terça-feira, 27 de agosto de 2013

A Mentira - Capítulo 20: Surpresas


            Quando Ana acordou no dia seguinte, já se sentia um pouco melhor. Ainda não poderia deixar a cama, mas as dores tinham diminuído drasticamente. Descansava e lia um livro quando seu marido entrou no quarto.
            - Como se sente?
            - Bem. Para o seu desgosto, estou mais forte a cada dia. Sua tentativa não funcionou...e daqui pra frente vou olhar bem a minha cela antes de montar.
            - Quem já veio encher sua cabeça com isso? Eu vou investigar essa história, Ana. Ainda quero saber se isso não é invenção de Jacob.
            - E porque faria isso?
            - Por que quer que tenhamos problemas. Porque ele quer entrar na sua calcinha!
Anastásia riu até que a dor no corpo a fez parar.
            - É bom saber que alguém tem a intenção de tirar minha calcinha sem que eu tenha de implorar. – Ele a olhou com cara feia. – Você parece mais interessado em me castigar do que de me satisfazer na cama, Christian.
            - Nem pense que vou permitir que aquele cara se aproxime de você.
            - Devia parar de perder tempo com isso e se preocupar com nós dois Grey...se é que ainda existe nós.
            - O que quer dizer?
            - Que como homem você tá me devendo. – Ela sabia que isso o incomodava demais.

            Se por um lado Grey não tinha interesse nenhum em manter Ana satisfeita sexualmente, por outro a desejava terrivelmente e tinha que tomar banhos frios no meio da noite para não invadir o quarto dela. Agora mesmo, sua vontade era tomá-la sem pedir, só tomar o que era seu e fazê-la gritar o quanto ele era homem. Só que não podia fazer isso enquanto ela estava convalescendo. Mesmo assim não deixaria barato.
            - Quer que eu pague o que te devo agora? – Apalpou sua coxa descaradamente. – Não me provoque, Anastásia.
            - Se eu sou essa vadia desgraçada que você pensa, devia ter nojo de me tocar.
            - É...devia...mas não tenho. Posso não te aceitar como companheira, mas é minha mulher e te quero na cama. E você é minha...é bom que o Jacob entenda isso.
            Quando ficou sozinha Bella pensava na sua triste situação. Seu marido não confiava nela em nenhum sentido. Além de julgá-la uma assassina, também pensava que ela poderia pular na cama do vizinho na primeira oportunidade. E isso nunca foi uma possibilidade aceitável.
            Quando Padre Henrique chegou para visitá-la, foi fácil perceber que tinha mais alguém com quem contar. Não que o religioso confiasse nela. Parecia estar sempre querendo que ela confessasse, mas lhe estendia a mão.
            - Você quer se confessar, minha filha? – Ele perguntou.
            - O Senhor quer saber se eu sou culpado do que meu marido me acusa? Não, Padre. Ainda nem entendi corretamente o que aconteceu e por que Christian acha que eu sou a culpada. Mas nunca tive nada com o irmão dele.
            - E o que fará? Acho que deve ir embora daqui, Anastásia. – Isso a surpreendeu. Um Padre incentivando o fim do matrimônio. – Seu marido está descontrolado e vocês vivem em um lugar afastado. Tenho medo por você.
Ela pensou por um momento.
            - Eu não, Padre. Sei da história da cela de meu cavalo. Mas não foi Grey!
            - Como pode ter tamanha confiança nele?
            - Não deveria...mas Christian teve a chance de me matar e não o fez. Ele não quer minha morte. – Soltou um riso amargo. – Eu tenho que estar viva para sofrer meu castigo.
            - Não quer ir embora? – Ele se surpreendeu.
            Essa era a dúvida que a atormentava.
            - Não assim, Padre. Não vou fugir e lhe dar a impressão que sou culpada. Vou encontrar uma forma de provar minha inocência.

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3 dias depois....

            Ana e Grey almoçavam na sala principal quando Taylor se aproxima dizendo que tinham visita.
            - O rapaz diz ser primo da Patroa. Posso deixar entrar?
            - O que? – Grey não podia acreditar que José estava ali.
            - Claro! – Ana gritou. – Não...deixe que eu vou buscá-lo.

