quinta-feira, 11 de abril de 2013

Casamento, Fuga e Vingança - Capítulo 9: Tentativas frustradas – Parte II



A madrugada seguiu agitada. Ana colocou Isabella deitada sobre uma das bolsas de água quente e a outra na parte baixa das costas. Lhe deu um remédio e ficou ali, alisando seus cabelos até ela adormecer, quando o sol já brilhava. Isabella ficou calada todo o tempo, só recebendo os mimos de Ana. Essa sim falou bastante, disse que ela tinha de se cuidar, ir ao médico, entre os inúmeros conselhos que, em meio a dor, provavelmente Isabella sequer percebeu.
O dia seguinte trouxe alguma calmaria. Eu fiquei em casa planejando conversar com Isabella e quando ela acordou, por volta das 11hs, esperei que se alimentasse e fui ao quarto. Seu rosto estava abatido, mas aparentemente, não estava com dor.

- Podemos conversar?
- Isso é novidade. Deve ser a primeira vez que você pede algo, não ordena.
- O que há com você? – Ignorei com comentário ácido.
- Já respondi isso ontem.
- Não é preciso ser mulher para saber que o período menstrual não necessariamente é desta forma. Isso não é normal.
- Isso é problema meu Edward. Se atrapalhei seu sono, posso tranquilamente mudar de quarto nessa semana. Até porque estou inutilizada para seus objetivos principais nesses dias.
- Está tentando me convencer de que sempre será assim e não há nada para fazer?
- Ao que parece sim.

Isso não poderia ser real, era impossível conviver com isso pela vida inteira. Tinha de haver algo de errado com ela, muito errado. E eu teria continuado nossa conversa se Ana não fosse chamar para avisar de uma visita.

- Seu pai está ai? – Disse ela.
- Era tudo que eu precisava.
- Está aguardando na sala e também quer ver a menina.
- Não disse que ela está indisposta?
- Disse, mas ele não está de muito bom humor. Falou que...hamm... – Ela gaguejava.
- Fale Ana. – Interferiu Isabella. – Diga quais elogios recebi dele.
- Fale de uma vez Ana.
- Ele disse que só o que faltava ser fraca e doente. Que deve ser incapaz de colocar no mundo um menino Cullen, forte e saudável como devem ser.
- Você fica aqui Isabella. Ana desce comigo e leva aquele café que só você faz. Vamos acalmar a fera antes que ela ataque alguém.

Minha mulher respondeu e eu deixei nosso quarto  acompanhado por Ana.

- Bom dia pai. A que devo a visita?
- Vim ver o que há de errado aqui.
- Não tem nada errado.
- Mentira! – Ele gritou.
- Sem gritos em minha casa. – Falei pausadamente. – Vamos ao escritório conversar. – Quando ambos estávamos sentados, continuei falando. – Já pedi que não se intrometesse em assuntos íntimos de minha vida.
- Ela foi paga para lhe dar um filho! Está vivendo aqui feito uma rainha e não engravidou ainda.
- E o que quer que eu faça? Estamos tentando e tenho certeza de que ela não toma anticoncepcional.
- E se ela não puder ter filhos? Lembro que na época do contrato quis que passasse por testes, mas você resolveu terminar com tudo logo e casar rapidamente. E se ela for seca? Se dela nunca nascer um Cullen?
- Aí teremos de lidar com isso. – Mas era impensável que uma mulher tão feminina, não pudesse ser mãe. – E eu considero cedo para já pensarmos nisso.
- Teria de descobri o quanto antes. Se ela for estéril, acabe com esse casamento o mais rápido possível e procurar por outra jovem. Talvez desta vez Tânia queira se tornar a senhora Cullen.
- Não coloque Tânia nesse assunto. Não quero filhos com ela.

