quinta-feira, 6 de junho de 2013

A Mentira - Capítulo 7: casamento e bipolaridade




            - Mas casar? – Ray tomou um susto terrível ao receber a visita de Grey em seu escritório. Ficou pior quando ele disso a que veio. – Se amam, ok. Namorem. Mas casar? Porque essa pressa toda? Vocês têm a vida toda.
            - Eu e Anastásia já decidimos. Eu gostaria apenas de ter a sua bênção e de que entrasse na igreja com Ana. – Christian foi categórico.
            - É claro que eu entrarei com ela! Como se você pudesse me impedir. – Ray estava triste. Apesar de Ana ter feito algo que ele abominava, era uma filha e ele sentia que a estava perdendo.
            - Então nós vamos preparar tudo. Nos casamos em um mês.
            - Mas porque essa pressa toda? Não me diga que Ana está grávida? Se for isso, saiba que eu não admito que meu neto deixe de vir ao mundo. Abortos são inadmissíveis! Essa vergonha não irá...
           
            Christian percebeu que Ray sabia de alguma coisa. Ou, ao menos, desconfiava do que Anastásia tinha feito. Seria por isso que estava ignorando a sobrinha que passou a vida mimando? Talvez.

            - Está tentando me avisar de algo? – Perguntou ao futuro ‘sogro’.
            - Não. É só que...eu fiquei surpreso com essa história toda.
            - Sim, eu imagino. Mas posso garantir que sua sobrinha não espera um filho.
            - Sim, sim...eu exagerei na minha reação. Mas onde vocês pretendem morar.
            - Na minha fazenda, é claro. Ana já concordou. Eu preciso cuidar de tudo por lá. Viajaremos logo após a cerimônia.
            - Masss é muito longe!
            - É o meu lar. – Christian foi categórico.
            - Mas você tem negócios aqui também.
            - Sim, muitos. Mas esses eu posso tocar de lá. Já a fazenda e a produção de cachaça precisa da minha presença. – Grey deu mais um passo de seu plano. – Eu também gostaria que o senhor continuasse administrando a herança de Anastásia. Como minha mulher, eu irei sustentá-la.
            - Farei isso pelo tempo que ela quiser. O dinheiro dela estará preservado.
            - Ótimo! – Só que ela jamais tocaria nele.

            O jantar de noivado foi constrangedor. José bebeu além da conta e, a frente de todos, declarou seu amor por Ana. Disse que nunca deixaria de amar a prima e estaria ali, esperando por ela, para sempre. Alice o fuzilava com o olhar enquanto Melissa tentava conter o filho.

            - Esseee...esse aí nunca vai fazer a Ana feeliz. Eu sim, Aninha. Eu te amo. Sempre te amei.
            - José, por favor. Você é como um irmão pra mim.
            - Não Ana...eu te quero. – Quando ele tentou lhe dar um beijo, Grey o pegou pelo colarinho e derrubou com um murro.

            O jantar acabou assim.

            O mês passou rápido. Ana estava cheia de compromissos para organizar a cerimônia. Mesmo contando com a ajuda das amigas, da tia e de Alice, ambas parecendo muito contentes por ela muito em breve ir morar em outro estado, era muita coisa para fazer.
            A questão do contrato foi delicadamente analisada em vergonhosas reuniões. Por fim, ainda com um pouco de medo, assinou. Mas colocou cláusulas e retirou as questões que mais a incomodavam.

            - Não quero malhar por obrigação. Eu decido quando me exercitar. – Disse.
            - Eu preciso de você saudável, Ana. Ou você não irá acompanhar o meu ritmo.
            - Eu serei saudável. – Quando ele concordou ela seguiu. – Ninguém controla o que eu como.
            - Não admito que sinta fome. – A expressão dele dizia que isso era sério.
            - Não passarei fome. Mas não vou seguir uma lista de alimentos estipulada por você.
            - Ok, concedo isso. Mas saiba que sentir fome é desobediência grave e será punida.
            - Aí é outra questão, Christian, tenho medo de apanhar. – Ela foi totalmente franca.

            ‘Aaaa baby...e você vai apanhar mesmo...bastante’, pensava Grey.

            - Eu vou te disciplinar, Ana. E isso envolve dor. Quanto mais obediente você for, menos irá apanhar. Mas eu vou te bater, faz parte do domínio que eu terei sobre você. – Ele viu que ela estava apavorada. – Mas não se apavore. Não vou ultrapassar limites seguros. E você terá as palavras de segurança. Se usar o código para eu parar, pararei na mesma hora. Mas...isso acarretará que eu não fique satisfeito, é claro. E eu não gosto de ficar insatisfeito. – Ela continuava com cara de apavorada. – Olha...o que mais dói são as varas...eu concedo a você elas como um limite rígido. Não as usarei.
            - Me sinto melhor assim. – Anastásia respondeu.

            ‘Você ainda não viu o estrago que eu posso fazer com um cinto, querida Ana’, pensou Christian.

            - Também não quero fazer anal. Nunca fiz e tenho medo. – Ela disse.
            - Sinto muito...mas eu quero muito comer seu cú. E vou fazer isso. Mas não se preocupe, antes vou te treinar bem e, garanto, você vai gostar.

            Depois de decidir mais alguns limites e estipular o prazo de um ano, Ana assinou o documento. Mas o lembrou de uma coisa.

            - Nós dois sabemos que isso é ilegal, Christian. Ninguém pode escravizar alguém nos dias de hoje. Se eu quiser sair disso, faço na hora em que desejar. – Disse corajosamente.
            - Muito perspicaz da sua parte, Ana. Acredite, não tenho interesse nenhum em discutir essas questões no tribunal com um juiz. – Queria muito que ela achasse que realmente era obrigada a cumprir, mas sabia que Ana não era nada boba. – Mas eu tenho minhas táticas para te manter ‘amarrada’ a fazenda.

            Estava sacramentado. Era a escrava sexual de Christian Grey!

Também conheceu a família de Christian. Mia e Elliot, os irmãos mais novos, e Carrick e Grace. Só o irmão mais velho que nunca apareceu. Emmett. Será que ele ainda estava na fazenda? Ele vivia por lá, certo? Precisava perguntar para Grey, mas sempre esquecia.
            Também teve de lidar com o medo de não se adaptar a uma vida tão distante da que estava acostumada, a mudança de estado, ficar longe dos amigos e da família e ter dificuldades para se comunicar com eles. Christian tinha avisado que lá na fazenda não tinha internet, celular não pegava e até o telefone de linha funcionava raramente.

            - Parece mentira nos dias de hoje, mas, o jeito mais garantido de se comunicar com alguém é pelos correios ou ir até a cidade e usar um telefone público ou de alguém que more lá. O da igreja é o mais procurado.
            - Sério. – Ana achava graça. Parecia algo inimaginável.
            - Sim. – Respondeu para ela nunca poder acusá-lo de ir para lá enganada. – A fazenda fica muito longe da cidade mais próxima.

            Mas a decisão estava tomada e ela não estava arrependida. Christian Grey era o homem de sua vida e nunca, jamais, poderia amar outro homem como o amava. Seria feliz com ele seja onde for.

            - Ana, pense bem. Eu  posso te fazer feliz. – José ainda tentava convencê-la a não se casar.
            - Eu amo o Christian, José. Serei feliz com ele.
            - Eu posso te fazer feliz também. Só precisa me dar uma oportunidade.
            - Eu estou decidida. – Nada iria fazê-la mudar de ideia.

            O grande dia chegou e ambos os noivos estavam nervosos. Christian manteve a palavra de não tocá-la até a noite de núpcias. E os dois estavam nervosos com isso. Só os beijos apaixonados não foram capaz de suprir tudo o que ambos desejavam.

            - Eu te quero, Ana. Você nem imagina o quanto. – Nisso ele estava sento completamente sincero. A cada dia Christian entendia mais o que fez Emmett se suicidar. Aquela mulher era capaz mesmo de enlouquecer um homem. Ele precisava ser muito esperto para não se deixar enganar.
            - Então me tenha...agora. Pra que esperar? – Ana desejava ser mulher dele antes de dizer o sim no altar.
            - Paciência, meu amor.

            A igreja estava cheia de convidados quando o piano começou a tocar a marcha tradicional de casamentos. Nervoso e lindo vestindo um traje tradicional preto e com gravata borboleta, Grey aguardava ao altar.



