sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Por Um Filho - Cap 7: Gravidíssima






            Três meses depois...

            Alguém muito sábio disse que ser mãe é padecer no paraíso.  Meu bebê nem nasceu e eu já posso concordar. Estar grávida é maravilhoso, com descobertas a cada dia. Quando o bebê mexeu pela primeira vez diversas mãos voaram até minha barriga. Menos o par que deveria estar mais interessado. Essa era a maior dificuldade, não ter com quem compartilhar cada pequena novidade.
            Não que seus amigos não participassem. Seth chegava a perguntar se não estava com nenhum desejo especial na hora do almoço. Não tinha dúvidas, se a resposta fosse positiva, ele sairia para comprar seu prato especial. Jack fazia questão de lhe dar carona no fim da tarde e já se ofereceu para trazê-la para o trabalho muitas vezes. Ela é que julgava um abuso. A volta só aceitava porque a barriga já estava pesada e no fim do dia estava cansava para pegar ônibus. Eram grandes amigos
            Mas estar grávida também tinha outras dificuldades. O fato das roupas não fecharem, não conseguir se mover com a mesma facilidade e os gastos. Não havia dinheiro que bastava para comprar e arrumar tudo e parecia que os meses corriam. Só faltavam três e sua vida estaria transformada para sempre. É claro que Esme e Alice não mediam quantia ou esforço para mimar o mais novo Cullen, mas elas estavam proibidas de comprar nada que não roupinhas, brinquedos para bebê e assessórios baratos. Foi obrigada a colocar essa regra ou Esme mobiliaria todo o quarto e Alice teria lhe comprado um enxoval de moda gestante. Mas além dos gastos com os preparativos com a chegada de seu filho, outros também pesavam. Exames de pré-natal custavam muito e tinha que reservar um dinheiro para os gastos com o parto. Mantinha orçamento muito controlado para dar conta de tudo.
            Aí é que começavam suas desavenças com Alice e Esme. Elas não sabiam o significado da palavra economia e consideravam a solução muito simples: pagar por tudo que ela precisasse. Mas isso estava fora de questão! Seria atestar que Edward estava certo e não conseguiria me manter sem a ajuda deles. É claro que não estava descuidando da saúde do bebê, da sua alimentação, das muitas vitaminas e de todos os exames que tinha de fazer, mas era obrigada a dizer não a alguns luxos, para elas essenciais. Seu bebê parecia ignorar a ansiedade de todos para saber se era menino ou menina e em todos os ultra-sonos feitos não deixou a médica ver.  Alice estava histérica e quando soube de mais um exame frustrado decidiu que o melhor era refazer a Ultra até descobrirem. Os custos para ela não importavam, mas não tinha sentido fazer isso se o bebê estava se desenvolvendo perfeitamente. Esme era mais discreta, mas exigia receber fotos para ver como seu neto estava crescendo e vivia reclamando que faltava ganhar peso. Ambas estavam ameaçando se mudar para Port Angeles de vez.
            No escritório estava tudo perfeito. O serviço era tranquilo, permitia um período maior sentada e sempre podia sair para as consultas. Sem falar no carinho com que era tratada. O quarto de seu filho não estava pronto, mas já estava cheio de presentes de Jack e Seth, fora tudo que Esme e Alice mandavam. No início ficou com receio de surgirem comentários quanto a sua amizade com dois rapazes bonitos e solteiros, mas ao menos na empresa nenhuma intriga surgiu. Eles a mimavam, mas sempre como cuidado a uma amiga grávida. Eram como irmãos.
            Algo, no entanto, ainda preocupava. Edward e seu advogado não deram sinal de continuar no processo de divórcio. Ninguém entrou em contato e Esme evitava tocar no nome do filho:
- Sei o que é passar por isso e não vou ficar torturando você. Agora tem é que aproveitar o que a vida está lhe dando e esquecer o passado. Quem sabe tudo não se resolve?
            O próximo passo é pintar o quarto para poder comprar os móveis. Pensava em fazer isso no próximo final de semana. Talvez contando com a ajuda de alguns dos colegas.