            E ele seguiu falando de outras mulheres, seus planos para o neto, a decepção por Isabella ainda não ter lhe dado a criança e o fato de quase um quarto do tempo de contrato já ter passado. Não que estivesse nos planos dele que eu cumprisse todo esse tempo. Desde que idealizou todo o plano de ‘comprar’ uma esposa para mim, seu objetivo era afastar Isabella do filho assim que desse a luz e, lhe dando algum dinheiro, deixá-la liberada das exigências do contrato. Ficamos no escritório por algum tempo, até que Ana veio chamar para o almoço. Para o meu desespero, Isabella resolveu dizer não ao repouso e veio almoçar conosco.

            - Hora, bom saber que sua indisposição passou. – Carlisle disse assim que ela chegou.
            - E por que eu me privaria da companhia tão simpática de meu sogro?
            - Fiquei sabendo que estava adoentada.
            - Adoentada? Nossa Carlisle, quantos séculos você tem?
            - Não chego a tanto. Mas me diga... pode garantir então que está saudável?
            - Não pretendo morrer amanhã. – Disse em tom de deboche.
            - Fale direito comigo! Não pense que irá me enganar Isabella. Você já aprontou demais, não irei nunca mais permitir que suma sem cumprir com o contrato que assinou. Não se esqueça enrascada em que você e seu pai está.
            - Não seja repetitivo Carlisle. De chantagista já basta seu filho. – Ela olhou em meus olhos e eu soube que precisa interromper aquela discussão o quanto antes.
            - Não seja idiota Isabella. – Meu pai a agarrou por ambos os braços. – Sei que está armando algo para não cumprir com o contrato. – Ele a sacudia. – O que é? Fale!
            - Me largue!
            - Diga! – Ele a apartava cada vez mais e eu tive de intervir.
            - Basta! – Ambos olharam para mim. – Pai não fique tão nervoso, não é bom para o seu coração. – Isabella me fuzilou com os olhos, mas o melhor era afastá-los. – Isabella, por favor, vá para o quarto.
            - Você não vai permitir...
            - Isso foi uma ordem! Vá agora para o quarto.
            - Ainda tem a petulância de questionar o que você fala.
            - Velho desgraçado, você não tem nada haver com isso. Se vou ou não ter um filho, não é da sua conta.
            - Aí se engana, a criança será muito mais minha do que sua.
            - Claro. – Ela olhou bem para nós dois. – Então aguardem esse bebê vir.
            - Você ouviu Edward? Ela confessa como essa cara deslavada que não pretende te dar essa criança.
            - Além de velho é surdo? Não disse nada disso.
            - Pela última vez Isabella, SUBA!

            O restante do almoço foi terrível com meu pai destilando seu ódio por Isabella e ainda vendo a expressão zangada de Ana que certamente estava furiosa por eu ter mandado Isabella se retirar da mesa. Vi quando ela subiu as escadas com uma bandeja e voltou com ela intacta.

            - A rainha das mentiras vai se fazer de ofendida para ganhar seu coração Ana?
            - A menina Isabella não é assim. – Antes de voltar a falar ela olhou em meus olhos. – E não tem vida de rainha nessa casa.
            - Vejo que já iludiu você.
            - Acho que já basta de confusão por hoje pai.

            Quando Carlisle finalmente foi embora eu fui até a cozinha conversar com Ana. Como eu previa, ela não foi nada amigável.

            - Ela comeu alguma coisa?
            - Não. Tomou remédios e adormeceu.
            - Isso é ruim.
            - Não entendo garoto. – Ela ainda me chamava assim. – Se queria que ela comesse, não deveria tê-la mandado se retirar da mesa.
            - E deixava eles brigando por toda a refeição?
            - E ela é a culpada de tudo? Por que permite que seu pai fale assim com ela?
            - Sabe que meu casamento não é normal. E Isabella não colaborou. – Eu tive de rir um pouco. – Chamou ele de velho surdo!
            - É pouco! Ela está cansada, com dor e ainda tem de ouvir essas ofensas dele.
            - Ok, Ana. – Eu suspirei. – Preciso esfriar minha cabeça. Vou sair, ligue se precisar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário