domingo, 7 de julho de 2013

Casamento, Fuga e Vingança - Capítulo 21: Trovões e tempestade

Por: Bella

            Tudo ia bem, bem demais, como se anunciasse a tempestade que se aproximava. Minha sorte começou a mudar quando minha médica ligou informando que tudo estava resolvido. Meus últimos exames mostraram uma grande melhora hormonal e chegara a hora de fazer a inseminação.

            - Você está em seu melhor momento, seu corpo está pronto para tentar segurar a criança.

            Eu não sabia pelo que torcer. Para ficar provado de uma vez por todas que meu corpo era seco, tentar engravidar e conseguir parar correr o risco de um aborto ou parir a criança e entregá-la a Edward sem olhar para trás. Ele  disse que nossos problemas estavam no passado, mas isso se devia a nossa viagem e a sua vontade, não a realidade. Edward seguia sendo um homem dominador e eu uma mulher cheia de segredos. Além disso como eu diria a ele que apesar de não ser amante de Jack antes do nosso casamento, mas que depois da fuga nós nos envolvemos? Como convencê-lo de que foi apenas por carência? Que depois viramos amigos e há muito tempo não nos víamos? Como?
            O jeito era fingir e aproveitar os bons momentos. Quando ele falou em ir a um baile de caridade eu odiei a ideia. Parecia poder sentir algo ruim se aproximando. Lá só haveria gente ruim, esnobes que gostavam de fingir pensar no próximo e com isso faziam fama de bons moços. Mas, para evitar discussões concordei em vestir um lindo vestido e enfrentá-los de cabeça erguida, mesmo sabendo que em minha ausência, fui desmoralizada pelos mesmos que agora me paparicam.
            A comida estava saborosa, a música agradável e dançar com Edward é uma das melhores sensações do universo. Infelizmente uma frase foi capaz de acabar com minha paz.

            - Seu amante está aqui!

            Ele estava transtornado e eu sentia minha vida desabando como um castelo de cartas. Eu tentei acalmá-lo, mas nada surtia efeito. Pensei que o melhor seria me afastar, deixá-lo pensar por alguns minutos e esfriar a mente. Até por que, se fosse ofendida nesse momento, em público, também jamais poderia perdoá-lo. Então me retirei em direção ao toalete.
            Passei um grande tempo lá dentro pensando em como a vida podia ser cruel. Jacob reaparecer depois de tanto tempo para movimentar ainda mais meu turbulento casamento. Estava alienada aos fúteis bate-papos que ouvia, minha mente tomada por meus problemas. Até que lavei o rosto e saí em direção a varanda do salão para pegar um ar e ficar sozinha.
            Infelizmente dei de cara com quem por um lado não queria ver por saber que me traria problemas, mas, por outro, por quem eu guardava muito carinho e queria dar um abraço.

            - Jack! – Foi só o que disse ao vê-lo.
            - Bella. Faz tempo hem? Não me dá um abraço?
            Há alguns anos Jacob me pareceu como um bote de salvação, um anjo que vinha me salvar do casamento antes sonhado, mas naquele momento temido. Agora era um amigo, mas trazia a tormenta. Mesmo assim eu o abracei apertado sem me preocupar com os que nos viam.

            - Não sabia que era convidado para esse tipo de evento.
            - Nunca fui. Não sei porque, mas milagrosamente um convite foi enviado pra mim.
            - Milagre mesmo. – Isso tinha cara de armação.
            - E eu não perderia a oportunidade de ver mulheres tão belas. É claro que nenhuma delas chega a seus pés.
           
            Nosso curto romance se deu um tempo após a fuga. Eu precisava de carinho e ele estava disposto a dar. Aproveitei! Ele era lindo, um amante carinhoso e eu sabia que a mulher que ficasse ao seu lado teria sorte na vida. Mas eu não nasci para esse posto. Eu não o amava, não como homem, mas tinha por ele um carinho fraternal. Hoje até me arrependo de tê-lo dado esperanças. Acabei tendo de me afastar de meu amigo.

            - Que nada Jack...aqui tem mulheres belíssimas.
            - Sim, mas...eu quero você. – Quando disse isso ele foi se aproximando e me deu um beijo. – Volta pra mim Bella.

            Não posso dizer que não gostei do beijo. Jacob é o homem que toda mulher sonha e beija bem. Por um instante fui fraca, mas isso não mudava o que eu sentia por Edward. O afastei logo depois.

            - Eu tenho de ir Jack. Ficar perto de você é...perigoso.
            - É porque você me ama Bella e eu sou melhor do que ele para você.
            - Não Jack. Fique longe de mim, por favor.

            Saí transtornada, sem ver quem estava a minha volta e corri em direção a saída. Não tinha condições de encarar Edward naquele momento. Ele ligou e eu dei uma desculpa qualquer. Sabia que teria de enfrentá-lo depois e só esperava que ele nunca soubesse de meu encontro com Jack. Para adiar nossa conversa pedi um remédio para Ana e tomei uma dose capaz de me derrubar até a manhã seguinte. Não vi Edward chegar.

Na manhã seguinte...

            Quando abri os olhos senti como se tudo não passasse de um pesadelo. Eu queria fechar os olhos novamente e permanecer nele, mas Edward não me permitiu.

            - Levante dessa cama, jogue uma água nessa cara porque eu preciso de você bem acordada e volte para o quarto. Temos muito o que conversar! – Ele falava em conversar, mas já erguia o tom de voz.
            - Que horas são?
            - Faça o que eu mandei Bella!
Eu fiz e rapidamente voltei ao nosso quarto. Até tinha certa confiança por acreditar que conversando poderíamos nos entender. Tudo desmoronou quando vi sobre a cama o tablet de Edward. Na tela uma foto minha com Jacob na noite anterior. Não era do momento de nosso beijo, mas mostrava muita intimidade. Ele fervia de ódio e nem podia me defender. O que podia dizer? Ele jamais compreenderia. Eu estava de volta ao inferno.

- Que tem a me dizer?

Eu o via tremer de raiva.

- Nada. – Não tinha o que eu falar. Não tinha como explicar.
- Qual era o plano? Me fazer de palhaço? Eu tinha que novamente passar vergonha por você na frente de amigos e da minha família. – Ele me segurava pelos braços. – Fale! Afinal o que você quer!
- Ele não é nada, apenas um amigo. Eu nem o conhecia antes do dia de nosso casamento.
- Eu não acredito! Eu não acredito mais numa palavra que sai de sua boca!

Ele estava cada vez mais nervoso e fiquei com medo dele ficar violento, mas em nenhum momento fez menção de me bater. Apenas andava pelo quarto em desespero e por vezes se aproximava para me pressionar a falar. Se eu falasse a verdade seria pior então evitava responder.

- Dormia com ele?

Silêncio.

- Uma vez falou que sim para me provocar na cama, mas preferi levar na brincadeira.
- Eu não quero falar disso. Jack não faz parte da minha vida. Não faz parte da nossa vida!
- Não vai falar? Pior para os dois. Vou atrás dele!
- Não! Deixe ele em paz. Não tem culpa de nada. – Falei.
- Não fique defendendo seu amante!
- Eu não tenho amante Edward. Por favor, acredite.

Ele tava desesperado e avançou sobre mim.

- Então fale de uma vez o que houve! Aconteceu mais alguma coisa entre vocês? Você sabe Isabella que se mentir não vai adiantar, eu vou descobrir. Alguma coisa aconteceu para você sair correndo daquele jeito. FALE! Fale antes que eu faça algo que me arrependa!
- Eu tive sim algo com Jack, mas ficou no passado.
- Ele era seu amante desde o início não era?
- Não! De que adianta eu falar se você não acredita! Eu o conheci por coincidência naquele dia. Ele passava pela frente do casamento e me ofereceu uma carona.
- Quer que eu acredite nessa historinha?
- É a verdade!
- Está bem! Aí, você aceitou a carona e o pagou com sexo? Isso?
- Chega! Não vou aceitar isso!
- Muito engraçado Bella! Você não tem o que aceitar. Acabou sua vida boa. – De um momento para o outro ele estava calmo e isso me preocupou. Seus olhos estavam frios e eu senti medo. – Jamais deveria ter lhe dado uma segunda chance. Dei e você não aproveitou. Estava avisada! Agora aguente as consequências.
- O que vai fazer? – Perguntei com medo.
- Seguir com nossos planos originais e terminar o quanto antes com o que for necessário para você engravidar.
- Eu não acredito que você vai seguir com essa loucura! Eu não vou fazer inseminação alguma!
- VAI SIM! E não irrite ainda mais Isabella. – Ele calmamente guardou o tablet. – Em três dias faço a coleta e depois você será chamada.
- E enquanto isso, ficamos como?

Para meu desespero, ele sorriu com deboche.

- Eu sigo com minha vida como sempre. Você? Você voltou ao inferno. – Ele pegou uma chave e mostrou. – Dessa vez não vou colocar seguranças, nem lhe dar a chance de forjar acidentes para me deixar preocupado e fazer chantagens. Você não sai desse quarto até segunda ordem.

POV: Edward

            - Não pode me prender assim! Me enjaular como se eu fosse um animal.
            - Claro que não. Eu trato meus animais muito bem e eles me são mais fiéis.
            - Edward não! Por favor.
            - Eu nunca mais caio no seu jogo Isabella. Você devia estar feliz por eu querer tanto um filho seu. Caso contrário eu podia denunciá-la e você seria presa não num quarto luxuoso e grande, mas numa cela minúscula.
            - Por favor! – Ela começou a chorar.
            - Você tem mais alguma coisa para me contar do que houve ontem? – Perguntei lhe dando mais uma oportunidade.


Silêncio


            - Sobre a mesa tem um lanche que Ana lhe preparou. – Falei ignorando seu choro.

            Sai trancando a porta e ouvi seu choro do outro lado. Não era fácil, eu queria que tivesse sido diferente, mas não era. Para não me comover com seu choro peguei novamente o tablet e olhei uma foto que não mostrei para ela. Ela e o amante trocaram beijos no baile e ela não teve nem mesmo a decência de confessar.

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