            Tudo que passava pela mente de Christian era descobrir o que José vinha fazer ali e despachá-lo de volta à capital o mais rápido possível. Provavelmente estava querendo levar Ana embora da fazenda...e ela louca para ir. Além de achá-lo ‘pouco homem’, ainda acreditava que ele tinha tentado matá-la. Mas não podia deixá-la partir.
            - Eu não terminei minha vingança. – Disse em voz alta pouco antes de Kate entrar na sala.
            - A Ana foi receber o primo?
            - A Senhora Anastásia foi receber o primo. – Não gostava daquela garota. Era uma aliada de Ana e claramente não vivia ali pelo salário de doméstica. – Eu sei que você se esconde de algo, Kate. Não me faça me arrepender de te deixar aqui. Do que se esconde?
            - Meu ex. – Ela olhou-o nos olhos. – Era violento. E mulher nenhuma suporta um homem que a destrata. Nós partimos na primeira oportunidade. A Senhora Anastásia precisa de mim?
            - Não! No momento ela só precisa do priminho dela. Vá achar um serviço!

            Por mais nervoso que estivesse, não podia deixar José perceber. Então foi o mais simpático possível. Levou-o para experimentar a cachaça mais tradicional feita ali, os belos pastos e os cavalos. Tudo em clima turístico.
            - Papai me incumbiu de encontrar um meio de você usar o telefone, Ana. Quero que teste os celulares que trouxe comigo. Alguma operadora deve ter sinal aqui. – Disse José para Ana e Christian.
            - Obrigada, Primo. Serão úteis...se bem que Christian já me garantiu que a rede de telefone funcionará muito em breve.
            Grey olhou-a, sério.

            - Mas então há uma rede?
            - Sim, José, há. Foi destruída...por um temporal que houve. Mas Christian vai se empenhar pessoalmente para deixá-la em perfeitas condições. Não é, querido?
            - É...claro, Ana. – Respondeu sabendo que Ray não o deixaria descumprir a promessa.

            O clima seguiu o mesmo durante o jantar. Pesado, mas ninguém fazia claras ofensas. Na hora de dormir Kate levou José até um quarto, bem distante dos que o casal ocupava. Mesmo assim Grey não estava disposto a deixar Anastásia sozinha. Invadiu seu quarto pegou-a no colo.
            - Mas o que você...
            - Vai dormir na minha cama! Vou garantir que o seu priminho não consiga tocar no que é meu. – Já no seu quarto beijou-a ardentemente. – Ele pode cobiçá-la, mas eu não divido o que é meu.
            Ela podia até ter motivo para se ofender, sentir-se um objeto. Mas estava tão agradável ficar em seus braços que preferiu não se preocupar com isso. Seu ciúme era uma deliciosa lembrança de que ela não era apenas uma vingança. Não...aquelas mãos também a desejavam, aquela boca estava salivando por ela.
            - Eu vou te fazer gritar essa noite, Anastásia. Gritar e gemer a ponto do seu priminho escutar e entender que você é bem servida de homem. Não precisa que ele venha aqui.
            Ana sabia que naquele momento era a dono do jogo e ia brincar com Grey. Sentiu ele abrindo sua blusa e tocando seus seios até torcer os mamilos até fazê-la suspirar.
            - Amanhã cedo eu posso...aa..a...decidir que você não é..aa..a.não é tão bom assim. Posso ir embora com José e me livrar da sua vingança imbecil.
            Rapidamente ele trançou seu cabelo e com um puxão a fez olhar em seus olhos.

            - Amanhã você estará satisfeitíssima, Senhora Grey.



sábado, 24 de agosto de 2013

Casamento Fuga e Vingança - Capítulo 24: Paz!

Por: Bella

            No avião com destino a Nova York colocava os pensamentos e os sentimentos em ordem. Os últimos tempos foram como um turbilhão de emoções. O que sentia agora? Mágoa? Certamente. Culpa? Também, afinal sempre tive a opção de contar a verdade e preferi a omissão. Ódio? Amor? Paixão? Tudo parecia embaralhado em meu coração. Agora a única alternativa era aguardar e deixar as feridas cicatrizarem como a sábia Esme havia lhe dito.
            Por um momento, um lindo momento, pensei que poderia ser feliz ao lado de Edward. Insana ilusão essa. Como um relacionamento poderia suportar tantas mentiras? Então tudo desmoronou quando Jacob apareceu milagrosamente. Um milagre bem ruim, é claro. Como ele pôde me beijar? E, principalmente, como eu pude retribuir o beijo?
            No fundo eu sabia que meus momentos de felicidade se findaram naquele instante. Por isso fugi para o mundo dos sonhos tomando remédios para dormir. Na manhã seguinte o demônio que vivia dentro de meu marido estava novamente desperto. Eu sabia que cometi erros, talvez erros imperdoáveis, mas jamais aceitaria ser mantida prisioneira, sentia que por mais que o amasse, Edward estava descontrolado. Eu precisava escapar.
            Quando  a oportunidade surgiu, aproveitei. Fui até a pasta de Edward enquanto ele tomava banho sabendo que as chances de encontrar a chave, sair da casa e do condomínio sem ele ver e ligar para Alice eram mínimas, mas tinha de tentar. Não havia chave alguma dentro da pasta e, quando já tinha desistido de tudo e a fechava, ele deixou o banheiro. Ficou descontrolado, bravo e eu...bom...eu não tinha mais nada a temer. Joguei a pasta sobre ele, arruinei papéis que deveriam ser importantes, destruí tudo o que vi. Até que ele ergueu a mão. Achei que Edward pela primeira vez iria me bater, mas ele apenas me agarrou pelo braço e jogou sobre a cama.
            Eu não fui dormir como ele mandou. Gritei por horas ordenando que me deixasse ir embora. Jamais imaginei a atitude impensada feita por Edward logo depois. Jamais o vi naquele estado. O cheiro de álcool impregnado em seu corpo me causou enjoo. Quando percebi suas mãos erram como garras me puxando escada abaixo e, inacreditavelmente, porta a fora.

- O que vai fazer Edward?
            - Vou te dar o que tanto quer. Não quer a liberdade? Não quero te ver nunca mais Isabella. Suma da minha casa agora.
            - Edward! Eu estou de camisola, está chovendo, é madrugada. Não posso ficar na rua...por favor está frio.
            - Era isso que você tanto queria...agora suma daqui. Você tem 20 min para passar pela portaria. Ou virão buscá-la.

            Sem alternativa eu saí caminhando descalça pelo chão úmido. Cheguei na portaria e pedi abrigo.

            - Só até amanhecer, por favor.
            - Desculpe, eu não posso. – Disse envergonhado o porteiro logo depois de me dar seu casaco.

            Então eu andei...andei...andei até não saber mais onde estava ou como voltar para casa de Edward. Só depois percebi que poderia ter pedido ao porteiro para fazer uma ligação, para falar com Esme ou com Alice. Qualquer um capaz de me ajudar. Agora não sabia como voltar. Então caminhei. Quando a chuva tornou a ficar próximo me abriguei embaixo de uma marquise. Percebi que já tinha caminhado muito afinal ali já haviam comércios. A chuva tornou a acalmar e eu segui andando sem destino. Isso ajudava ao frio ficar menos intenso. Parecia que meus pés iam congelar. Uma tontura tomou conta de meu corpo e a sensação que eu tinha era de que não sentia mais o frio, não sentia nada. Não lembro bem como foi, mas acordei em uma água morninha, gostosa, com as mãos de um anjo fazendo carinho em meus cabelos.
            Cheguei a pensar estar morta. Abri os olhos e vi Edward ao lado da banheira e Esme me acarinhando. Entrei em pânico! Depois de tudo o que passei nessa noite não era justo voltar para lá, voltar para minha jaula. Não! Eu merecia ir embora.

- Socorro Esme....por fa...vor...me ajude! Não deixa ele chegar perto de mim. Ele me prendeu aqui, não me deixava sair e depois...
            - Calma querida. Eu já sei do que aconteceu e garanto, não acontecerá novamente. Confie em mim.
            - Bella...me escute...nós vamos conversar e resolver tudo! – Ouvi Edward dizer, mas não desejava ouvir.
            - Eu não quero conversar
           

            Ele saiu por ordem de Esme e eu não tornei a vê-lo. Ana trouxe um delicioso prato de sopa. Depois Esme voltou com um médico que me examinou toda para chegar a conclusão que eu já sabia.

            - Ela precisa de paz. Está muito nervosa e o corpo tem de descansar.

            Depois fiquei um pouco sozinha e voltei a dormir pelo remédio que tomei. Quando acordei Esme e uma mala estavam ao meu lado.

            - Levante querida. Você precisa comer e se arrumar, depois vai pegar um avião. Alice e Jasper vão estar no aeroporto de Nova York esperando você.

Na saída ainda perguntei por ele.

