sábado, 20 de abril de 2013

A Mentira - Capítulo 1: desejo de vingança

NOTA DA AUTORA: Promessa é dívida e eu vim começar a pagar a minha! Hoje a fic A Mentira, baseada na novela mexicana de mesmo nome e na trilogia 50 Tons, começa a ser postada. A fic tem uma trama bemmmm diferente da história original e também tem ‘leves’ toques da Saga Crepúsculo. Sim, eu sei, esse mix todo é arriscado. Mas CONFIEM nessa aprendiz de escritora. Garanto que não irão se arrepender.



Após anos de estudo na Europa, Christian, José e alguns outros amigos desembarcaram em São Paulo. Não eram amigos íntimos, mas ter brasileiros por perto era um alento para matar a saudade de quem estuda em outro continente, distante da família. Ambos de família rica, Christian Grey estava formado em engenharia e José Fernandes Negrete era economista.

            - Você vai ficar por São Paulo, Grey? – José perguntou enquanto pegavam as malas.
            - Não. Vou dar um beijo em meus pais e meus irmãos mais novos e depois vou para Mato Grosso encontrar Emmett, meu irmão mais velho. Ele vive em uma fazenda, quer produzir cachaça.
            - Legal! Bem brasileiro. Mas sua família não tem negócios por aqui? – No fundo José achava a ideia de produzir cachaça um tanto humilde demais.
            - Sim, temos. É que todos nós somos adotados. E meu irmão mais velho descobriu que tem origem para aqueles lados e resolveu fazer dinheiro próprio por lá. Quero ver como está. Eu tive meus momentos de rebeldia e Emmett me ajudou tanto, quero muito ver meu irmão.
            - E vai ficar pelo Brasil?Uma certa loura quer que você volte.
            - Elena? Não, acabou minha relação com Elena. Ela é passado.
            - Ela parecia ter muito domínio de você, não lembro de você saindo com outra.
            - Ninguém me domina, José, ninguém. – Christian foi tão enfático que José achou que ele queria dizer algo mais.


            Cada um tomou seu rumo. José tinha uma casa belíssima a sua espera. Mãe, pai e duas primas saudosas. Ana e Alice eram completos opostos. E ele amava a ambas igualmente. Uma era a calmaria, a outra a tempestade. Mas quem disse que uma tempestade não tem beleza? Anastásia, além de linda, tinha uma força indomável. Cheia de vida, disposta  a ser feliz Ana era vista por muitos como exagerada ou inconsequente e muito namoradeira. Seu sorriso conquistava a todos. Foi só ele colocar os pés dentro da casa para ela descer as escadas correndo, aparento ter menos que seus 21 anos.

            - Primoooooooo. – Ela pulou em seu colo, abraçando-o com as pernas como costumava fazer quando eram crianças. – Advinha? Adivinha o que preparei para comemorar a sua vinda?
            - Não sei. Diga! – Com Anastásia tudo era motivo para comemoração.
            - Carnaval! Na Bahia! Já comprei nossos abadas!
            - Masss... – Assim? Estava chegando e já iria para o Carnaval? Só mesmo Ana.
            - Será que você pode deixar um pouco do primo para mim, querida Ana. – Alice chegou calmamente à sala. Seus tios vinham junto. – Eu também quero abraçá-lo.
            - Anastásia, por Deus, isso são modos? Não pode se agarrar ao José dessa forma. – Melissa nunca gostou da espontaneidade de Ana. – E que estória é essa de carnaval? Meu filho mal chegou e você já quer colocá-lo na rua com essa gente louca e bêbada, esses seus amigos sem pudor algum.
            - Calma Melissa. Parece que não conhece sua sobrinha. E ela está abraçando o primo, quase um irmão. O que tem de mal. – Ray, seu tio, sempre a defendia. Ele sim, era realmente um pai.
            - Isso, mamãe, sem brigas. E eu vou adorar ir passar o carnaval com minhas lindas primas e seus amigos.
            - Os amigos da Anastásia. – Alice esclareceu. – Eu não vou me meter a correr atrás de trio elétrico.
            - Problema seu, querida prima. Eu, meus amigos e meu amadíssimo primo José iremos e vamos nos divertir muito.

            Logo Ana puxou José para irem nadar na piscina e Ray foi trabalhar. Alice e Melissa ficaram na sala conversando. As duas tinham muita afinidade. Melissa não escondia sua preferência por Alice. Ela era a mais doce, mais sofisticada, seria uma linda esposa e mãe. Mãe de seus netos. Queria muito que José se encantasse pela beleza de Alice e a pedisse em casamento.

            - Você viu tia? A Ana nem deixou eu ficar com ele. Vai levá-lo para o carnaval e, aposto, fazê-lo se apaixonar. E eu? Ele nem mesmo se lembrará de mim.
            - Não pense assim querida. José é um rapaz esperto, vivido. Jamais preferiria a Ana, uma moça que já teve tantos namorados à sua delicadeza e pureza. Com o tempo você irá conquistá-lo.

            Quase dois dias depois de chegar ao Brasil, Christian estava na cidade de Monte Alto, minúsculo lugarejo no interior do Mato Grosso onde seu irmão tinha resolvido viver. Mais se via poeira do que cidade. O primeiro a avistar logo que chegou na rodoviária, melhor forma de ir até a cidade para fazer uma visita, foi o Padre. Típico de cidade pequena, o simples religioso veio lhe cumprimentar.

            - Bom dia. O que traz um rapaz da capital à nossa pequena cidade? – Disse o padre.
            - Bom dia, padre. Como sabe que sou da capital?
            - A velhice ensina, meu garoto. E você não tem jeito de gente daqui. Além disso conheço a todos!

            O homem parecia muito simpático e bondoso.

            - Então deve conhecer meu irmão! Pode me ajudar a chegar até ele.
            - É claro. Se ele mora aqui na cidade ou nas fazendas próximas, eu o conheço.
            - Emmett Grey. É dele a fazenda Santa Fé.

            As poucas palavras fizeram as feições do padre ficarem mais duras, seus olhos escureceram. Christian percebeu que algo estava errado, mas sequer cogitou que fosse algo tão terrível. Seu irmão teria problemas? Financeiros? Amorosos? Estava envolvido em algum crime?
            - Diga, padre, diga qual o problema.
            - Vamos até a paróquia. Saindo desse sol nós conversaremos melhor.

            Caminharam em silêncio até que sentaram à sombra das arvores nos fundos da igreja.

            -Não nos apresentamos. Sou padre Henrique da Silva. Responsável pela única igreja da cidade.
            - É um prazer conhecê-lo,Padre. Eu sou Christian Grey, irmão de Emmett.
            - Vocês não são parecidos. – Grey teve a sensação de estar sendo enrolado pelo Padre. Não gostava dessa sensação.
            - Não somos irmãos de sangue. Ambos fomos adotados, assim como nossos irmãos mais novos. Devo muito ao Emmett. Ele foi meu grande apoio quando precisei. – Mas não gostava de contar sua vida. Era hora de saber o que se passava. – Agora, por favor, diga o que se passa e onde encontro meu irmão.
            - Filho, eu não sei como lhe contar...eu tentei entrar em contato com algum familiar, mas seu irmão sempre foi tão fechado e a fazenda ainda carece de meios de comunicação então nada pude fazer. Eu não sabia para quem deveria telefonar.
            - Diga logo padre! Quero falar com meu irmão agora!
            - Não pode, filho. Infelizmente não pode.
            - Como não?! – Grey não entendia, não queria entender.
            - Emmett está morto. Seu irmão cometeu suicídio, Christian. Eu sinto informar.

            Suicídio? Não. Como era possível? Emmett era um homem forte, guerreiro. Quando precisou, quando até seus pais não o desejavam, era Emmett a oferecer apoio. Ele iria tirar a própria vida.

            - Isso é mentira! Alguém matou meu irmão e o senhor está protegendo esse assassino! – Só podia ser isso.
            - Não menino. Seu irmão não fazia mal a ninguém. Porque iriam matá-lo?
            - É isso que eu quero saber! E eu vou descobrir! E vou matar esse desgraçado!
            - Ele deu um tiro na própria cabeça, Christian. Estava depressivo. Tinha demitido os poucos funcionários que ainda restavam na fazenda. Vinha gastando todo o dinheiro em bebida.
            - Quero falar com esses funcionários. Se é que isso é verdade, algo causou essa depressão! – Não era possível. – Porque não avisaram a família? E o enterro? O que fizeram ao corpo.
            - Quando o encontraram, já estava em um estado avançado de decomposição. Foi feito o enterro, não podíamos esperar. Mas eu estava tentando encontrar algum contato na casa. Mas ainda não consegui.
            - Ainda?
            - Faz apenas 4 dias que o enterramos, Grey.

            Estava em completo desespero. Se tivesse chegado uma semana antes, talvez, seu irmão ainda estaria vivo e com a sua ajuda sairia da depressão.

            - Vamos para a fazenda. Preciso falar com esses empregados!

O lugar estava em verdadeiras ruínas e os documentos que encontrara no escritório denunciavam que o dinheiro de Emmett tinha acabado. Mas o que ele fez com o dinheiro? Os poucos empregados não queriam falar inicialmente. Descreveram o chefe como um homem fechado e amargo, o que Emmett jamais foi.

- Senhor? – Uma menina muito jovem o chamou na porta do escritório. – Eu sei o que deseja saber.
- Qual seu nome?
- Jéssica.
- E o que você ACHA que eu quero saber, Jéssica.
- O senhor quer saber quem é a causadora da morte de seu irmão.
- A? Está dizendo que é uma mulher?
- E o que mais faz um homem perder a cabeça dessa forma?
- E você sabe o nome dela? – Era isso o que precisava.
- Não, ninguém sabe. O patrão não contava pra ninguém. Mas ela foi a culpada. Mulher lá de São Paulo, ele conheceu numa festa. Voltou com a cabeça virada, mandava dinheiro que não tinha. Até que uma ligação o deixou em desespero e ele fez o que fez?
- Ligação de quem?
- Dela!
- Ela quem?
- Isso eu não sei patrão! Mas sei que ela disse que não o queria mais e que...
- E? Fale de uma vez!
- Que ele era pobre demais pra ela e que por isso ela tinha matado o filho deles.
- Filho? – Christian se perguntava como o irmão pode ter passado por tudo isso sem que ninguém da família tenha ficado sabendo.
- Ela tava com um filho dele na barriga, mas achou outro e tirou o bebê. Disse que era para ele esquecer ela, que não tinha mais bebê nem nada que os unisse.
- E como você sabe de tudo isso? – Podia não passar de uma mentira.
- Eu ouvi pela extensão.
- Tem como provar isso?
- Não patrão. Mas eu sei que na gaveta do quarto ele guardava uma coisa que o fazia sofrer. Lá pode ter o nome dela.

Christian correu até o lugar onde poderia ter o nome da culpada por essa tragédia. Aí sim poderia se vingar. Era verdade. A gaveta guardava segredos e precisou ser arrombada. Só que de dentro dela só saíram pistas, não uma evidência clara.

Um broche com a letra A.

Uma foto rasgada onde aparecia somente o cabelo negro de uma mulher de pele clara e cartões postais com juras de amor. Todos assinados com a letra A. Apenas isso.

- Mas isso não me ajuda em nada! Quantas mulheres com a letra A em seus nomes existem em São Paulo? Milhares?
            - Mas nem todas estavam na casa da família Fernandez Negrete na noite em que ele foi visitar a família. Conheceu-a lá. Estavam dando uma festa.

            Fernandes Negrete? A casa de José? Na mesma hora Grey voltou até o escritório para pegar sua mala e trocar de roupa.


 Retornaria para São Paulo para encontrar a dona dessa letra A e começar sua vingança.

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