meu tio Ray jamais te confirmaria isso. É mentira!
- Ele soube o que você fez, Ana. E achou bom nós nos casarmos e morarmos longe. Assim você se envolveria em menos confusão. Ele também tem uma cópia dessa fatura e o médico confirmou que você fez um aborto. Pare de mentir.
- Não!!!! Isso tudo é mentira! – Agora ela pegou o lenço e viu o que tinha dentro. – O broche com a letra A.
- Sim. Você cometeu um erro ao dar seu broche para Emmett. É a maior prova de todas.
Sem pensar duas vezes, Ana foi até seu quarto e pegou o próprio broche. Unindo os dois achava que ira surpreender Grey. Estava errada.
- Eu sempre soube que são dois, Ana. Porque você está com o de Alice? Para me enganar?
- Não, Grey! O meu sempre esteve comigo. Jamais daria pra ninguém.
- Alice usava o broche quando conheci vocês duas. Na noite da festa ela usava.
- Usava o meu! Porque o dela tinha sumido!
Pela primeira vez Grey pensava na possibilidade de estar errado.
- Alice não conhecia Emmett. Ela mal o tinha visto.
- Isso é o que você acha. Eu conheço muito bem a letra nesse cartão postal, Christian. Eu só não sei como fraudaram meu cartão de crédito, mas, se alguém fez realmente esse aborto, não fui eu.
- Mentira! É mentira! Você está tentando me enfeitiçar novamente. E eu te odeio. Odeio tanto quanto te amo!
- Você é um idiota, Grey! Você estragou a nossa vida juntos. – Ela tirou a foto do bolso e mostrou a Grey. Alice e Emmett abraçado intimamente. A cabeceira de uma cama aparecia atrás – Acha mesmo que eles não se conheciam?
- Onde você conseguiu isso? – Christian sentia a terra fugindo de seus pés. Seria possível ter errado tanto assim? – Não é verdade, não pode ser...
- Você quer tanto assim que eu tenha culpa? Não consegue sequer pensar em outra pessoa? Você errou feio, Grey! E com esse erro você jogou fora a nossa chance de ser felizes. Agora eu vou embora. Eu vou provar pra todos o que realmente aconteceu. E você vai se arrepender amargamente pelo que me fez passar aqui, Christian Grey!
- Ana...
- Eu nunca vou te perdoar.

Ana deixou o quarto de cabeça erguida. Saia da fazenda quando viu o padre. Ela não estava chorando. Suas lágrimas por Christian já tinham acabado. Agora precisava começar uma nova vida.
- Anastásia, minha filha, o que houve? Posso ver que não está bem.
- Fique com o Christian, Padre. Cuide dele e não permita que venha me procurar. Estou indo embora.
Antes de ir, no entanto, foi na garagem pegar um carro e encontrou Kate.

- Vai nos deixar? – A bela loura perguntou.
Ana observou-a por algum tempo antes de responder. Gostava de Kate. Era uma grande amiga.
- Vou pra São Paulo. Pegue sua filha e venha comigo, Kate. Eu preciso reconstruir minha vida, você também. E não será fugindo, Kate.

Antes ainda passariam em outra casa. Ana queria dar a Gail a oportunidade de ser feliz longe de James. Homens difíceis haviam complicado a vida das três. Juntas ela iam se reerguer.
- Você quer ir, Gail?
- James não está em casa agora. Chamaram ele na fazenda, Ana.
Por um momento Ana temeu pelo marido. Mas estava concentrada em seu futuro. Grey estava colhendo o que plantou.
- Ótimo. Pegue algumas coisa e venha. Tem que decidir agora, Gail. Venha comigo ou fique com James e apanhe o resto da vida.

Havia um motivo muito sério para James ter sido chamado na fazenda. Quando Padre Henrique entrou na casa ouviu gritos descontrolados. Correu ao quarto do casal. Grey o havia destruído e estava com a arma nas mãos. Correu até ele e tentou tirar a arma de seus dedos. Nervoso, Grey apertou o gatilho e sangue começou a jorrar em sua cabeça.
- Não! Grey! – O Padre se desesperou. – Chamem o médico!!!!
Deitado na cama Christian recebeu os primeiros socorros. Por sorte e agilidade do Padre, a bala passou de raspão. Mesmo assim, havia perdido muito sangue.
- Eu tenho que procurar Ana. Me deixem ir procurar minha mulher. – Disse tentando se erguer.
- Fique deitado, homem! E se prepare para alguns dias nessa cama.
- Não posso!
- Então não devia ter dado um tiro na própria cabeça. Agradeça a Deus por ter me feito intervir. Se não, estaria morto. – Repetiu o religioso.

Enquanto isso, Ana, Kate, Bianca e Gail chegavam ao cais e recebiam a informação de que Jacob deixou autorizada qualquer ordem de Anastásia. Podiam ir embora. E assim o fizeram. Iriam recomeçar.



Quem desejar, pode ver o cap da novela. Tem umas coisas diferentes, mas a briga e a fuga estão lá.

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