            - Como Edward está?
            - Dormindo depois de uma forte dose de remédio. Quando acordar sofrerá sua ausência, mas será melhor assim. Você precisa de paz e ele também, por mais que não reconheça.
            - Esmee...como...
            - Diga Bella, não tenha vergonha de perguntar nada.
            - Como você consegue gostar de mim, depois de eu ter abandonado seu filho logo após o casamento.
            - Se um dia você for mãe Bella, entenderá que nós sentimos tudo que nossos filhos sentem. Meu filho a odiou e eu também. Mas no fundo você foi responsável por fazê-lo feliz. Ele sofreu por você, mas também foi feliz ao seu lado. E, se essa felicidade não foi duradoura, não foi só por sua culpa. Ele sempre foi possessivo e deixou que o sentimento de posse tomasse conta do relacionamento de vocês. E outras coisas atrapalharam, coisas muito estranhas que foram planejadas.
            - Por quem? – Eu não entendi.
            - Não interessa agora. Vamos Bella você precisa se arrumar para deixar essa casa antes que Edward acorde.
            - Nunca mais vou vê-lo, não é?
            - Eu não contaria com isso.

Ela saiu sem que eu pudesse pedir para explica melhor. Agora estou aqui, no portão de desembarque do aeroporto de Nova York, caminhando lentamente para Alice que aguardava com os braços abertos.

- Obrigada por me receber. – Disse chorando.

Voltei ao meu antigo quarto, em nosso antigo apartamento, mas não era mais a mesma mulher. Eu não sabia que caminho seguir. Passei todo aquele dia sozinha no quarto. Jasper devia estar impedindo Alice de entrar com uma enxurrada de perguntas. Na manhã seguinte:

- Bom dia flor do dia! Vamos voltar ao trabalho?

Eu queria dizer não e passar o dia deitada naquela cama chorando pelo que fiz à minha vida, mas resolvi levantar e me obrigar a viver.

Um mês depois...

Uma nova vida? Não, mas uma vida melhor a cada dia. Eu estava tentando seguir uma rotina e acertar meus problemas. Consegui, não sem ajuda, é claro. De Esmee, de Jasper, de Alice e...e de Edward. Não, eu não o tinha visto, mas tive notícias dele. Seu advogado entrou em contato comigo para resolver tudo e desatar todos os nós que ainda nos uniam. Ele cancelou o processo contra meu pai. Charlie havia deixado a clinica há duas semanas e nunca veio me ver. Meu telefone, documentos, roupas e até as joias, tudo que era meu havia sido entregue no apartamento. Ele também me mandou um e-mail:

Bella;

Espero ainda poder ver você e ter certeza de que não lhe fiz nenhum dano irreparável. Enquanto isso não acontece quero me certificar de que está bem. Espero que tenha recebido todos os seus pertences em total ordem, como pedi à equipe de entrega. Enviei também tudo que comprei para você. É seu e jamais será de outra, assim como meu coração. Não vou lhe pedir desculpas, afinal não apagará o que lhe fiz. Logo sairá a documentação do divórcio. Espero que seja feliz.

Do seu
Edward Cullen


- Burro!
- Quem é burro? – Disse Alice entrando no meu quarto sem bater, como sempre fazia e eu nem me dava o trabalho de reclamar.
- Edward, mas talvez a palavra certa seja cego.
- Por quê?
- Ele mandou uma mensagem avisando das coisas foram entregues e dizendo que o divórcio logo sairá. Disse que me quer feliz.
- E ele é cego por não perceber que essas duas coisas juntas são impossíveis, é isso? Por que não responde lhe dizendo isso?
- Não Ali. Ele pode sim me amar, mas não confia em uma palavra que eu digo. Nós temos que aceitar que não existe possibilidade de dar certo. Nós perdemos o respeito um do outro.
- Então erga a cabeça e faça o que ele pediu. Seja feliz!
- Vou tentar. – Disse e fui dormir.

Na manhã seguinte...

            Acordei me sentindo disposta e forte como a muito não acontecia. Pena que ao pular da cama uma onda de enjoo me fez correr em direção ao banheiro. Vomitei até não ter mais nada em meu estômago. Ou assim eu pensei. Quando cheguei à cozinha, no entanto, encontrei Alice fazendo café da manhã. Quando o cheiro do leite me atingiu voltei para o banheiro para colocar o que sobrou de meu estômago para fora. Estava no quarto quando Alice veio me trazer um chá.

            - Obrigada!
            - Se não passar, vai ao médico, ok? – Disse ela parecendo uma mãe.
            - Sim senhora.

            Passei a tarde bem. Na manhã seguinte tudo se repetiu.

            - Bella, vá ao médico. – Disse Alice.
            - Se não passar eu vou Ali.

            Depois de uma semana assim, não pude mais fugir.

            - Está bem Alice. Hoje à tarde vou ao médico!

domingo, 18 de agosto de 2013

Amor Sem Limites - Capítulo 13: Boas e más mães


            Era muito doloroso para Carmen ter de aceitar que o menininho que vinha criando agora seria educado por outra mulher, sua mãe por direito, Isabella. Ela preferia que essa garota, que aparentava ser jovem demais para ser mãe, tivesse permanecido onde vivia e não tivesse vindo para Forks bagunçar sua vida. Mas não foi assim. Havia perdido seu filho e visto os Cullens, seus parentes, ficarem divididos. E, o pior, o casamento que sempre considerara sólido desmoronou. Peter fugiu como um rato.
            Mas agora, já passadas algumas semanas, tudo estava melhorando. Bella vinha permitindo visitas e Arthur já estava adaptado a nova família. Uma família grande! Ele tinha vários tios e um avô. Além disso, o namorado de Bella, Edward, parecia realmente amar o garotinho. Era muito jovem, é claro. Não estava pronto para ser pai, mas tinha grande amor pela namorada. Isso estava claro feito água. E quando um homem ama, ele sabe estender esse amor ao fruto gerado pela companheira, seja dele ou não.
            Agora precisava reconstruir sua vida. Não seria fácil. Contava com o apoio de suas irmãs, mas, sem o marido e envolvida nesse processo, jamais conseguiria adorar outro bebê. Talvez seu destino fosse mesmo a solidão, sem um filho para lhe chamar de mamãe.

campainha e foi surpreendida por encontrar Eleazar do outro lado da porta.

            - Eu preciso falar com você, Carmen.
            - Entre. Vou te servir um café. – Tinha consciência de que Eleazar não a considerava suspeita de nada, mas sua visita o deixava apreensiva. – Em que posso ajudar?
            - Vim te avisar que Peter foi preso há duas horas. Estava do outro lado do país. – Disse ele sério.

            Ela observou-o por algum tempo antes de responder.

            - Podia ter me deixado saber pelo noticiário, como todos os outros. – Ela não queria demonstrar a decepção que sentia por si mesma pelo fato de ser mulher de um homem capaz de raptar uma criança. – Não tenho nenhum interesse no futuro dele.
            - Achei que lhe devia o respeito de saber primeiro. – Ele a olhava com carinho...não se tratava de pena. – É uma mulher ainda jovem. Agora poderá refazer sua vida.
            - Será? Eu realmente não sei mais. – Ver uma mulher tão bonita e cheia de vida triste dessa forma o deixava com vontade de fazê-la sorrir. – Mas o que vai ocorrer agora?
            - Peter será interrogado e vamos tentar descobrir porque ele roubou o menino. Já temos um bom indício, mas precisamos da confissão.
            - Pode me dizer o que é, Eleazar. Por que vocês acham que Peter roubou Arthur de Bella?
            - Eu não posso te dar detalhes, Carmen. A investigação corre em segredo de justiça. Mas se tudo se confirmar, aconselho você a se divorciar o mais rápido possível e se afastar desse homem. Ele passará vários anos na cadeia.
            - Eu já entrei com o processo. Logo serei uma mulher livre.
            Durante o primeiro depoimento Peter se manteve calado. Não podia entregar seus aliados...a menos que eles não lhe fossem fiéis. Primeiro tentaria uma última cartada. Solicitou seu direito de fazer uma ligação. Não era para um advogado. Era para quem tinha muito interesse em vê-lo calado.

            - Você não tem que entrar em contato comigo! Esqueça meu número! – Ouviu a voz aguda de Reneé dizer. – Sei que está sendo perseguido, mas não tenho nada com isso. Mandei você matar o garoto! Se livrar dele! Te paguei! E você resolveu criá-lo e ainda deixou pistas.
            - A perseguição acabou, querida amiga. Estou preso e preciso de sua ajuda.
            - Não!
            - Sim, minha querida amiga. – Ele não podia falar claramente, mas daria o recado. Praticamente sussurrava. – Eu sei que você fará tudo o que puder por mim. Eu sou melhor com a boca fechada.
            - Você não tem como provar nada! – Ela disse rispidamente.

            - Você tem 24hs. – Peter ameaçou.

A Mentira - Capítulo 19: fera em recuperação


            Ana se sentia confusa. Lembrava de estar no hospital e até de discutir com Christian...depois um imenso mar negro tomava conta de suas lembranças. E agora abria os olhos e estava na fazenda. Por um momento chegou a pensar que tivera um sonho, mas as dores no corpo comprovaram que era tudo real.
            Estava com muita dor no quadril e em uma das pernas. Não lembrava de ter sofrido tantas dores enquanto estava na capital. É claro que lá dormia tanto que pouco se lembrava.
            - Você acordou...ainda bem. – Kate disse ao seu lado. - Como se sente?
            - Dor, muita dor. – Foi só o que conseguiu falar.
            - Eu vou chamar Gail. James deve ter deixado algum medicamento com ela.
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            Sem saber que Ana tinha acordado e vivendo uma série de dúvidas, Christian fez algo que não gostava. Foi conversar com o Padre. Não era uma confissão, afinal só se confessava quem havia se arrependido de algo que fez e esse não era o caso. Tudo que Anastásia estava sofrendo era por responsabilidade dela própria. E, além disso, era pouco, perto do que ela fez.
            - Fiquei sabendo que trouxe sua esposa para casa. Irei visitá-la ainda hoje. – Disse o religioso logo que o cumprimentou.
            - Ela ainda não está bem o bastante para isso. Melhor esperar.
            - Então por que a trouxe de volta? Não tem medo de ela ainda precisar de algum atendimento médico?
Tinha, mas não assumiria nada.
            - James pode cuidar dela. – Mesmo sem ser convidado, sentou-se à mesa da sacristia. – Vim porque preciso desabafar, Padre. Estou confuso...não sei mais o que devo fazer da minha vida...e da vida de Anastásia.
            - Você não é Deus para decidir a vida de sua mulher...muito menos para tentar tirá-la! – Falou duramente.

            Por essa acusação Grey não esperava. Já não bastasse Anastásia já ter insinuado que ele poderia matá-la, agora o Padre vinha com essa acusação absurda.
            - Quem pensa que é para me acusar disso? Eu não sou um assassino!
            - Não grite na casa de Deus! Se você não respeita os votos que fez em seu casamento, ao menos respeite essa igreja!
            - Está ao favor de Anastásia porque já esqueceu o que ela fez. Mas eu não! Eu nunca vou esquecer.
            - Nada disso justifica você tirá-la de casa, da família, levá-la ao altar, fazer juras perante Deus e depois descumpri-las. Você a trouxe saudável e agora ela se encontra sobre um leito! Você mentiu para Deus! Jurou amar e proteger Anastásia e...
            - Ela matou meu irmão!
            - Ninguém mente pra Deus e fica impune, Christian. – Os ombros que Christian já se encontraram mais baixos e o desespero vivido por ele aparecia nas lágrimas que corajosamente prendia. – E olhando para você, Grey, é fácil perceber qual é o seu castigo.
            - Qual? – Uma gota solitária molhou sua face.
            - Você se apaixonou tórrida e perdidamente por Anastásia. E cada ‘castigo’ que dá à ela, sente na própria carne. Você sofre vendo sua mulher sofrer. E sente essa dor em dobro porque sabe que é o responsável.
            - Isso é um absurdo! O que você pode saber sobre o amor?! Um padre falando sobre amor tórrido!
            - Nunca amei uma mulher...mas conheço o amor à Deus. E ele está te mostrando que ninguém jura em falso no altar e sai indevidamente. Se bem que...o seu juramento não foi tão falso. Já vi muitos casais, mas nunca estive na frente de um homem tão possessivo e apaixonado.
            - Eu não a amo! Não AMO! A ODEIO! – Cada palavra foi dita junto com um murro na mesa.
            - Não? Então se está tão seguro de sua vingança incansável, o que está fazendo aqui? Para que me procurou? – Padre Henrique já não sabia o que fazer com a cegueira sentimental daquele homem.
            - Eu...não sei...queria conversar.
            - Não seria para me contar como Anastásia caiu daquele cavalo?
            Christian empalideceu.
            - O Senhor sabe. Ela saiu nervosa e forçou demais o animal. – O que mais poderia ser?
            - Tem certeza, Christian? – Estavam olhos nos olhos.
            - Absoluta! – Jamais faria nada que fizesse Ana cair. – Ao contrário da sua ‘protegida’, não sou um assassino. E não admito que duvidem da minha palavra!
            - Quem não admite sou eu, Christian Grey! Não fecharei os olhos para mais nenhum sofrimento que você infligir a essa moça! E para mais nenhum estranho ‘acidente’.
            - Pare de insinuar que eu fiz algo para matar minha Ana! Eu não fiz! – Aquele ‘minha’ calou forte no coração do Padre Henrique. Mas ele seguiu pressionando.
            -Então por que o cavalo da senhora Grey estava sem a cela quando foi encontrado? Eu falei com Jacob e ele me disse que aquele animal é sim arisco, mas que não se assusta fácil. E nós sabemos que ele aceitava muito bem a montaria de Ana.
            - O senhor acha que...
            - É muito fácil concluir que Anastásia não caiu por imperícia ou pela montaria ter se assustado. O acidente foi causado porque a cela estava solta.
            Não...isso era impossível...
            - Eu não fiz isso. Eu nem sabia que ela iria sair naquela noite. Tentei segurá-la lá! – Ele passava a mão pelos cabelos, despenteamos ainda mais. Tem que acreditar em mim, Padre!
            - Ok, eu acredito Christian. Se você me diz, eu acreditarei. – O religioso sorriu. – Talvez esse lhe seja um bom exemplo de que as vezes mesmo com muitos indícios, muitas certezas, ainda assim não estamos certos.
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            Na capital, Alice recebia uma notícia que a revoltou. Dessa vez não adiantou recorrer à tia. Não conseguiu o que queira.
            - Meu amor, acho que Alice está certa. José não pode ficar de babá da Ana pela vida toda.
            - Não! – Ray foi enfático. – Namorando ou não namorando Alice, José é primo de Ana. Um primo querido em quem ela sempre confiou. Eu não posso deixar o banco nesse momento. Mas não vou deixar uma filha abandonada.
            - Sim, papai. – José adorou a tarefa.
            - Então eu vou junto! – Disse Alice.
            - Não, senhorita. – Ele novamente podou os planos da sobrinha. – Você ficará aqui fazendo companhia para sua tia e estudando para o vestibular. Não é por que quer casar que não vai estudar. Só a vejo falar em casamento!
            - Mas tio...
            - Calada, Alice. – Era uma ordem. – José vai até essa fazenda vistoriar tudo em meu nome. Quero ter certeza que Anastásia está feliz. E também levará os celulares. Se não pegar, teremos que viabilizar um telefone fixo. Ela não fica mais isolada naquele lugar. Nem que eu tenha de construir uma antena no quintal dessa fazenda!