POV Edward

            Estava evitando encontrar com minha mãe no escritório e a muito não fazia visitas em sua casa. Tudo para não ter de ver roupinhas, sapatinhos e coisas de bebê. O lado negativo era que também não conseguia notícia alguma de Bella. Nada! Até Alice fazia questão de não tocar no assunto e já faziam três meses de distância. Sabia que elas mantinham contato e mandavam muitas coisas para os EUA, tinham feito viagens para lá e de uns tempos para cá ameaçavam se mudar. Alice, se não fosse por Jasper, já tinha largado tudo para cuidar da criança. Cuidar do filho dele. Sim, porque se aquela solidão teve algum resultado, foi fazê-lo ver que fingir não ter um filho era bobagem. Podia não se envolver, mas seria pai dentro de alguns meses. Era inútil negar.
            - Precisamos conversar Edward. – Esme veio a sua sala.
­            - Sim, pode falar.
            - Eu acho, meu filho, que você já teve tempo o suficiente para pensar nas suas atitudes quanto a sua mulher e seu filho. Está na hora de tomar uma decisão.
            - Não tem volta mãe.
            - Então por qual motivo não deu continuidade ao divórcio.
            - Eu dei, é meu advogado que está muito lento. – Mentiu.
            - Ok. – Ela não sabia como entrar no assunto. – Filho, uma história de vida não se repete. O que eu vivi com seu pai, não tornará a acontecer. Ele cometeu alguns erros, você cometerá outros.
            - Não misture os assuntos mãe.
            - Você mistura. Castiga a você mesmo, a Bella e a uma criança. Tudo por medo de tentar ser pai.
            - Não tem haver com medo, é uma decisão. Não quero desistir da vida que tenho para cuidar de uma criança. Não vou fazer o mesmo que ele fez e depois ir embora sem dar explicações. Não quero a criança então não vou iniciar uma relação para ser quebrada depois.
            - Ele fez as escolhas dele, era outro tempo, com outros valores. Você tem de fazer as suas escolhas.
            - Já fiz.
            - Está fazendo pior que ele Edward. Antony ao menos tentou ser um bom pai para você. – Ela sabia que adiantaria insistir sem deixá-lo pensar. – Mas não foi só por isso que vim. Quero que defina suas atitudes logo. Se realmente for abandoná-los, vou tirar uma licença e permanecer com Bella até o nascimento. Ela sozinha não vai se cuidar como deve e como não aceita dinheiro, é muito difícil ajudar à distância. Não terei data para retornar. Pense bem.

Quando Esme ia sair ele se manifestou

            - Mãe?
            - Sim.
            - Como ela está?
            - Como qualquer jovem na situação dela estaria. Curtindo a parte boa e deixando de lado as tristezas. Eu estou insistindo para que se cuide, mas sabe como é bailarina, sempre se alimentando mal. Mas está tudo bem. O bebê está forte, só ainda não...
            - Eu perguntei dela mãe.
            - Não existe mais essa diferença Edward. Ela me contou da sua proposta do apartamento. Acho que você não quer entender algo, mas vou repetir mesmo assim: A felicidade da sua mulher e do seu filho estarão ligadas para sempre. Não existe mãe feliz com filho sofrendo. Como acha que eu me sinto neste momento? Péssima.
            - Desculpe.
            - Não precisa se desculpar. Faz parte da maternidade. Só que eu preciso te dizer mais uma coisa. Quero lembrá-lo de que ela não ficará eternamente sozinha esperando você abrir os olhos. Vai aparecer alguém disposto a dar o apoio que você negou. Disposto a assumir o seu filho e aí você não terá como impedir. Fico me questionando se você aceitará ver seu filho ser educado por outro homem, respeitar outro pai, ganhar irmãos por outro relacionamento de Bella.
            - Ela já tem outro?

            Essa possibilidade era tão dolorosa que ele evitava pensar.

            - Não Edward, não tem. Mas uma mulher linda, talentosa, jovem e delicada como ela não fica muito tempo sozinha.
            - Sabe se a família dela está apoiando?
            - Ela ligou avisando onde estava morando, mas nunca recebeu uma visita. É por isso que preciso de sua definição. Ela não pode entrar na reta final da gravidez sem nenhum apoio.

            Edward foi para casa pensar em tudo que sua mãe falou. Era verdade que tinha pedido para deixar o processo de divórcio parado e como Bella não questionou a demora, nada foi feito. Apesar de separados, continuavam casados.  Mas há três meses não via sequer uma foto dela. Como estaria? Mas isso não era o mais importante, mas sim o que faria. Sua mãe estava certa, ele não podia odiar o bebê apenas por não querer a responsabilidade. Claro que a atitude de seu pai pesou, mas não pelo passado, como ela achava. Era pelo presente. Gostaria de ser como seu tio, o homem que realmente o criou, mas era muito parecido com Antony e não tinha vocação para paternidade. Não poderia voltar para tornar a abandoná-los. Tinha de ser algo bem pensado. Resolveu conversar com Esme mais um pouco e foi a sua sala, mas teve outra surpresa. Ela e Alice estavam entretidas assistindo algo no computador, mas quando ele chegou pararam.
            - Algum segredo?
            - Nada que você tenha interesse. – Alice continuava dura com ele.
            - Menos Alice, se controle. – Esme apontou para ele se sentar junto delas. – Assista conosco.
           
            Quando o vídeo voltou viu que era a gravação do ultra-som. Não conseguia ver muita coisa, mas mesmo assim era mais real do que imaginar uma vida. 



A última vez que viu Bella ela sequer aparentava estar grávida. Era o meu filho naquelas imagens.
            - Mas fale Edward. Precisava de algo?
            - Não. Só vim avisar que vou para Port Angeles e não sei quando volto.
            - Isso! – Alice pulou da cadeira.

            Os preparativos foram rápidos e no dia seguinte Edward embarcou deixando Carlisle no comando de tudo. Esme e Alice já se preparavam às compras. Tudo iria se resolver. Ele não perdeu tempo e logo que se instalou no hotel partiu para o endereço do trabalho de Bella. Na recepção a viu, primeiramente de costas, em uma roupa discreta, calça preta e blusa no estilo camisa. Quando se virou tinha os olhos eufóricos, mas logo ficaram tristes ao percebê-lo ali.

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