                                        
            Ana entrou sendo levada por Ray.  Usava um vestido escolhido para esconder e seduzir ao mesmo tempo. Era um tomara-que-caia ricamente bordado do busto até os pés. Para manter o recato na igreja, vestia um bolero no mesmo bordado. Parecia um vestido de mangas longas, mas, na festa, poderia tirar aquela parte.
 


Grey ficou encantado com o que via. Parecia um anjo vestido em branco que vinha para lhe trazer a felicidade. Pena que era um demônio, lindo, mas um demônio. Deixando o pensamento de lado, concentrou-se na missa e logo já estavam fazendo os votos.

"Te recebo e prometo ser fiel, amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe"

            O ‘pode beijar a noiva’ veio seguido de palmas e assobios pela animada plateia. Mesmo sem conhecer a pressa em ficar a sós, os noivos dançaram, brindaram e curtiram algumas horas de festa. Depois de Ana atirar o boque de flores vieram as despedidas.

            - Seja feliz Ana. Tudo o que eu sempre quis foi a felicidade de todos. – Lhe disse tia Melissa. E, da sua forma, era verdade.
            - Obrigada, tia. Eu também desejo para vocês toda a felicidade.
            - Querida prima! – Alice apareceu puxando José pelo braço. – Que bom que está casada e vai morar num castelo junto de seu príncipe. Pena que o castelo fica num reino tãoooo distante, não acha?
            - Sim, Alice. Tenho certeza de que você vai morrer de saudade de mim. – Ela olhou para o primo com quem pouco falou após o jantar de noivado. Ele parecia cada dia mais enredado por Alice. – Se cuide José. Sempre estarei torcendo pela sua felicidade.
            - Se ele fizer qualquer coisa, eu vou te buscar. Sabe disso, não é? – Respondeu ele.
            - Sei. Eu vou lembrar disso. – Sob o olhar furioso de Christian, Ana abraçou o primo fortemente.
            - Agora é minha vez! – Ray a tomou dos braços do filho. – Minha menina...nem acredito que já está casada. Bom...você sabe que aqui é o seu lar. Se não der certo, é só voltar.
            - Parem com isso! – Melissa decretou. – Ela será feliz com o marido.

            Eles passariam a noite em um finíssimo hotel e na manhã seguinte tomariam o avião. Grey entrou no hotel já sem o blazer do traje e gravata solta. Quando chegaram a suíte, Ana decretou que tinha aceitado ser submissa por um ano, mas que por essa noite seria ela a seduzir.
            - A é, senhora Grey? E o que pretende fazer? – Ele perguntou intrigado. Já estava duro dentro das calças e a ideia de ter aquela mulher só para si o deixava maluco.



            - Muitas coisas senhor Grey...coisas demais para perder tempo explicando.

            Lentamente Ana o fez sentar no sofá e subiu na mesa de centro que havia em frente. Iria mostrar para Christian como o baunilha podia ser agradável. Quem sabe ele não esquecia daqueles chicotes, regras e contratos?

            - Você podia me ajudar a tirar os sapatos. – Dizendo isso ofereceu um pé para Grey soltar a alta sandália. Ele o fez enquanto beija cada um dos dedos.
            - Agora o outro. – Eles repetiu o processo.
            - Senhora Grey...o que eu vou fazer com você? Não imaginei toda essa sedução vinda de você. Sabe...eu posso querer me vingar disso tudo quando chegarmos em casa.
            - Não vou me preocupar com isso agora, querido marido. Primeiro vamos ver se você aprecia o meu show. – Ela se virou de costas. – Abra, por favor, o fecho do meu vestido.

            Lentamente e salpicando beijos por sua nuca ele fez o que ela pediu.

            - Ótimo. Agora volta ao seu confortável lugar no sofá e assista. – Ronronou.

            Lentamente Anastásia deixou o vestido cair revelando lingerie branca composta por um espartilho que apertava-lhe os seios, calcinha, meias e cinta-liga. Viu Grey salivar.
 

            - O que acha? – Ela deu uma voltinha.
            - Você...é...muito...gostosa! É isso que eu acho – Ele fez menção de levantar, mas Ana não deixou.
            - Não. Eu ainda não terminei o show.

            Ela sentou-se na estendeu uma perna para ele retirar a meia. Grey gostou e lentamente começou a descobrir suas coxas. Também sabia brincar disse e seu plano era deixar Anastásia enlouquecida de desejo.

            - Vamos marido. Se você continuar nesse ritmo, nós perderemos o avião amanhã de manhã.
            - Não Ana...não perderemos. Mas isso tudo terá vingança. Espero que saiba disso.

            Vingança? Ana estanhou essa frase. Se vingar por ela seduzir seu marido? Deixou o pensamento de lado distraída pelo toque dele em suas pernas.
            Christian estava dividido. Por um lado, encantado pela volúpia daquela mulher. SUA mulher. Ela era fantástica e ele começava a reconhecer que estava se apaixonando. Por outro lado, ela tinha assumido o controle da noite e isso não era bom. ‘Tudo bem...por essa noite tudo bem. Mas quando chegarmos à fazenda eu te ensinarei quem manda’, decretou.

            Quando já estava sem as meias Ana se levantou para servir champanhe. E ele pode observá-la, agora com mais pele amostra.

            - Basta! Venha aqui! – Grey a puxou para si em um beijo que só podia ser dado em ambiente privado. Ainda com as bocas coladas abriu o espartilho liberando os seios dela para seu toque. – Chega de provocar, senhora Grey. Agora eu quero tomar o que é meu.

            Também era o que Ana queria. Adorou quando sentiu ele nervosamente rasgar a delicada calcinha. Só que ele ainda estava muito vestido. Queria abrir sua camisa e ter acesso a sua pele. Só que ele não deixou.

            - Não me toque. – Sua voz era dura. Era uma ordem. – Sou eu que toco.

            Antes que ela tivesse a chance de responder Christian a levou nua até a cama e amarrou suas mãos a cabeceira com uma gravata prateada. Não era a que usou no casamento. Essa ele trouxe para isso. AI Jesus!

            - Você queria beber champanhe? – Falou caminhando até onde estava a garrafa.
            - Sim. – Nesse momento estava com a garganta seca.
            - Mas não ganhará. Eu vou beber...em você, senhora Grey. Acho você uma ótima taça.

            Aos pouquinhos ele ia derramando a bebida gelada em seu corpo quente. A combinação estava enlouquecendo Ana. Ela se contorcia mesmo amarrada pelas mãos.

            - Eu não pretendia, mas se não parar quieta, posso te bater aqui mesmo. – Ele falava sério. – É uma viagem longa. Não sei se vai gostar de fazê-la com o traseiro ardendo.

            Ana achava que ele estava blefando, mas tentou não se mexer. Era difícil. Ele parecia estar em todos os lugares. A boca ia da barriga aos seios, o pau, duro, apertado contra sua coxa enquanto uma das mãos apalpava seu traseiro e a outra passeava brincando com seus pelos pubianos...o que sobrou deles.

            - Você não se depilou como eu pedi. – Ele falou.
            - Fiz com cera. Tirar tudo dói muito. – Respondeu.
            - Devia ter raspado então. – Ele a olhou sensualmente. – Ana, Ana...mal casamos e você já me desobedece. Estou vendo que terei muito trabalho para te disciplinar. Minha mão já está coçando.
            - Controle essa mão nervosa. – Ela disse. – Eu quero você Grey. AGORA!

            Ainda demorou um pouco, mas quando recebeu o que tanto desejava, Ana gritou, gemeu e se contorceu como se estivesse indo do céu ao inferno em poucos segundos. Depois do orgasmo, sentiu Grey soltar seus braços. Ela adormeceu nos braços dele.

----------#----------

            No meio da madrugada Grey a observava dormir sem acreditar no que tinha vivido ali. Essa mulher era uma bruxa. Não podia ter tido tanto prazer com ela. Não com ELA. Não com a assassina de Emmett. Tinha deixado ela seduzi-lo. E ela era boa nisso. Podia enlouquecê-lo também. Não devia mais tocá-la.

            - Aproveite essa noite, Anastásia. – Disse olhando seu sono. – Seu inferno começa agora.



Nenhum comentário:

Postar um comentário