domingo, 4 de agosto de 2013

A Mentira - Capítulo 18: Mais mentiras


            Não passava pela cabeça de Christian matar ninguém, nem mesmo Anastásia, ainda que ele não merecesse viver depois de ser a responsável por duas mortes. Mas jamais sujaria suas mãos de sangue. Ela só podia estar delirando.
            - Você está descontrolada! Vou deixar você descansar. – Sua aparência ainda não era boa. – Depois conversamos.
            - Peça para minha família entrar.
           
            A ideia de José ficar a volta dela, paparicando-a, o irritava terrivelmente. E nada poderia fazer. Com toda a família dela ali, precisava se manter distante e torcer para ela não fazer nenhum escândalo sobre o relacionamento deles.
            Saiu para verificar o andamento de alguns negócios pelo celular e, ao voltar, passou na cafeteria. Lá viu Alice, sentada enquanto mexia em seu tablet. Parecia aborrecida.
            - Alice? – Disse ao se aproximar. – Achei que estaria com sua prima.
            - É...bom...o quarto está cheio de gente. A família e os amigos de Ana também apareceram então...melhor eu não atrapalhar.
            - Mas vocês são primas...

            Nesse momento Alice teve a ideia que poderia resolver seus problemas. Precisava afastar Ana e José novamente. Afinal ele estava novamente ao lado dela e, com ou sem noivado, se continuassem assim, ele voltaria a ter esperança e não aceitaria casar. Estava na cara que Christian era apaixonado e possessivo por Anastásia...tinha que usar isso a seu favor.
            - Nem pude contar para a prima que eu e José vamos casar...se bem que...com ela assim tãoooo próxima de José, talvez nem haja casamento?
            - Vocês estão noivos, não é? Seu tio me comentou. – Mas por que ela dizia isso? – Ana ficará feliz por você.
            - Não...eu sei...e ela também sabe que no fundo é dela que o José gosta. E ela disse pro tio que não está feliz...- Fez sua melhor expressão de arrependimento. – Desculpe, Christian. Eu não quis dizer nada de ruim.
            - Não se preocupe, Alice. Ana teve dificuldades em se adaptar à fazenda, não tenho como negar isso. Mas ela é MINHA mulher e seguirá assim. Portanto...se você irá ou não casar com José não é um problema nosso.
Surpreso, Grey viu Alice começar a chorar. Ficou comovido com o nervosismo da moça com quem nunca teve muito contato. Ela tinha uma aparência frágil, delicada, sem a garra de Anastásia. Era uma mulher fraca e, também por isso, não lhe despertava nenhum sentimento. Ela realmente tinha razões para se sentir inferior. Não chegava nem perto de Ana...em beleza, carisma, garra, sensualidade ou o que desejasse avaliar.
- Me ajude...por favor. – Ela choramingou.
- Eu não tenho como te ajudar, Alice. – Bem que gostaria de ver José casado e longe de Ana. – Já tenho meu casamento para cuidar.
- Afaste José de Ana! Faça isso por mim.
- Como?
- Leve Ana para a fazenda!!!! Ela não está tão mal assim. Trate dela em casa!
- Não posso simplesmente colocar Ana em um avião. A equipe médica ainda está avaliando. Ana não corre risco de morte, mas ainda sofre muitas dores. Não vou levá-la enquanto ela estiver sofrendo tanto. – Isso podia afirmar.

