quarta-feira, 1 de maio de 2013

Casamento, Fuga e Vingança - Capítulo 11: Infertilidade



            - Por Deus Edward, me ligue assim que tiver notícias da menina. – Ana gritou quando eu entrava em meu carro para seguir a ambulância que levava Bella. – Ela está muito pálida.
            - Ela perdeu muito sangue. Eu ligo. – E saí.

            A distância até o hospital era curta, mas parecia interminável. Não me foi permitido ir na ambulância e agora, durante todo o trajeto, fiquei pensando no que se passava lá dentro. O paramédico perguntou se eu sabia de algo que pudesse ser a causa do sangramento, se havia possibilidade dela estar grávida.

            - Não, eu acho. Ela estava menstruada e com muita dor.
            - Ok, senhor. Vamos fazer o possível.

            Quando chegamos, ela foi rapidamente levada ao setor ginecológico e ouvi quando chamaram uma tal de Dra. Carmen. E ali Bella ficou e eu passei mais de duas horas sem nenhuma notícia. Quando estava mais ansioso do que aparentava ser possível Carmen veio ao meu encontro:

            - Senhor Edward? É o acompanhante de Isabella?
            - Sim. – Pensei em dizer que era o marido, mas aí teria de dizer o por que de sequer saber o que se passava com minha mulher.
            - Ótimo, me acompanhe ao consultório.
           
Logo depois... quando eu já estava sentado de frente para a médica em um consultório totalmente feminino, cheio de fotos com crianças recém nascidas e próteses similares aos órgãos femininos sobre a mesa.

- Como ela está?
- O quadro foi estabilizado. O sangramento contido. E agora a questão é saber exatamente o que gerou isso e tratar, é claro.
- E você ainda não sabe? Ficou horas lá dentro com ela?
- Eu tenho desconfianças, mas não total certeza. Seria irresponsabilidade lhe dizer agora. Quando ela acordar nós conversaremos e, se ela não souber o que tem, faremos os exames necessários. Mas eu acho difícil ela não saber.
- Por quê?
- Porque, se eu estiver correta, Isabella tem uma doença diretamente ligada à função reprodutora e elas se manifestam em todo o período fértil, ou seja, a partir da puberdade. Isabella não é uma adolescente, deve conhecer o próprio corpo e saber muito bem o que tem. O que temos de descobrir é o que mudou para causar essa crise.
O que mudou? Foi com essa questão que fui para casa trocar minha roupa suja de sangue. Problema no aparelho reprodutor que influi na vida fértil, então era possível que Isabella não pudesse ter filhos. Meu pai iria surtar. Ana me abraçou logo que entrei na casa e depois me deixou sozinho para pensar no tanto que minha vida iria mudar caso a médica estivesse correta. Eu tinha com Isabella um contrato onde estava especificado que só nos divorciaríamos após ela ter um filho. Se ela jamais fosse engravidar, ficaríamos ligados para sempre? E mesmo que não fossemos obrigados a isso, eu poderia simplesmente descartá-la ao descobrir isso?
Por mais que Isabella seja uma mulher imoral e repleta de defeitos, sempre será a maternidade, o posto mais natural de qualquer fêmea. Se ela descobrir que é estéril, vai ficar desolada. A doutora acha que ela já deve saber o que tem, então é impossível que seja infertilidade, afinal ela estava tomando pílula quando a trouxe aqui. Ela jamais tomaria um remédio desnecessariamente. Ou tomaria?
Falei com minha secretária e avisei apenas que não poderia ir trabalhar no dia seguinte, porém, não especifiquei o motivo. Queria adiar de todas as formas o momento em que isso iria chegar até Carlisle. Ele provavelmente iria invadir o hospital e interrogar a médica para descobrir o que se passava. Quando cheguei à clinica fiquei sabendo que Isabella tinha acordado e Carmen estava com ela no quarto. Quando entrei porém, não fui muito bem recebido.

- Eu quero privacidade. – Disse ela ainda muito pálida.
- Eu... preciso saber o que você tem. Prometo não interferir em nada.
- Eu acho que isso não é algo que vá conseguir esconder de seu marido ou que deva fazer. Ele irá compreender que precisa de cuidados.
- Podem, por gentileza, parar de falar cifradamente? – Eu estava nervoso como nunca.
- Isabella, você tem um problema ginecológico que eu, por seu sangramento e o forte grau de dor em período menstrual que seu marido me contou que tem, imagino se tratar de endometriose. Existem formas clínicas para confirmar a doença como ultrason vaginal ou uma microcirúrgia para biópsia do tecido das trompas. Mas eu prefiro saber antes se você já não teve diagnóstico de endometriose antes. Para evitarmos tudo isso ou, se tivermos que fazer os exames, que seja para tratar.
- Eu não quero falar sobre isso. – Ela olhou envolta, mas logo voltou a falar. – Está certo. Eu tenho isso sim. Mas já está controlado. Foi apenas esse mês que veio um fluxo menstrual mais forte, apenas isso.
- Não fale besteiras Isabela! – Eu me descontrolei. Então ela sempre soube.
- Por favor, senhor Cullen mantenha a calma. Não é bom deixá-la nervosa nesse momento.
- Vou deixá-las a sós. O ambiente está insuportável. – E saí, mesmo sabendo que não era o certo à fazer.

Fugi do hospital, simples assim. Fui a procura de Tânia, mas não a encontrei, hoje nem ela estava ao meu dispor. Então terminei a noite em um bar, sequer sei como cheguei em casa ou como não entrei em coma alcoólico. Só queria esquecer o inferno que minha vida havia se transformado. Por que, justamente a mulher que escolhi era infértil? Quando cheguei ao hospital novamente já se passavam mais de 24hs de minha saída.
- Bom que veio. – A médica tinha crítica nos olhos. – Pensei que teria de dar alta para minha paciente e colocá-la num táxi.
- Podemos conversar?
- O que quer saber?
- Ela é estéril ou não? Existe alguma chance dela engravidar?
- Não é assim tão 100% de certeza.
- Como não?
- Não. Eu preciso que entenda o que sua mulher tem.
- Então fale de uma vez.
- Não se sabe o que causa endometriose, mas é quando o tecido que normalmente reveste o útero se expande cobre outras partes do aparelho reprodutivo. No caso de Isabella, às tropas. No período menstrual esse tecido sangra ocasionando dor. Como o tecido está encobrindo a passagem das trompas, não há passagem parcial ou total dos espermatozoides, impedindo a gravidez.
- Agora que já tive uma aula de medicina. Diga de uma vez como resolvemos isso. Quais os tratamentos e quanto tempo até ela estar pronta para engravidar.
- Acho que o senhor não está entendo. Endometriose não tem cura, apenas tratamentos que a controlam. Um deles é o que ela fazia. Controlava a doença de forma hormonal tomando ininterruptamente anticoncepcionais. Foi irresponsabilidade parar sem acompanhamento médico. Ela pretendia engravidar e acabou ocasionando essa crise.
- É impossível então? – O que falo agora?
- Existem outros tratamentos. A cirurgia é uma opção, porém muito arriscada. Seria feita a raspagem de todo esse tecido e a agressão ao organismo é grande. Porém as chances de gravidez aumentam.
- Junto com as dela morrer? – Falei amargo.
- O mais utilizado hoje por casais que desejam filhos nessa condição é a inseminação artificial ou fertilização in vitro. É seguro.
- Tem 100% de certeza de dar certo.
- Nada na vida é 100%.

Estava com ódio por Isabella ter me feito de idiota e mais uma vez me fazer passar vergonha perante a sociedade. Sim porque novamente nossa relação terminaria e eu não receberia o filho que quero. Talvez a solução seja realmente encerrar essa farsa de casamento e pedir que Tânia se torne minha mulher e mãe de meu filho. Minha decisão mudou totalmente quando chegamos em casa e exigi uma explicação de Isabella.

- Desde quando sabe que é impossível cumprir a cláusula do contrato que assinou?
- Sempre soube, desde menina.
- Mentirosa, ardilosa, piranha!
- Acha o que Edward? Que você e aquela múmia que chama de pai podem não só comprar uma esposa mas ganhar um bebê de brinde. Não. – Ela abraçou a barriga. – Não da minha barriga. Sou seca, exatamente como Carlisle temia. E quer saber? É o castigo perfeito para os dois.
- Você completamente louca.
- E você, o que é?

Eu pensei por um tempo.

- O pai do seu filho.
- Agora é você o doido. Não ouviu a médica falando? É impossível, sou seca.
- Eu conversei longamente com ela Isabella e você tem mínimas chances de engravidar naturalmente, mas pode gerar uma criança por inseminação artificial.
- E você vai querer o artificial. Achei que era muito macho pra isso. Seu filho sendo concebido numa cama ginecológica?
- Não tenho esses preconceitos Isabella. Será meu filho e depois de ter ele nos braços não vou precisar mais olhar na sua cara.
- Não pode falar sério?
- Descanse Isabella. Você começa o tratamento o quanto antes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário