domingo, 17 de fevereiro de 2013

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados Capítulo 18: Espera




            A encomenda de Jack estava sobre a mesa da sala, a frente de Christian e cercada pelos familiares e seguranças. Apenas Ava e Teddy estava no andar de cima da casa, cuidados por uma babá.
            Christian sentia medo, não queria abrir a caixa. Não queria imaginar o que aquele monstro estaria fazendo com Ana. Ele era um maníaco, fanático sexual. Somente isso já era uma indicação terrível. Lentamente abriu a caixa:

Na parte mais visível, estavam as roupas de Ana. Sujas, rasgadas e com manchas de sangue. Grace e Carla, que havia sido avisada por Grey e trazida de Helicóptero, choraram ao ver as peças. Christian tirou cada uma das roupas da caixa. Estava tudo ali, inclusive a calcinha e os sapatos. No fundo da embalagem de papelão estava  o que mais os desesperou.

- Como ele pode? Porque não pede logo o dinheiro e para de judiar dela? – O pai de Ana  se lamentava.

Christian estava agradecido por não ser nada pior. Retirou da caixa os fartos cabelos amarrados por um elástico e aproximou-os de seu rosto. Sentiu o cheiro de Ana neles e lembrou-se das vezes em que os trançou ao levá-la ao quarto de jogos.

- A polícia precisa levar para perícia, senhor Grey. – Disse Taylor.
- Ok.

As horas de espera seguiram e o telefone não tocava. Era como se o tempo tivesse parado e eles paralisados na espera de mais um terrível ‘presente’.

- Filho, você precisa repousar um pouco. Faz 20 horas que você anda irritado por essa sala. – Disse Grace.
- Não posso dormir mãe. Não sem saber pelo que a Ana está passando.

Era meio da tarde quando um barulho chamou a atenção de todos. Dessa vez não era o telefone, mas sim o grito de Teddy que, tendo passado boa parte da madrugada acordado e nervoso pela falta da mãe, tinha adormecido após o almoço. Christian correu para encontrar o menino no quarto em que ele dormia.

- O que foi Teddy?
- Eu quero a mamãe! Sonhei com o moço com cara de mau! – As lágrimas escorriam pelo rostinho delicado.
- Não chora. – Nunca soube lidar com o choro de Ana e também não sabia o que fazer para Teddy se acalmar. – Não vai acontecer nada de ruim com a mamãe.
- Mas onde ela tá?! Ela me abandonou?
- NÂO! Claro que não! Ela nunca faria isso.
- Então onde ela tá?

Ele era esperto demais para acreditar numa mentira.

- Teddy, aquele moço que você viu...ele levou a mamãe, e o papai está tentando descobrir onde ela está.
- Aí você vai buscar ela?
- Vou. – Espera não estar mentindo ao dizer isso. – Agora você e a Charlote podiam voltar a dormir.
- Eu queria dormir abraçado com a minha mãe.
- Mas ela não está aqui agora. – Infelizmente.
- Tudo bem por aqui? – Grace apareceu na porta.
- Tudo mãe. Esse moço acordou assustado e não quer dormir sozinho.
- Então, acho que o pai dele, que está precisando dormir um pouco, pode tirar uma soneca aqui com ele.
- Não eu...
- Christian, você precisa de descanso e o Teddy precisa de você. Na falta da Ana, é seu dever dar o que ele necessita.

Após uma rápida ducha, Christian, Teddy e Charlote dormiram no quarto de Grey. Grace tinha prometido acordá-lo se algo ocorresse. Mas não precisou. Apenas 50 minutos depois ele acordou e ficou observando seu filho dormir. Percebeu que Grace estava certa. Tinha a responsabilidade de cuidar ainda melhor de Teddy enquanto Ana não voltasse.
Ficou mais alguns minutos deitado na cama acariciando o pelo de Charlote e pensando no que faria. Precisava descobrir onde ficava o cativeiro de Ana. Não tinha a mínima ideia.

Estavam próximo das 30 horas de sequestro quando um boque de flores foi entregue na portaria de seu prédio por um garoto. A polícia o interrogou, mas pouco pode descobrir. Um homem, com as características de Jack o encontrou no centro da cidade e lhe deu uns trocados para fazer a entrega.

- Significa que estão por perto. – Disse Taylor.

No envelope que vinha junto tinha apenas o cartão assinado por Jack e um pendrive. Isso preocupava Christian. Jack não tinha medo ou estava tentando negar nada. Ele era completamente louco e estava disposto a tudo. No pendrive havia um vídeo curto.

- Vou assistir sozinho no meu escritório. – Disse Grey.
- Nós precisamos ver, Sr. – Falou um policial.
- Depois. Primeiro eu vou ver sozinho. – Ninguém iria questionar.

Deu play com as mãos tremendo. O vídeo mostrava um lugar escuro, úmido e pouco arejado. Logo Jack aparecia bem mais envelhecido do que ele se recordava. ‘Olá, meu amigo Grey. Eu continuo aqui zelando pela nossa querida Anastásia’.

- Eu vou te matar seu desgraçado! – Grey xingava.

O vídeo seguia com o sequestrador caminhando até onde Ana se encontrava aparentando estar muito sonolenta ou dopada. Estava nua e cheia de hematomas pelo corpo. Ele a puxa pelo braço, coloca-a sentada numa cadeira e com violência joga água em seu rosto para lhe dar mais consciência. Então pega um galão. ‘Cheira! Diz pro seu querido marido o que tem aí’. Silêncio. ‘Diz!’Ele lhe dá uma forte bofetada no rosto. ‘DIZ!’

- Gasolina!

‘Ótimo. Boa menina. Ouviu Grey? Aqui tem gasolina e não me custa nada riscar um fósforo e morrer agarradinho com  Anastásia’.  Jack passa a mão em seus seios e ri como se soubesse do sofrimento de Grey ao ver isso. ‘Não aconselho você a por os seus homens atrás de nós. Se eu for pego ela. Tudo isso é uma lição de paciência. Vou ficar com ela o tempo que eu desejar e, quando cansar, te aviso o valor que quero por ela’.  Jack empurra Ana novamente para o chão e desferre chutes por seu corpo já ferido. Ela enrola o corpo passando os braços pelo abdômen e subindo as pernas. Logo o vídeo acaba.

Depois Christian permite que a polícia veja as cenas. Estava desesperado sem saber o que fazer. Por pior que fosse o medo, tinha que manter seus homens em busca. A ameaça de por fogo no cativeiro era grave, mas sabia que Jack não deixaria Ana viva por resgate algum. Sua única chance era encontrá-la.

Estavam todos na sala quando ele levou outro duro golpe.

- Curioso como ela abraça o corpo quando ele a chuta. – Disse o investigador da polícia.
- Pra proteger o bebê. – Kate disse em pranto e surpreendendo a  todos. – A Ana está grávida.
- Tem certeza disso? - Elliott perguntou.
- Sim. Ela me contou. Está de quase dois meses.

O golpe foi duro e ameaçava derrubar Christian. Não era apenas uma segunda gravidez não planejada. Era a falta de confiança. Desde quanto sabia? Porque não contou? O que iria fazer?

- Quero falar a sós com você no escritório, Kate.


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