Só que Alice não estava disposta a aguardar Ana sarar completamente. Já tinha o plano armado, mas precisava da ajuda de Jasper para conseguir colocar em prática.
- Tem certeza? E se matar a garota? – Ele questionou.
- Não seria tão mau...mas não. Os médicos disseram que ela está fora de perigo. Nunca vi! Cai do cavalo e não quebra o pescoço! É uma inútil!!! Me traz o remédio ainda hoje!
- Qual o plano?
- O Grey parece ser tão incompetente como homem quanto o irmão. A Ana está visivelmente insatisfeita com a vidinha no campo. Se ela abrir a boca e voltar pra casa o José gruda nela e banca o enfermeiro. E lá se vai o meu casamento e a nossa grana! Ela precisa dormir...muito pelos próximos dias. A gente vai apagar a Ana e, aos poucos, eu coloco na cabeça do Grey que ele precisa levar a mulher dele embora.
- Garota você é perversa! – Brincou Jasper. – Vai estar com você o mais rápido possível.
- Ótimo.
Assim que consegui a medicação, Alice se ofereceu para ficar com a prima enquanto os outros familiares iam lançar. Foi fácil colocar o medicamento no soro.
Por suas constantes interferências, no pouco tempo em que ficou consciente, Ana não conseguiu conversar o que desejava com os tios e agora Alice garantia que ela não conseguisse pedir para voltar para casa.
- Priminha...olha como eu sou boazinha...vou ajudar você a dormir bastante. Só vou deixar você acordar na maldita fazenda e, me faça um favor...se for se acidentar novamente, morra de uma vez!

Vídeo da cena minuto 20:15 até 21:18


Dois dias se passaram e Ana pouco ficava acordada. Quando abria os olhos parecia estar com a mente confusa. Por mais que seu corpo estivesse aparentando melhora, a mente parecia confusa. Mesmo acordada ela não ordenava os pensamentos e apenas balbuciava palavras.
- Ti...t...tio eee eu que...
- Descanse, querida. Quando estiver melhor a gente conversa.
Ninguém desconfiava de que aquele sono não era natural. Para a equipe médica, era bom que Anastásia dormisse para se recuperar. Christian também não gostava de não poder ouvir a voz de Ana ou vê-la sorrir.  Ele se dividia entre o hotel e o hospital e na terceira manhã encontrou Alice saindo esbravejando.
- Que bom que te encontrei! Vá lá no quarto e vai ver o José se colocando aos pés da sua mulher. Se cuida Grey! Se depender deles, a Ana vai assinar o divórcio aqui mesmo! Eu ainda não casei...mas você vai fazer papel de corno pra todo mundo ver! – Bradava ela.
Não era nada tão grave, mas ao chegar no quarto Christian realmente encontrou Ana e José sozinhos. Ela dormia enquanto ele beijava sua testa e acariciava suas mãos enquanto falava baixinho em seu ouvido. Era impossível ouvir o que José dizia para sua esposa adormecida, mas, após a explosão de Alice, imaginava o rapaz fazendo planos para lhe tirar Ana. Não!
- Como ela está? – Perguntou.
- Na mesma. Ela não abre os olhos. – José não percebeu o tom irritado de Grey.
Christian pensou rapidamente e resolveu que sua única chance de manter Ana era seguir o conselho de Alice. Tinha que levar Ana embora! Já!

- Vou na diretoria do hospital! – Viu o olhar do José mudar. – Resolvi que Ana já pode se tratar em casa. Vou levá-la ainda hoje. – Disse e saiu. Precisava ser rápido para Ray e José não tentarem impedir.